Neste ano, o Grupo Divulgação celebra 50 anos de espetáculos infantis com a peça “A Menina Ventania”, assinado por José Luiz Ribeiro. O Teatro, considerado como um aporte importante no desenvolvimento infantil, é visto como apoio educativo que possibilita às crianças o desenvolvimento de sua criatividade e autonomia.
No início da história da companhia, carinhosamente apelidada de ‘GD’ por seus integrantes, o Grupo apresentava “A Onça de Asas”, de Walmir Ayala. Na ocasião, Ayala, intelectual de reconhecimento nacional, considerou a montagem do ‘Divulgação’ a melhor representação de seu texto realizada até então.
Para José Luiz Ribeiro, a formação de público é o grande incentivo para a realização do teatro em que a criança é o público principal. Buscando destacar a importância do teatro na infância, ele parafraseia o teatrólogo russo e teórico do processo de criação do ator, Constantin Stanislavski, dizendo que “o teatro infantil é igual ao adulto, mas deve ser melhor, porque precisamos criar na criança uma motivação estética para ela crescer com o teatro."
Teatro é uma marca para a vida inteira
“O teatro infantil vai marcar uma criança para sempre, sabe? Ela nunca vai sair do teatro sem levar alguma coisa para a vida dela”, é o que Rafaela Stephan, artista e estudante de Publicidade e Propaganda de 20 anos, conta sobre como ela percebe a influência do teatro para as crianças. Ex-integrante do Grupo Divulgação do ano de 2022, Rafaela relatou ao Portal como a arte impactou a história dela: “eu um dia fui essa criança e, quando fui pela primeira vez ao teatro, falei que eu queria fazer aquilo pelo resto da minha vida”. Ela conta também que, ao apresentar para o público infantil, descobriu o seu lugar no mundo: queria transformar vidas através do teatro.
José Luiz ressalta, ainda, que criança é o público mais especial. "Esse é um público absolutamente leal: se ela não gostar, começa a brincar e se distrai. E o grande desafio hoje é que nós estamos trabalhando com as crianças pandêmicas, algumas foram criadas na pandemia sem conhecer o teatro, outras se afastaram do teatro. As crianças devem ser reconquistadas!”, ressalta.
Renata Vargas, Comunicadora Social, Mestre em Comunicação e Identidade e Doutora em História Política e Social, também foi integrante da companhia até o ano de 1996. Para ela, o teatro infantil é uma dinâmica, singular e mágica que atinge espaço inimaginável, pois a criança participa ativamente da peça. “A cada participação, é exigido do ator uma atuação diferente, isso é instigante e gratificante. E a criança não tem filtro, ela manifesta se gostou ou não. Ela interage, brinca e conversa também.”
Ela acredita na importância da influência que o teatro exerce na vida das crianças, e relatou ao Portal que levava tanto os seus sobrinhos, quanto leva atualmente seus sobrinhos netos para conhecerem a magia teatral: "Eu sou tia duas vezes: tia e tia avó. Levei meus sobrinhos para assistirem as peças quando crianças e eles já me viram atuando. Têm peças que eles se lembram até hoje, como ‘Caju Encantado’ (1992) e ‘O Rouxinol do Pescador’ (1991)”, relembra.
Reflexão com diversão
“A Menina Ventania” é uma história criada pelo teatrólogo e coordenador do Grupo Divulgação, José Luiz Ribeiro - também diretor do espetáculo. Nesta fábula, o Rei Dudu - imaturo e dominado pela mãe - se perde na floresta quando vai passear com o cachorro Clóvis. Auxiliado pela Ventania - a representação do vento na forma de uma menina, ele acha o caminho de casa e se encontra como governante, passando a ter maior consciência de sua missão - trabalhar para o povo.
“A Ventania vai arejar a cabeça do rei. A história é contada de forma que as crianças possam entender e os pais, refletir”, avalia o autor.
Após o sumiço do rei, a Rainha-Mãe (chamada Intervenção) chama o Capitão Godofredo para empreender buscas pelo monarca. O militar tem a ideia de escalar um grupo de trabalhadores que prestam serviços para o Palácio para fazer a procura. O rei também se transforma após o contato com os representantes do povo.
O texto de José Luiz Ribeiro propõe reflexões, sem deixar o humor de lado em toda a duração da peça. Entre os temas abordados, está a importância da sensibilidade para os diversos sentidos humanos, em uma sociedade em que a imagem (o aspecto visual) prevalece.
Para a atriz e professora Márcia Falabella, que interpreta a Rainha-Mãe, o teatro é uma experiência distinta no cotidiano atual da criança. “É uma oportunidade do ‘ao vivo e a cores’. Traz essa experiência afetiva e estética quando as crianças lidam mais com as telas”, avalia.
As sessões acontecem aos sábados e domingos, às 17h, até o fim de agosto, no Teatro do Fórum da Cultura da UFJF, localizado na Rua Santo Antônio, 1.112, Centro. A peça integra as atividades da 20ª Campanha de Popularização Teatro & Dança de Juiz de Fora. Os ingressos devem ser adquiridos no posto de venda da Campanha de Popularização Teatro & Dança, que funciona de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h; aos sábados, das 10h às 19h; e aos domingos, das 14h às 19h. Outras informações na página no Instagram da Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Juiz de Fora (Apac-JF).
O Grupo Divulgação
O Centro de Estudos Teatrais (CET) – Grupo Divulgação é um núcleo de ensino, pesquisa e extensão em artes cênicas, que se iniciou como um grupo de teatro universitário, nascido em 1966, na antiga Faculdade de Filosofia e Letras.
Atuando desde então junto à UFJF, o Grupo Divulgação organiza-se em três núcleos básicos de produção de espetáculos: o de universitários, o de secundaristas e o da terceira idade.
Formado por professores e acadêmicos, o CET se fundamenta como um grupo de pesquisa em artes cênicas, possibilitando, através do ensino, a difusão de conhecimentos e a extensão de uma vasta produção teatral junto às comunidades, visando à inclusão social e a construção de cidadania.
Seu repertório atesta um compromisso com a difusão da dramaturgia universal possibilitando ao público um encontro com reflexões que ao longo dos tempos espelhou o ser humano, seus conflitos, angústias e sonhos. As encenações diversificadas criaram a oportunidade para os atores encontrarem a pesquisa cênica. Cada encenação tem uma visão particular que dialoga com a realidade nacional.
Fonte: Blog de Educação | Maple Bear Santana
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