Gente Grande(Grown Ups – 2010 – EUA)
A grande dificuldade da comédia é justamente o uso repetitivo das gags, dos personagens e dos bordões. É por isso que o cara-crachá e o Tolerância Zero do Zorra Total não funcionam mais, assim como ninguém mais aguenta as caras e bocas de Jim Carrey em alguns filmes.
O mesmo acontece agora com Adam Sandler, que encarna o mesmo tipo no seu mais recente projeto, Gente Grande, onde um grupo de amigos de escola se reúne 30 anos depois para reviver seus momentos de juventude, só que agora ao lado de suas respectivas famílias.
Sandler nunca foi muito engraçado, mas sua interpretação característica e jeito de bom moço conquistava o público e o envolvia, mas agora não passa de mais do mesmo. Em Gente Grande, o ator parece estar preso ao peso de seu nome e não se reinventa ou inova.
Cercado de alguns nomes importantes do humor americano, como Rob Schneider e Chris Rock, espera-se que o filme reúna todos esses talentos em prol da piada, da improvisação que leva ao riso, mas estão todos muito presos. No final das contas, nenhum deles nos premia com uma cena digna de seus nomes. Acaba sem brilho um elenco que, quando sozinhos, funciona muito bem.
O mesmo acontece com Selma Hayek, que sem uma direção forte ou pelo menos uma orientação, fica completamente solta durante todo o filme, à deriva, sem nenhuma contribuição verdadeira para a narrativa. Grande desperdício.
Com um elenco robótico, o humor fica a cargo das situações humilhantes e degradantes sugeridas pelo roteiro, mas nem aí há algo de novo ou criativo.
O único momento de puro humor, surgido da improvisação de um ator, vem da participação de Steve Buscemi, que rouba a cena de todo o elenco e faz de seu desfecho um verdadeiro exemplo de humor natural, sem ser forçado.
Além de forçar o humor, Gente Grande também força uma conotação edificante, que poderia funcionar e ser bem vinda se não fosse apresentada tão exaustivamente. Comédias podem ser levadas a sério, mas de maneira velada. Humor é humor. Não precisa ser politicamente correto.
Talvez, assim como Jim Carrey, Andam Sandler precise de uma mudança, experimentar novos gêneros e reinventar-se, pois o Adam Sandler atual já não diverte tanto.
Rafael Tavares é diretor, produtor e roteirista audiovisual, formado em Produção Audiovisual e pós-graduando em TV, Cinema e Mídias Digitais
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