Memorável pela atenção aos detalhes, incluindo, atuação, figurino e escolha das canções, o musical “Moulin Rouge: Amor em Vermelho”, lançado em 2011, conta a história do poeta inglês Christian, que encontra a paixão na cortesão Santine, estrela máxima do bordel Moulin Rouge. A adaptação teatral do musical no espetáculo da Entreato Produções chega ao final da temporada no 5º fim de semana de apresentações com duas sessões no sábado (29) e no domingo (30), no palco do Teatro Solar. Ingresos podem ser adquiridos on-line.
Foram oito meses de preparação para apresentação da obra que conta com 34 artistas em cena, entre atores, dançarinos e músicos e um total de 54 profissionais totais envolvidos no projeto. O desafio de lidar com uma obra que ganhou status de ícone do gênero musical, se soma a uma virada para o grupo, que encenou “A Família Addams”, em 2022. A mudança de clima, de ambientação e temática, segundo o elenco, foi um elemento a mais para instigar a vontade de realizar o trabalho.
“Foi um desafio muito grande. Era, mais uma vez, trazer a temática do amor nos palcos, assim como Addams, mas de formas completamente diferentes. Em Moulin Rouge há uma camada mais complexa dos personagens, em um amor proibido entre um poeta e uma cortesã. Isso tudo, juntando com o universo de Paris de 1900, onde os artistas, boêmios e cortesãs - que eram muito marginalizados - podem finalmente ter voz e mostrar um outro lado da história”, conta o ator que dá vida à Christian, Pablo Abritta. Ele complementa, afirmando: “É um espetáculo visceral, sensual, avassalador, que tem seus altos e baixos dramatúrgicos e que abraçam músicas populares e também originais, com muita coreografia.”
Drew Persí assina a direção do musical e conta que a transição de A Família Addams para Moulin Rouge teve a linguagem como desafio. “A gente sai do imaginário, do caricato, da comédia para chegar no drama em personagens reais, vivendo conflitos reais, coisas que as pessoas se identificam. Todo mundo já viveu uma história de um amor impossível, todo mundo já se apaixonou muitas vezes, todo mundo já acreditou e desacreditou no amor, então falar disso tudo é algo que eu gosto muito, particularmente.”
Mesmo incorporando elementos presentes no espetáculo da Broadway, a referência principal de Drew foi a obra de Baz Luhrmann. “A gente teve ali a referência do musical da Broadway, mas eu decidi beber da fonte do filme. E a gente resolveu incrementar isso tudo, trazendo para nossa linguagem, para o Brasil. E trazendo elementos brasileiros, músicas brasileiras, mas sem perder a essência da história, a essência de Paris.” O diretor atribui a essa mistura, de medo por conta do desafio, com o desejo da aventura nesse novo universo, que promoveu o casamento que veio ao encontro da atual fase da EntreAto em Juiz de Fora.
“A EntreAto tem trilhado um caminho autoral em suas adaptações de espetáculo. Muito por dar voz onde estamos inseridos, como também pra trazer um frescor pro trabalho. Em Moulin Rouge temos muitas inserções de artistas brasileiros icônicos como Liniker, Urias, Zeca Baleiro, Zeca Pagodinho, Raul Seixas, assim também como homenagens na trilha para Rita Lee, Baile de Favela e o movimento Ballroom. Além claro dos clássicos que dão vida a história original do filme e também da montagem da Broadway, como Elton John, Lady Gaga, The Beatles, KISS”, pontua Pablo. A direção musical, fundamental para a realização de toda a fusão sonora que caracteriza a dinâmica da obra e torna ela ainda mais original é de Phill de Orixalá.
Organização e fluidez
Para guiar a presença de tantos profissionais de diferentes áreas no mesmo espaço, a montagem foi organizada em frentes, para que organizar e controlar cada espaço. “Então, temos frentes de criação, cenografia, figurino, direção, direção musical, para conseguir manter tudo organizado e com qualidade. E tem sido uma experiência incrível. Nossa força em coletivo tem se mostrado cada vez melhor e todos são peças muito importantes para o sucesso que estamos colhendo ao longo dessa temporada”, avalia o diretor Drew Persi.
Ainda de acordo com Drew, a temporada foi especial por vários motivos, entre eles, a possibilidade de fazer várias apresentações com casa cheia. “Isso é um privilégio. Conseguimos corrigir e aprimorar coisas. Isso traz mais bagagem, mais experiência. Todo fim de semana é como se fosse uma estreia”, considera. Ele faz uma avaliação muito positiva do resultado do trabalho. “A avaliação que eu faço dessa temporada é que foi uma grande aprendizado, uma grande construção coletiva e principalmente uma grande construção de público. Eu sinto que a gente está cada vez mais construindo um público que está se apaixonando pelo teatro musical, que está entendendo o que é o teatro musical e que está a fim de consumir o teatro musical”.
Chegando a hora de se despedir da montagem, os profissionais de já começam a se preparar para o próximo ato, que será anunciado na última sessão, no domingo (30), a partir das 20h. “Christian é um personagem inesquecível. Ele fala muito sobre amor, e como podemos enxergar as coisas de uma forma diferente. Com certeza é um personagem que já está deixando saudade e o maior que já tive oportunidade de conhecer e dar vida nos palcos”, diz Pablo.
Assim como “A Família Addams”, o espetáculo “Moulin Rouge: O Musical” é um projeto independente, que não conta com financiamento público. “Só foi possível realizar graças aos apoiadores, parceiros, patrocinadores, padrinhos e madrinhas. É muito importante que marcas e empresas vinculem as suas marcas a projetos assim”, ressalta Drew, que ainda ressalta que a Entreato está com matrículas abertas para o Curso de Teatro Musical para crianças, adolescentes e adultos. O contato pode ser feito por meio da página da companhia.
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