SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Agora me assustei", diz Mônica Salmaso quando se dá conta de que está prestes a estrear seu novo show solo, "Minha Casa", no palco da terceira maior casa de espetáculos de São Paulo, o Tokio Marine Hall. "Mas tudo bem, esse lugar me pertence. Ele tem que me pertencer", dispara em seguida, mostrando que está certa de sua decisão.

Salmaso sobe ao palco do espaço neste sábado para apresentação única. O convite veio da própria casa, que cinco meses atrás viu a cantora ser ovacionada como intérprete convidada da turnê "Que Tal um Samba?", de Chico Buarque.

Salmaso abria o show com cinco números solo e voltava para algumas inserções durante o set do compositor. No final, a dupla encerrava o show e, embora tivesse ido ver Chico, o público se encantava mesmo é com ela, que saía sob aplausos das apresentações.

"Tenho consciência de que vivemos algo muito especial, mas não tenho nem nunca tive essa pretensão de fazer shows imensos, lotar estádios", diz, ressaltando que a experiência de uma turnê dividida com Chico Buarque a fez perceber que esses espaços também a pertencem.

"Eles fazem parte da minha trajetória, então não posso negar. Eu preciso abraçá-los."

Com 25 anos de carreira fonográfica, Salmaso construiu discografia incensada pela crítica musical e se tornou uma das cantoras favoritas de compositores como Chico Buarque, Milton Nascimento -a quem dedicou um disco dividido com André Mehmari- e Dori Caymmi, com quem gravou o álbum "Canto Sedutor", em 2022, dedicado à obra do filho de Dorival Caymmi com Paulo César Pinheiro.

O álbum de 2022 rendeu à artista elogios rasgados do companheiro Dori, que a pôs no panteão das grandes intérpretes da música brasileira, junto de nomes como Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia e Nana Caymmi. Mas a cantora refuta isso.

"É difícil me colocar nesse lugar. Há uma admiração imensa por todos, e talvez não queira me colocar aí porque ainda existe em mim aquela menina que ficava ouvindo e admirando tudo. Com Chico foi a mesma coisa."

Modéstia ou não, os ingressos para a apresentação de sábado seguem disputados. Em "Minha Casa", a artista constrói um roteiro em que traça um perfil dos últimos três anos no Brasil, tratando de assuntos como a pandemia, política e questões sociais.

O título do espetáculo vem do projeto "Ô de Casas", que durante o período mais pesado da pandemia reuniu a cantora com nomes como João Bosco, Guinga, Chico César e Mariana Aydar ao longo de mais de 90 vídeos gravados a distância e disponibilizados nas redes.

O projeto também faz um apanhado dos últimos quatro anos da carreira da artista, reunindo uma série de compositores que fizeram parte de seus álbuns. A surpresa fica pela inclusão de uma canção do músico Chico Chico, filho de Cássia Eller e o compositor mais jovem da seleção.

Chico é um dos poucos da chamada nova MPB que Salmaso ouve. Entre os nomes, se destaca uma estranha no ninho -a drag Gloria Groove, por quem Salmaso nutre admiração pela extensão vocal.

"Ela está em outro lugar, muito distante do que consumo, do que ouço, mas fico impressionada com a voz e como ela é boa intérprete."

Na seara política, "Minha Casa" é mais um posicionamento da artista. Durante a turnê "Que Tal um Samba?", Salmaso e Chico foram cabos eleitorais de Lula e se posicionaram contra Bolsonaro.

No novo show, pode acontecer parecido. Crítica das gestões de Tarcísio de Freitas no governo do estado de São Paulo e de Ricardo Nunes na prefeitura da capital paulista, a cantora diz que pretende fazer campanha pelo candidato Guilherme Boulos, do PSOL.

"Ainda vivemos com resquícios do bolsonarismo. Em São Paulo ainda está aí. Respiramos um pouco mais aliviados, mas não podemos descansar ainda. Moro nessa cidade, amo essa cidade e quero o melhor para ela."

MÔNICA SALMASO

Quando Sáb (16), às 22h

Onde Tokio Marine Hall - r. Bragança Paulista, 1.281, São Paulo

Preço R$ 70 a R$ 280, em sympla.com.br


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