Neste domingo (1º), comemora-se o Dia Mundial da Música, data que foi estabelecida em 1975 pelo International Music Council (IMC), um conselho vinculado à Unesco que atua para usar a música como propagadora da cultura e da paz, segundo o portal Brasil Escola. 

De acordo com a Fundação Nacional de Arte (Funarte), a homenagem tem como objetivo levar a música a todos os setores da sociedade e promover os valores de paz e amizade por meio dela.

Em comemoração a esta data, o Acessa foi em busca de histórias de personalidades da música de Juiz de Fora para contarem suas histórias. Confira:

 

Sandra Portella, uma mulher de samba na veia

FOTO: Divulgação - Sandra Portella atualmente

Sandra começou sua trajetória no samba influenciada por seus pais, que também eram sambistas: Dona Leci do Samba, uma das fundadoras da Juventude Imperial, e seu pai, Guida Tiroti, da Imperatriz Leopoldinense. "Minha entrada no samba começou na Juventude Imperial, um lugar que frequentava desde a infância. Lá, fui passista, desfilei em alas pela escola e, mais tarde, desfilei no carro de som como apoio", conta. No entanto, a sua carreira não começou com o samba, mas sim com a MPB, cantando  referências como Elba Ramalho, Gal Costa e Marisa Monte.

Em determinado momento de sua carreira, Sandra recebeu um convite de um amigo sanfoneiro para fazer parte de um grupo de forró, onde permaneceu por 4 anos.

FOTO: Arquivo Pessoal - Sandra Portella, uma mulher com samba na veia

Após esse período, Flavinho da Juventude a convidou para integrar uma banda e cantar samba em um projeto no Musik, sempre às quartas-feiras. E assim, ela passou os 8 anos seguintes.

 

Pedras no caminho

Sandra considera que seu começo foi muito difícil devido à sua timidez e à autocrítica. "Eu sempre tive uma autocrítica muito grande em relação a observar se as pessoas estavam gostando do que eu cantava. Sempre fui muito tímida no início da minha carreira, então observava muito a reação das pessoas para poder manifestar minha musicalidade." Com o tempo e a experiência, ela ganhou confiança em seu samba, deixando a timidez de lado.

Além disso, ela sofreu violência doméstica e abuso psicológico em seu relacionamento. "Era muito ruim, porque, por mais que a música elevasse meu pensamento, eu já saía de casa triste. Isso fazia com que eu deixasse de ter um relacionamento saudável com meus amigos e com minha música. Eu tinha uma dependência emocional que me maltratava. Vou te falar, se não fosse pela música, eu não sei nem se estaria de pé hoje", relata.

 

Sandra Portella com dois L's

Seu nome é Sandra Francisca de Oliveira. Esse 'Portella' veio de uma amiga chamada Cris, com quem trabalhou no supermercado Bahamas durante 3 anos. Na época, ela frequentava muito o carnaval com sua mãe para ver a Juventude Imperial. Todos os anos, o Grêmio fazia um álbum de fotos do carnaval, e Sandra levava para seus colegas de trabalho verem.

FOTO: Arquivo Pessoal - Juventude Imperial

Por causa dos álbuns, Cris começou a chamá-la de Portela. "Poderia ser Mangueira, poderia ser qualquer outra coisa, mas foi Portela". Sandra conta que não sabe se sua amiga era Portelense, mas no começo ela não gostou porque sempre foi da Juventude. No entanto, com o tempo, ela viu que o apelido 'pegou'. Foi somente quando ela conheceu a Portela e se apaixonou pela escola que decidiu assumir seu sobrenome artístico.

FOTO: Arquivo pessoal - Sandra Portella visitando a Portela pela primeira vez

Sandra escolheu Portella com dois L's para causar diferenciação entre ela e a escola. "As pessoas acham que carregar esse nome pode ser muito forte, eu já acho o contrário. Já perdi muitas coisas por causa do meu nome, por causa de ciúmes de outras escolas. Tem quem acredite que estou usando a escola ou ganhando algo com isso, só que na verdade eu ganho muita coisa com meu talento e minha voz."

Ela já pensou e até mesmo tentou trocar seu nome devido a essa dificuldade: "Eu já tentei mudar. Há 3 anos, quando participei de um concurso de samba enredo na Mangueira onde assinei um samba que foi para a final, fizeram uma reunião dentro da escola onde foi questionado se meu nome poderia ser mudado. Eu fiquei sem saber o que fazer na época, porque já não tinha mais como trocar [por já ser reconhecida por ele]."

 

Alívio em meio à tempestade

Quando questionada sobre o momento mais marcante de sua trajetória, Sandra responde que foi durante um período de sofrimento muito grande, quando sofria violência doméstica. "Eu estava sofrendo muito no Rio de Janeiro e tinha acabado de gravar meu CD 'Banho de Fé', uma homenagem a Arlindo Cruz. Fiz questão de dar esse nome ao meu álbum, porque ele estava doente e passando por um momento muito difícil."

Através desse CD, Sandra foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira dois dias após ter sofrido agressão. "Eu estava muito mal, na 'Boca de Candinha', como diria minha mãe", mas, com a indicação, ela conta que ficou extremamente feliz e hoje considera que esse foi o momento mais marcante de toda sua vida.

 

Fabrício e Gabriel

Saindo do embalo do samba, o Portal também foi em busca da história de Fabrício e Gabriel, uma dupla de sertanejo universitário que há 14 anos leva canções de amor pelos palcos. Ao contrário de muitas parcerias sertanejas, comumente formadas por irmãos, eles são amigos há mais de 25 anos e compartilham mais da metade de suas vidas juntos.

FOTO: Divulgação - Fabrício e Gabriel atualmente

Para ambos, a influência do estilo musical sertanejo foi totalmente familiar desde que eram crianças. Antes de se tornarem uma dupla, cada um já tinha sua carreira musical. Gabriel era músico da dupla Jean & Roger, e Fabrício fazia shows solo. Depois, quando decidiram se unir, começaram a se apresentar em pizzarias e bares na cidade de Juiz de Fora, passando também a realizar shows em casas noturnas.

FOTO: Arquivo pessoal - Fabrício e Gabriel se apresentando em um show em 2010

Um grande encerramento

A dupla relatou ao Portal que um de seus momentos mais marcantes foi quando foram chamados para fechar um show do Luan Santana em 2010, realizado no Parque de Exposições em Juiz de Fora. “Por sermos uma dupla recente na época, e por não termos um público que nos conhecia, ficamos com medo de fazer o encerramento para quase 40 mil pessoas e elas irem embora”, conta. Porém, para a surpresa deles, cerca de 70% do público permaneceu para assistir ao show.

 

Principais desafios

A dupla já foi parada até mesmo pela Prefeitura. Esse episódio aconteceu há alguns anos em um show localizado próximo à Fábrica Ferreira Guimarães, onde cabiam apenas 50 pessoas. Inesperadamente, o evento foi ganhando forma e uma nova proporção, lotando o bar e interditando a rua devido à quantidade de pessoas. Segundo Fabrício, eram mais de 1000 pessoas que acabaram interditando o trânsito.

Quando resolveram mudar de lugar para continuarem a se apresentar, escolheram uma nova 'casa' chamada Parlatório, que ficava localizada na Avenida Rio Branco. No entanto, pouco tempo depois, a casa foi fechada pelo Corpo de Bombeiros. Se existe uma música que define a dupla, para Fabrício, é 'Tá Escrito', do Grupo Revelação: “Erga essa cabeça, mete o pé e vá na fé. Mande essa tristeza embora. É mais ou menos por aí, porque já passamos por vários momentos de chateação em nosso caminho, mas nunca nos deixamos abalar.”

 

2a18, uma história de amizade

Para encerrar esta homenagem, o Acessa foi em busca da história desta dupla que está começando no ramo musical: o 2a18, formado por Elisa Bara e JP Schapper.

FOTO: Divulgação - Elisa e JP formam a dupla 2a18

Elisa e JP têm 19 anos e são amigos desde os 2 anos de idade, quando se conheceram na escola. A parceria da vida ganhou forma em agosto de 2022, quando os dois se tornaram uma dupla e começaram a se apresentar nos palcos de Juiz de Fora.

Em sua primeira aparição, eles se apresentaram no Vintage Pub Music, com casa lotada. Depois, se apresentaram em eventos realizados na cidade e decidiram voltar com os shows apenas em 2023, já que ambos estavam no terceiro ano do ensino médio. Agora, aprovados nos cursos de graduação que escolheram, ganham os palcos novamente.

 

Mas... por que '2a18'?

O nome que a dupla carrega pode gerar certa curiosidade, mas o motivo não é nada complicado, apesar do valor sentimental que carrega: '2a18' faz referência ao tempo em que sua parceria musical foi gerada. “O nome surgiu baseado na nossa história, que é repleta de música! Somos amigos desde os 2 anos e fizemos nosso primeiro show quando tínhamos 18. Então é como se de 2 até 18 anos essa parceria tivesse sido construída, para, então, florescer”, explicam Elisa e JP. 

FOTO: Arquivo pessoal - Elisa e JP, uma amizade em construção

“Nós dois temos grande envolvimento com a arte desde pequenininhos e sempre tivemos a vontade de fazer projetos musicais juntos. Então resolvemos montar um repertório para apresentarmos em bares, cafés e eventos. Nossa amizade facilita o diálogo nos ensaios e a construção da nossa identidade como dupla musical. E, com esse projeto, estamos um passo mais perto do que queremos, de fato, construir para as nossas vidas, que é viver de arte”, afirma Elisa.

 

A arte independente e a falta de oportunidades

"Acho que a dificuldade, infelizmente, persegue a arte. Somos artistas independentes e não filiados a grandes empresas, então acredito que uma das maiores dificuldades é a falta de oportunidades para shows. É muito difícil conseguir oportunidades aqui em Juiz de Fora e encontrar lugares que acolham, valorizem e permitam que façamos nosso show", reflete Elisa sobre como a arte independente ainda carece de valorização local.

 

Uma produção para ficar na memória

Para ambos, a história mais marcante foi quando foram gravar uma música autoral em São Paulo: “Foi uma experiência muito nova pra gente. Soubemos o que é ter contato com a gravação, com o estúdio, com a produção musical e a gente ficou muito feliz de ter passado por essa experiência.” Ali, encontraram a sensação de completude ao verem seu próprio projeto se concretizando.


Essas são apenas três de milhares de histórias que foram e continuam sendo construídas diariamente pelos músicos da cidade de Juiz de Fora. Assim como elas, todas carregam emoções, reviravoltas, dores, conquistas e, principalmente, o poder através da música.

FOTO: Acessa.com - Histórias, emoções e o poder da voz: Conheça trajetórias de cantores de Juiz de Fora no Dia Mundial da Música

 

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histórias

Acessa.com - Histórias, emoções e o poder da voz: Conheça trajetórias de cantores de Juiz de Fora no Dia Mundial da Música

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