SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Adam Sandler e Jennifer Aniston são amigos de longa data. A atriz conta que os dois se conheceram quando ela tinha 20 anos, no fim dos anos 1980, tomando café da manhã num restaurante em Los Angeles. Sandler comia rabanada, e ela, ovos mexidos com queijo e presunto.
"Como muito queijo neste filme. Quase fiquei doente", diz o ator em entrevista para promover "Mistério em Paris", longa-metragem protagonizado pela dupla que estreou na Netflix nesta sexta-feira, dia 31. É a sequência de "Mistério no Mediterrâneo", que em 2020 ficou entre os dez filmes mais populares da plataforma.
Não dá para ter certeza se aquele café da manhã aconteceu de verdade ou se é só uma das piadas que eles fazem sem freio durante uma entrevista de só quatro minutos. É um comportamento que emula o do casal vivido por eles nestes dois filmes que mesclam comédia e suspense.
Na trama de "Mistério em Paris", seus personagens, Nick e Audrey Spitz, viram detetives profissionais depois de resolverem o mistério por trás de um assassinato no primeiro filme. Agora o casal recebe convites para a festa de casamento de um amigo numa ilha particular. O problema é que eles se deparam de novo com um crime misterioso e são levados para uma investigação em Paris.
Sandler e Aniston repetem nesta franquia uma parceria que deu certo em "Esposa de Mentirinha", de 2011, quando os dois também viviam um casal atrapalhado. "Agora nós estamos mais bonitos", diz ele. Aniston dá risada e concorda. "A gente conseguiu isso de algum jeito. Estamos mais jovens?", ela pergunta, ao que o ator responde que sim, mais novos e formosos.
A britânica Jodie Turner-Smith confirma que os dois agem como comediantes mesmo fora das câmeras. "Você descobre como é a energia das pessoas que lideram uma produção quando está no set com elas. Adam, por exemplo, chegava sempre tocando música", diz.
Sandler e Aniston são dois dos maiores atores de comédia dos Estados Unidos. Ele ostenta no currículo clássicos como "Tratamento de Choque", "Como se Fosse a Primeira Vez" e "Click", lançados quase todos em seguida. Aniston, depois do sucesso de "Friends", investiu em comédias românticas como "Separados pelo Casamento" e "Caçador de Recompensas".
Eles foram celebrados pela crítica especializada quando se arriscaram no drama. É o caso do papel de Sandler em "Joias Brutas" e da elogiada performance de Aniston como uma mulher depressiva em "Cake - Uma Razão para Viver". Mas ambos os trabalhos foram esnobados pelas grandes premiações.
Comédia é subestimada em Hollywood, afirma Aniston. "Sempre me perguntei por que não existem categorias de comédia no Oscar. Não é tão fácil como parece." Sandler concorda, mas acrescenta que pelo menos o público abraça produções do gênero. "Nosso trabalho é fazer as pessoas rirem e tirá-las da loucura que está tomando o mundo", acrescenta o ator.
O Oscar de fato pouco se atenta aos filmes cômicos. O prêmio costuma indicar no máximo filmes que misturam drama com comédia, como "Os Banshees de Inisherin", que concorreu a nove estatuetas neste ano, apesar de não ter vencido nenhuma. Um dos poucos filmes do tipo que saiu consagrado pela premiação nos últimos tempos foi "A Grande Aposta", que em 2016 ganhou um troféu.
Enrique Arce, conhecido por atuar em "La Casa de Papel", faz coro ao que eles dizem. Ele, que vive um dos suspeitos do crime neste filme, afirma que os votantes do Oscar não sabem o quão difícil é ser engraçado. "As pessoas acham que drama é arte verdadeira, o que é besteira. Há quem ligue arte com dor e sofrimento, mas é muito mais difícil fazer comédia."
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