SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Xamã e Pequena Lô estão prontos para celebrar o legado de Zeca Pagodinho na festa do Carnaval. Neste ano, o rapper e a influenciadora digital participam do desfile da Acadêmicos do Grande Rio --é também a primeira vez que ambos desfilam.
A escola de samba, vencedora em 2022, elegeu Pagodinho como tema do ano. A canção "Ô Zeca, O Pagode Onde É que É?" aborda "o universo musical do artista cuja obra é um olhar para os subúrbios, a 'velha Baixada', as festas de rua, a religiosidade popular", conforme divulgado.
Pequena Lô diz em entrevista que vai usar um "look bem colorido" para representar a tradicional feira do bairro de Acari, na zona norte do Rio de Janeiro, que vende de tudo --de alimentos a itens de vestimenta e eletrônicos-- e já foi tema de uma música do sambista.
"O Zeca é incrível, um clássico", conta a influenciadora e psicóloga, que estará no carro quatro, dedicado à feira. "É uma pessoa querida e que representa muito bem nosso Brasil."
Xamã também está empolgado para homenagear o sambista. "Ele é um grande mestre da cultura urbana e o rap também é cultura urbana", afirma.
"Os brasileiros não são todos iguais, somos de culturas diferentes, mas transitamos todos pelo mesmo lugar, e o Zeca também", diz. "Ele tem muita brasilidade que une as pessoas, tem o poder de transformar tudo em uma feijoada com pagode numa festa de domingo em casa."
O rapper carioca diz conhecer Pagodinho desde a infância e que várias gerações de moradores do Rio são abrangidas pela figura do cantor. "Ele parece uma entidade."
O Carnaval é uma festa culturalmente diversa, e o samba, por sua vez, tem maleabilidade para ser cruzado com outros gêneros musicais. O fato de Xamã, enquanto rapper --que prefere não estragar surpresas e diz apenas que vai contar alguns episódios da biografia de Pagodinho--, estar presente no desfile é um bocado significativo, ele diz.
"O rap não nasceu no Brasil, mas flerta com os nossos gêneros, o samba, o repente, o 'pagodão' da Bahia", conta.
"O Zeca foi o primeiro trapper", brinca. "Ele andava com cordões de ouro, falava da realidade das ruas e das favelas dos anos 1970 e 1980. O Bezerra da Silva também era assim. Acho que mesmo antes de o rap ser rap, ele já era samba."
Por outro lado, Pequena Lô, que tem displasia óssea, síndrome que afeta o desenvolvimento físico e a mobilidade, não acredita que a festa seja tão aberta à diversidade.
Mesmo estando ansiosa para o primeiro Carnaval nesta fase mais branda da pandemia, ela acredita que os espaços para curtir a festa têm de ser melhores no quesito acessibilidade.
"Um exemplo são os camarotes. Nem todos conseguimos ter a mesma independência, sempre tem muitas escadas, degraus, e isso dificulta um pouco", diz.
O desfile da Grande Rio acontece na segunda-feira, com início entre as 23h e 23h10, no sambódromo da Marquês de Sapucaí.
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