Sexta-feira, 8 de novembro de 2013, atualizada às XXhXX

Titulo da nota

Eduardo Maia
Repórter

A palavra é gratidão. a todos que me ajudaram, a todos que dificultaram a minha vida porque me tornaram mais forte, tive que lutar dobrado e principalmente a todos que acreditaram no teatro como uma forma de devoção.

amigos e alunos que estão me inundando de afeto e confesso que já começo a tremer diante desse lançamento pelo que as pessoas estão falando.

A gente está colhendo uma boa safra

Transformação no teatro

Começo a fazer teatro nos anos 60, 63. Tivemos uma grande eco, o TBC, dos grandes espetáculo que reformularam o teatro brasileiro. No fim da guerra, as pessoas não podiam viajar para a Europa para fazer teatro. Com os diretores que não podiam atuar na Europa, depois da guerra. Nós fomos inundados por montagens importantes, Pirandelo, de clássicos. É um momento muito rico, que a televisão não assumiu essa postura que hoje assumiu de ser só um elemento de divertimento e de venda de produtos, se transformou num grande balcão, criando necessidades e atendendo a essas necessidades.

O teatro desse tempo era culturalista que reverenciava os grandes nomes e apareciam novos nomes.

Anos de chumbo - principalmente a partir de 68, do AI 5. movimentos como a censura. o AI 5 cala todo mundo no dia 13 de dezembro de 1968, porque demoravam, matavam com a burocracia. A pessoa montava uma peça, demoravam a responder e o resultado: todo o investimento que a pessoa fazia não podia ser colhido. Aconteceu com muita gente e com a gente na década de 60, com o O diário de um louco. Nós tivemos o espetáculo proibido na noite, na hora que o público estava chegando.

A partir daí você começa a notar o que é uma violência. Ao mesmo tempo, a gente começou a jogar xadrez com a censura. Era um jogo de inteligência. 1972 - período conturbado, de Médici. Eles lançaram uma campanha da Semana de Independência nas letras e nas artes. O que a gente fez? montou a Morta de Oswald de Andrade. Eles acharam que era um espetáculo muito metafísico. E de repente a gente construiu um espetáculo que era a história do país. A única coisa foi a TFP dentro da casa, fazendo tumulto. O espetáculo misturava plateia, vivia cheio.

Nós ganhamos o prêmio Sesc Centenário como o melhor espetáculo. A Leda Nagle fazia a Oka de Beatriz, ganhou como atriz coadjuvante, em suma, esse jogo a gente começou a descobrir que havia uma coisa além do texto. Em o Diário de um louco, a gente conseguiu uma liberação com cortes. Cortaram tudo. O personagem era um funcionário que enlouquecia com a burocracia. Ele tinha um lenço. Toda vez que chegava na hora do corte, ele punha o lenço na boca. E o público sabia. Eram universitários, muito espertos. Passamos essa fase. A não ser Mahassad.

O censor vinha, pegava o texto e ficava assistindo o espetáculo. E fizemos os piores espetáculos da nossa vida. Eram chatos, todo mundo falando devagarinho, a coisa murrinhenta. Eles não viam a peça, só aquela coisa chata.

Maurício Tapajós foi se apresentar no Teatro Rival e era uma peça cheia de conteúdo político.

Hoje, a gente não tem mais essas coisas e as pessoas não sabem. Talvez seja por isso que o teatro esteja tão murrinhento, cheio de pesquisas e ninguém aguenta mais ver.

60, 70, 80 as casas viviam cheia.

Aí quando chega em 90, o cinema acho que não perturbou. Tínhamos um problema que era o horário. O pessoal vinha e, por exemplo, na hora da Odete Roitchman, a gente tinha que começar o espetáculo imediatamente após o final da novela. A casa estava vazia até as 5 pras 9. Depois começava a encher. Deu pra conviver. Agora eu acho que já houve modificações muito grande. A tecnologia que as pessoas tem, não só do consumo, mas todos tem seus tablets, os celulares, mesmo que para a população mais carente, é um desespero. A pessoas estão mandando mensagem, estão tirando foto, é um mito de narciso. Todo mundo se fotografa.

Influências

Existe dentro de mim um jornalista. O teatro foi uma profissão de fé. Eu não ganhei dinheiro, mas ganhei coisas que o dinheiro não dá, que é a felicidade. Quando eu escrevo um texto, eu sou jornalista. Quando eu estou num palco, eu sou professor e quando estou na sala de aula, eu sou ator. Essas três coisas acontecem. Muita música. Muita coisa composta, normalmente as minhas peças tem aquele momento se eu quiser falar com Deus, em que se apagam as luzes. Eu faço isso e é onde eu começo. Sinto muita falta da máquina de escrever, ela fazia um barulho que virava um ritmo que depois eu passava para o teclado. Sou um leitor assíduo de jornais e também costumo me informar pela internet.

Uma coisa que gosto muito é a carta de leitor. Sempre. Aquela página me dá muita inspiração, embora você saiba que a carta de leitor é selecionada de acordo com o que o jornal quer que dê. Essas coisas me influenciam. Agora, todas as leituras que já fiz na minha vida, aos 14 anos eu li Shakespeare, tudo isso está dentro de mim. Elas formam um laço. A grande influência que eu tenho no Teatro é Stanilavski, da parte de interpretação, Bretch, a parte política, Jean Vilar e Jean-Louis Barrault, e García Lorca com esse compromisso com o teatro popular. Quando as pessoas estão se contorcendo, parece que estão fazendo balé moderno, sinto necessidade da palavra e de uma narrativa que o povo entenda. Eu faço teatro infantil que não é pra uma criança debiloide, é para o pai vir e gostar, para mãe gostar e a criança adorar. Você não tem um foco só. Para mim, existe Teatro. Embora hoje existe um segmento do público, o teatro gay, as pessoas que vão ver o stand up, o teatro espírita, o teatro evangélico, dividido de acordo com os nipes de públicos que ele conseguem.

Se o compromisso do teatro é desvendar a morte, se nasce dessa forma, de tirar a morte de dentro de si, porque somos todos condenados, e metaforicamente a transforma numa máscara, numa figura, aí começa o teatro. Então é um homem diante da morte, enganando a morte. Ele tem as características que é o triângulo da cabeça, que é a parte mais racional e da parte de baixo, que não dá mais para segurar.Um está com a comédia e outro com o drama e a tragédia.

Limitação

Quem vê esse teatro de texto, você nota que tem muito a terceira idade vendo. Os jovens estão vendo mais stand up, uma comédia de cotidiano com piadas tiradas da internet. Você nota que os intelectuais gostam mais de um teatro de processo, aquele teatro elaborado com umas falas que você não sabe, começa a fazer um projeto, aí vai eliminando o público, depois põe um círculo no meio do espetáculo e só os buraquinhos e depois ele vai ser monge, que não quer saber de público.Teatro sem público não existe. O que dá conteúdo ao espetáculo é o público. E não adianta eu fazer uma coisa belíssima que o público não entenda nada. Isso não quer dizer que o público não tenha sensibilidade para entender as coisas que nunca viram.

Você nota que a abertura do espetáculo é muito pesado. A hora que apaga a luz, eles gritam igual desesperados. E aquilo depende da música da entrada, no tom certo. Se você não ouviu direito, você entra errado. Tudo operístico. Berra-se tanto, eu pelo menos berro igual um desesperado, que aí eles vão ficando quieto. A cena é muito enjoadinha, de falar nome de remédio.

grupo divulgação

sou aquele fio que une o colar de pérolas. E as pérolas são Márcia Falabella, os atores. Como estou lá desde o começo, por uma determinação de Deus. Eu sempre achava que o aluno que fosse o continuador ele acabava saindo, formando outro grupo e não querendo nada com aquela história. A minha história se confunde sim com a do grupo, porque eu fui o que fiquei. Num certo sentido, eu tenho a memória do grupo. A Márcia Falabela, que já escreveu um livro, está pra lançar um livro, mas sou a fonte primária. A gente tem um acervo de oito mil peças.

O figurino - a gente cria tudo aqui. A Malu dá uma orientação, mas ela tá aposentada. Eu sou um ótimo cortador de roupa. A gente tem uma experiência de época, de saber

Encomenadava música para a Sueli Costa, para o Márcio Itaborahy, começamos fazer muitos espetáculo. O autor toca alguma coisa, ou a gente

direção: 245 peças

texto escrito 137 peças

Girança - conta história de JF premiadíssima

A escada de Jacó

Pequenos Burgueses, Calígula, Fausto,

os dois Pirandelos. A mesma coisa aconteceu com Essa noite se improvisa.

você sair de Juiz de Fora. Paulo Autran. O melhor de crítica. A gente está adorando brincar Molière. Eu e a Marcinha, a gente olha um para o outro e já sabe onde a bola vai entrar e fazer um gol.

 

Eu costumo dizer que 47 anos fazendo teatro, ou a gente não tem vergonha na cara ou a gente tem muita determinação. A gente trabalha com povão, com a população, com coisa  a gente acredita. Houve um momento em que uma autoridade da universidade queria nos tirar daqui. Houve uma luta e o reitor ficou ao nosso lado. A gente apaga essas coisas, porque elas são retroativas. Eles chegam aqui e dizem: ah, mas eles ocupam espaço. Só não notam que você faz 122 espetáculos por ano. Que 200 comunidades estão sendo atendidas. Faz espetáculo a 5 e 10 reais. Você tem estudante, terceira idade e professor. O que nós fazemos é política cultural. É diferente de política de evento, quando você transforma um espaço público num espaço de aluguel. Aqui não. Uma escola vem, assiste um espetáculo e voltam, existe este espaço de formação.

Às vezes, os meninos vem, fazem bagunça, mas você nota uma modificação no comportamento deles. Nem na sala de aula, o professor não está conseguindo a educação dos meninos. O teatro está ruim porque o ensino está ruim.

 

A comédia é o genero de permanência. O que se via no tempo de Aristóteles. Você ria do juiz canalha, do político corrupto e isso já existia. Só que não tinha nome de mensalão. O que se vê?

Quando você pega o Molière e vê a história dele, a luta com as pessoas.

Poder é uma desgraça na vida do ser humano. é uma rede de mau caráter. a filha tem que virar freira para fazer voto de pobreza. Essa peça fala sobre a doença do Brasil. Ele é uma pessoa enganada, ele é o Brasileiro.

As traduções são muito vernaculares e muito duras. o teatro é et ac nuc

mestrado - categorização do público

 

43 anos como professor.

Faculdade de Filosofia e Letras, onde fez o curso de Jornalismo

Mestrado na Unirio. 1º mestre de teatro do Rio de Janeiro e doutor em Comunicação e Cultura da UFRJ

sala de aula pra mim sempre foi um grande divertimento. Adoro a aula, adorava os meus alunos.

Meu tempo de jornalista - fui o primeiro diagramador de Juiz de Fora. Enquanto a minha turma não se preocupava, eu fazia estágio no Jornal do Brasil. Eu pintava também.

Diário Mercantil, em 1968

a grande reforma que o jornal sai de 6 para 8 páginas. Formado numa época em que o meu paraninfo disse pega o diploma e joga fora: vão pra vida prática.

 

Leda Nagle, Cláudia Mattos, Marise Mendes, Márcia Falabela, Evandro Medeiros, Bruno Calixto, Ricardo Ribeiro, Érica Salazar.

Depois que veio o noturno, não me deixaram dar aula.

Quando deixou a sala de aula: 15 de maio de 2012

Lei do servidor público: lixo.

O trauma psicológico que tive foi quando entrei na livraria Cultura no rio e fui direto para a Teoria Comunicação e uma voz me perguntou: "O que é que você está fazendo aqui? Pra que você vai se atualizar? O mundo rodou e você não está mais nele".

No mestrado, estou na última orientação.

Sou do tempo holístico. Como pintei, fiz música, teatro. É muito aberto. O estudo de recepçao está ali. Trabalho com a terceira idade. O método está na cartografia do teatro brasileiro. Eu não parei, mas sinto falta do brilho no olho. Adorava aquela molecada lá. E depois ver eles formando e acompanhar. Eu vou enferrujar esse teclado aqui, porque é um rio de lágrimas.

22 de maio de 1942

nasci no período da guerra. meus pais são portugueses e minha irmã também. Sou o único da familia que nasceu em Juiz de Fora. Minha mãe rodou por Minas Gerais inteira com meu pai.

Naquela época JF era uma cidade extremamente progressista, com uma porção de fábricas, uma quantidade enorme de jornais. Nasci na maternidade Santa Terezinha de Jesus, estudei no Educandário Santa Rita de Cássia, que tinha inclusive palmatória. Depois fui pro ginásio Mariano Procópio. Morei até os 18 anos próximo ao museu. O Museu sempre foi quintal da minha casa. Para estudar, roubar jabuticaba e correr dos homens de lá e época de prova, que você anda falando.

Hoje eu sou amigo do Museu, mas já sou amigo dele há muito tempo.

Cedo eu comecei a trabalhar, temporada de férias trabalhava no armazém, ganhava umas moedas e ia ao cinema. Lá tinham dois elementos da minha cultura: o rádio e o cinema. Não fui cineasta porque na minha vida o cinema era muito caro e hoje qualquer um pode fazer. Adorava cinema e teatro era uma coisa que passava com circos, não era muito comentada.

Eu fiz técnico em contabilidade pelo Machado Sobrinho. Depois fiz jornalismo, teatro e comunicação e cultura.

O teatro entrou na minha vida em forma de terror. Um tio emprestado me deixou no salão São Geraldo, que tinha em frente à igreja da Glória, e ali realizavam teatrinho de menino. fui me puseram para assistir teatro e de repente eu vi um cara com uma espingarda gritando e uma mulher gritando para não matá-la, eu sei que enchi o saco do porteiro e ele atravessou a rua e me levou lá na Liga Católica.

Durante um certo tempo, comecei a trabalhar, como office boy no Rocha Hotel.Tive que parar meus estudos porque trabalhava de 8 às 18. Aprendi um pouco de etiqueta.

Depois fui trabalhar na Casa Regente. Comecei limpando os vidros, depois fui vender pano, depois fui para o escritório. A seção de tapete, aprendi muito sobre tecido. Hoje isso me ajuda no teatro, porque quando vou escolher tecido, as pessoas ficam até impressionadas, tem coisa que nem existe mais.

Servi ao Exército, o 10º Batalhão de Infantaria.

Trabalhei no Moinho Vera Cruz. Fiz a faculdade nesse período. Fiz meu curso. Lá fui convidado pelo professor Murilo Ringel para trabalhar na prefeitura com o Itamar Franco. Depois eu fui diretor do Departamento de Cultura e Promoções e continuei no jornal. Daí as três coisas começaram

71 casei

73 nasce minha primeira menina, Tarsila, que é médica

74 nasce meu menino, Frederico, que é advogado.

Malu me ajudou até determinado momento,

Muitos espetáculos, direção no Rio, em Belo Horizonte,

Não importa quantas batalhas eu perdi, o importante é que fui fiel à minha causa. Isso é

De vez em quando levo umas porradas, mas dá pra viver.

Sou um bom dono de casa, sei lavar, passar cozinhar e estou com um pequeno problema. Gosto da minha comida e estou engordando (risos). Adoro cozinhar.

As coisas que eu gosto, eu fiz um peixe, moqueca, azeite de dendê. Aí eu fiz pra ele.

Malu é uma das pessoas mais generosas que eu conheci na minha vida. Mora comigo uma irmã que foi deixada pela filha em 2006. Tem alzheimer, 4 enfermeiras andando pela casa. Mas ela abriu mão da casa dela. É uma pessoa que eu mimo da melhor maneira possível. Faço café da manhã, ela me deu muito suporte.

O teatro é uma arte que se escreve na areia. Você constrói um belíssimo castelo hoje, faz o melhor espetáculo do mundo, mas ele não te serve de crédito para o próximo espetáculo. No próximo, você parte do zero para ser avaliado de novo. Então você se põe à prova à vida inteira mais seis meses depois da morte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Curabitur rhoncus lacus faucibus ac elit quis tincidunt Quisque egestas ac. Urna condimentum vitae fermentum at eget eros leo semper fames non. Parturient non Nunc sed id nibh et sem In Praesent diam. Tincidunt ornare dictum vitae ligula suscipit In Sed massa Lorem nec. Id nibh eget tincidunt vitae habitasse eget et et.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!