Adereços e fotografias de espetáculos que contam a história do Grupo Divulgação compõem a  exposição “Máscaras”, que será aberta em uma vernissage na  Galeria de Arte do Fórum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) nesta terça-feira (21), às 19h. A linha do tempo montada para a mostra inclui obras apresentadas ao longo de seis décadas.  Após a abertura, "Máscaras" poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. A entrada é franca. O Fórum da Cultura fica na Rua Santo Antônio, 1.112, Centro de Juiz de Fora.

A máscara está presente como elemento cênico em diversos espetáculos do grupo desde a sua fundação, em 1966. Elas fazem parte de peças baseadas na Commedia Dell’ Arte (gênero teatral surgido na Itália do século XV e baseado no improviso e no humor), como Il Teatro Cômico (1993), Todomundo (1990) e Arlequim, Servidor de Dois Amos (1975), até espetáculos infantis, como Porcaria em Águas Claras (2008).

Confeccionadas de maneira artesanal, as pelas produzidas para os atores e atrizes do Grupo permanecem expostas até o dia 31 de março.  Elas são feitas por meio de diversas técnicas e materiais, como o papel-machê. Uma das peças a serem expostas tem mais de cinquenta anos: foi utilizada na montagem de Escorial, de Michel de Ghelderode, realizada em 1971, na Câmara Municipal de Juiz de Fora.

A mostra foi pensada para se conectar com o dia 27 de março, data em que é comemorado o Dia Internacional do Teatro e a máscara. Conforme o coordenador do Grupo Divulgação, José Luiz Ribeiro, a origem da representação teatral na Grécia está diretamente relacionada à máscara.“Téspis (considerado por Aristóteles o primeiro ator grego) colocou uma máscara e disse em praça pública: ‘Eu sou Dionísio’ e Sólon aponta que é um absurdo, uma mentira. Mas ali era a porta de entrada para o teatro grego e a representação. Na história do teatro, principalmente o teatro grego, começa-se a utilizar as máscaras, primeiro como um instituto de ampliação de voz”, ensina.

Outro objetivo da exposição é  fazer um resgate de parte relevante da memória do teatro mineiro e do país, através do acervo do Grupo Divulgação, resultado de 56 anos de montagens. Para a atriz e  professora do Departamento de Fundamentos, Teorias e Contextos da Faculdade de Comunicação (Facom) da UFJF, Márcia Falabella, é uma oportunidade de o grupo contar sua história por meio do “símbolo máximo do teatro”.

 Ela afirma que o teatro é uma arte efêmera e, por isso, o que permanece são fotos, figurinos, filmagens e objetos. "Vamos trazer uma série de peças do nosso acervo: de vários tipos, formatos, pinturas e texturas. É uma possibilidade de trabalhar a memória do grupo para a cidade", relata.

Outra função histórica das máscaras é  afastar maus fluidos e atrair bênçãos divinas em diversas culturas, como as carrancas, que permanecem presentes em algumas residências como um objeto de proteção contra o mau-olhado. José Luiz Ribeiro reforça que a importância da máscara é que ela passa a ter uma significação dentro da gestualidade. Ele exemplifica esse uso com a máscara neutra, a máscara de Bali.  "Todas as grandes culturas ligadas ao teatro têm na máscara um ponto fundamental. E não podemos nos esquecer também das máscaras mortuárias nos sarcófagos do Egito, para preservar a figura da pessoa, endereçando a ancestralidade”, destaca o teatrólogo e professor José Luiz Ribeiro.

 

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Grupo Divulgação - Figurino do espetáculo Visitando Volpone, de José Luiz Ribeiro

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