SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dos pensadores portugueses mais importantes da atualidade, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, de 82 anos, está sendo acusado de assédio sexual por três mulheres. Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Santos teria importunado três alunas da instituição.
Ele nega as denúncias e diz ser alvo de um processo de cancelamento. As vítimas se pronunciaram sobre o ocorrido no artigo "Sexual Misconduct in Academia - Informing an Ethics of Care in the University" -ou má conduta sexual na academia - para uma ética de cuidado na universidade, em português-, publicado em março pela editora Routdlege.
"Exigir objetividade a uma descrição de sobrevivente é um ato de violência", escreveram as autoras, a belga Lieselotte Viaene, a portuguesa Catarina Laranjeiro e a americana Mye Nadya Tom. Elas não citam o nome de Boaventura ou do Centro de Estudos Sociais, se referem a um "professor estrela com mais de 70 anos" e dão todas as descrições, próprias do ambiente acadêmico.
Boaventura teria tocado no joelho de uma aluna de doutorado, sugerindo, na sequência, "aprofundar o relacionamento", em troca de seu apoio acadêmico. As denunciantes também relataram abraços longos e excessos de familiaridade.
Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, Santos diz que o homem descrito no artigo é ele mesmo, mas que não foi citado nominalmente por um suposto receio das implicações jurídicas, que atingiriam as alunas. Santos as acusa de querer "lançar lama sobre quem se distingue e luta por um mundo melhor".
"Aos 82 anos de idade, julgava ter direito a um pouco de paz, mas infelizmente o mundo em que vivemos não permite que isso suceda", disse o acadêmico. O Centro de Estudos Sociais também se pronunciou, afirmando que a academia reproduz "relações sociais desiguais" e que irá criar uma comissão para apurar se houve falhas institucionais.
Segundo o Diário de Notícias, as acusações também atingem Bruno Sena Martins, de 45 anos, auxiliar de Santos. Em sua linha de pesquisa, estão temas como direitos humanos e combate ao racismo e ao colonialismo. Ele também nega as acusações.
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