SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dia de shows que fechou a segunda edição do Mita, que começou no sábado, 3, em São Paulo, revelou tudo o que se precisa saber sobre a curadoria musical do evento que escalou artistas como Lana Del Rey para tocar no vale do Anhangabaú e também no Jockey Club do Rio de Janeiro na semana passada.
É difícil imaginar que o mesmo público que às 15h ouvia o vasto currículo de hits do Capital Inicial --que qualquer pessoa que nasceu no Brasil a partir dos anos 1990 parece nascer sabendo cantar-- já havia passado pelas mãos do pop aos moldes da Disney da novinha Sabrina Carpenter, assistiria aos experimentalismos roqueiros do The Mars Volta e ainda resistiria para o culto "good vibes" de Florence + the Machine, que fecha a noite de hoje do festival.
A mistura de bandas parece meio sem pé nem cabeça e uma tentativa de atirar para todos os lados, mas, no Mita, com apenas dois palcos que se revezam, a sensação é a de que o público vai curtir o que quer que esteja saindo das caixas de som --ainda que não faça ideia de quem o artista é e que a música não converse exatamente com seu gosto musical.
No show da banda comandada pelo eternamente jovem Dinho Ouro Preto, por exemplo, haviam pessoas com coroas de flores e galhos à la Florence Welch na cabeça e meninos com camisetas do trio de irmãs Haim, que tocariam mais tarde, que cantavam hits como "Primeiros Erros", "Tudo Que Vai", "Natasha" e "À Sua Maneira".
É claro que algumas atrações conversam bem. Logo depois do show da banda de Brasília, por exemplo, o Mita foi palco do retorno do NX Zero, um dos maiores nomes do emo brasileiro, que decidiu embarcar na onda de revival do pop punk recente para sair da aposentadoria que começou em 2017.
O público respondeu à energia da banda, cantando versões caprichadas de hits que embalaram a MTV ao longo dos anos 2000, como "Pela Última Vez", "Apenas Um Olhar", "Além de Mim" e "Razões e Emoções", todas hits absolutos do álbum que leva o nome do grupo paulistano e foi lançado em 2006.
Antes de "Cedo ou Tarde 0.2", os telões exibiram uma entrevista de Chorão e um vídeo do líder do Charlie Brown Jr., morto em 2013, cantando o começo da versão de 2010 da música.
O show antecipou a performance da banda americana Haim, que faz um indie pop e rock carismático e é esperada no Brasil há quase uma década pelos fãs.
Antes de subirem ao palco, as irmãs colocaram "Ilariê", da Xuxa, para tocar --é que uma das irmãs, Este, é fã da cantora brasileira desde criança, além de ter estudado a música do país durante sua formação.
A baixista do grupo agradeceu o público por ajudar a promover o encontro com a brasileira que aconteceu há alguns dias e exibiu orgulhosa um boné rosa com o nome de Xuxa que achou em uma loja de São Paulo.
Com biquínis estampados com a bandeira do Brasil e extremamente simpáticas, se comunicando com frequência com o público, as irmãs compensaram a espera com um dos melhores shows do festival e repertório que misturou músicas de seu primeiro álbum, "Days Are Gone", que em 2013 revelou o trio, e "Something to Tell You", de 2017, e "Women in Music Pt III", de 2021, que fizeram a música ensolarada, inventiva e por vezes roqueira das irmãs cair também nos gostos da crítica.
No palco do lado oposto, o The Mars Volta começou sua apresentação às 19h para um público atipicamente reduzido para o horário. A audiência pequena e fiel, no entanto, ficou atenta até o fim às estripulias vocais de Cedric Bixler-Zavala e celebrou a ótima apresentação, que passou por canções como "The Widow" e "Inertiatic Esp" antes que Florence + the Machine assumisse o palco Centro para encerrar o festival.
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