Bailarina faz de um começo despretensioso a grande escolha de sua vidaMárcia Pires Cruz Bonfá começou a fazer aulas de ginástica rítmica aos 7 anos. Hoje, aos 26, frequenta aulas e leciona balé clássico e jazz

Aline Furtado
Repórter
11/2/2011
Márcia Cruz

Aos sete anos de idade, a bailarina Márcia Pires da Cruz Bonfá começou a frequentar as aulas de ginástica rítmica oferecidas pela Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mal sabia que aqueles primeiros passos no mundo da dança seriam decisivos para sua carreira.

"Sempre fui incentivada por minha avó, que trabalhava na biblioteca da Educação Física. Ela ficou sabendo da vaga no grupo e me incentivou. Comecei naquela época e não parei mais." Ela conta que durante a fase em que praticou o esporte, durante quatro anos, participou de campeonatos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, João Pessoa Curitiba, entre outras.

Foi durante uma apresentação do grupo de ginástica rítmica da UFJF que Márcia, hoje com 26 anos, foi convidada a integrar, por meio da concessão de uma bolsa de estudos, o elenco de uma escola de dança da cidade. "Não foi de tudo novidade porque já conhecia fundamentos do balé clássico, que serviam de base para a ginástica rítmica. Tinha noção, mas não tinha a técnica." Desde então, a bailarina faz aulas de balé clássico e jazz.

Confirmando sua predileção pela dança, Márcia cursou a faculdade de Educação Física, o que possibilita a ela ensinar as duas modalidades da dança a pessoas de idades que variam de 4 anos até a fase adulta. "A dança é a minha vida. Dou aula e faço aulas sempre que posso, sem falar nos treinos realizados três vezes por semana", destaca, referindo-se à preparação para prestar, no final do ano, a prova para o nível Advanced da The Royal Ballet School, de Londres.

Ela conta que treina durante uma hora e meia em três dias da semana, tendo o exame como foco, mas, com o passar do tempo, a preparação vai ser intensificada. Márcia já coleciona certificados dos níveis 6, 7, 8 e Intermediate da escola. Na cidade, ela já participou do Festival AMA Dança e da Campanha Popularização do Teatro e da Dança. "Além disso, busco estar sempre em contato com métodos e alunos de outras escolas", cita, contando que, embora nunca tenha se apresentado no Festival de Dança de Joiville, sempre participa do evento, a fim de se atualizar. "Nunca quis disputar nada porque sempre vi na dança uma arte, faço balé porque gosto."

Para Márcia, um dos grandes problemas de se viver da dança em Juiz de Fora é a falta de incentivo do público local, embora o número de academias seja grande. "As pessoas não têm o hábito de ir ao teatro assistir a espetáculos de dança. Geralmente, pensam que balé é algo chato, mas desconhecem que as apresentações podem não contar apenas com um repertório clássico. Contradizendo tudo isso, quando vêm grandes nomes de fora da cidade, o prestígio é garantido."

Com relação às dificuldades e as abdicações em função da dança, a bailarina destaca que sempre busca dosar suas atividades com os compromissos relacionados à dança. "Nunca gostei de faltar às aulas na escola e nem às aulas de dança. Creio que este comprometimento tenha a ver com a disciplina adquirida ao longo destes anos. Mas, dependendo, chego a abrir mão de determinadas coisas por conta da dança." Entre as inspirações da bailarina estão a professora Vívian Mockdece, além de nomes como Ana Botafogo e Cecília Kerche.

Benefícios

Segundo Márcia, os benefícios trazidos pelo balé são inúmeros, como disciplina, convivência, noções de espaço, concentração, postura, além da flexibilidade e da musicalização. "E não é necessário ter nada disso para iniciar na dança. Claro que há pessoas que têm algumas destas qualidades, mas conseguimos trabalhar e fazer com que quem não tem adquira."


Os textos são revisados por Thaísa Hosken