Corpo de Bombeiros veta acesso ao segundo e terceiro andar do Cine-Theatro Central
O segundo e o terceiro andar do Cine- Theatro Central foram vetados por tempo indeterminado pelo Corpo de Bombeiros na última sexta-feira, 7 de outubro, por inadequações no espaço interno do prédio em Juiz de Fora. O teatro possui capacidade total de 1.851 lugares, sendo que com a interdição do balcão nobre, galeria e camarotes este número reduz para 1.232, o que representa 66% dos lugares, deixando apenas as plateias A e B disponíveis. Conforme a assessoria do Corpo de Bombeiros, o local foi vistoriado na sexta, 7, e foram avaliadas inconformidades com a legislação vigente na altura do guarda-corpo do 2 e 3 pavimentos e corrimão das escadas de acesso a esses pavimentos.
O tenente Clodoaldo da Silva, da Companhia de Prevenção do Corpo de Bombeiros, explica que o teatro funcionava há algum tempo de forma irregular. "Antes funcionava com um alvará provisório, mas atualmente o espaço abria sem a liberação dos Bombeiros. Por este motivo, fizemos várias vistorias, orientando para que eles se adequassem a legislação. Chegamos a passar esta demanda do Cine Theatro Central para o comando de Belo Horizonte, mas, por ser patrimônio tombado, as alterações deveriam passar pelo Iphan. O engenheiro chegou a elaborar um pedido para o Iphan, solicitando alteração, e o comando em Belo Horizonte pediu para realizarmos nova vistoria, que apontou as inseguranças no 2 e 3 andar", completa.
Em nota, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), responsável pelo espaço, esclarece que um boletim de ocorrência foi entregue à Reitoria da UFJF no último dia 3 de outubro, às 14h30. Neste mesmo dia e horário foi realizada uma reunião no Gabinete do Reitor, com a presença da vice-reitora, Girlene Alves da Silva, pró-reitoria de Cultura, direção do Cine-Theatro Central, a pró-reitoria Adjunta de Infraestrutura e a equipe de comando do Corpo de Bombeiros.
Eles explicam que na listagem do Corpo de Bombeiros, havia “ações de cunho técnico e outras de adaptação do espaço interno, que já haviam sido solicitadas em outra gestão e, infelizmente, não foram resolvidas. As de cunho técnico foram imediatamente realizadas pela Pró-reitoria de Infraestrutura (Proinfra), como iluminação de emergência e hidrante de recalque, sendo testados na presença do Corpo de Bombeiros que, imediatamente, liberou o espaço”.
Já as ações relativas às adaptações do espaço interno dependem de autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pois a edificação é tombada pelo Instituto. Desta forma, ficou acordado com o comando do Corpo de Bombeiros, aguardar um posicionamento do órgão em reunião agendada para o próximo dia 18.
Por estes motivos, foi estabelecido pela instituição, em conjunto com os Bombeiros, que o segundo e o terceiro andares do teatro (balcão nobre, galeria e camarotes) terão o acesso vedado por tempo indeterminado. A UFJF afirma que os espetáculos agendados acontecerão normalmente, ocupando todo o piso térreo, que inclui as áreas das plateias A e B. A instituição, afirma, ainda, que a direção do teatro está tomando providências junto aos produtores de eventos e espetáculos agendados no sentido de que a restrição do espaço não seja fator impeditivo de realização dos mesmos.
Questionada se a o Theatro Central possui alvará de funcionamento, a Secretaria de Atividades Urbanas (SAU) disse que o alvará do prédio histórico venceu no início do segundo semestre. A instituição entrou com pedido de renovação, mas não apresentou o Alvará de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), desta forma não foi possível a renovação. A secretaria completa que já entrou em contato com a UFJF para agendar reunião com intuito de tratar sobre o assunto.
O Portal ACESSA.com aguarda posicionamento do Iphan.
Opinião dos produtores
O produtor de eventos Rafael Salgueiro afirma que a impossibilidade de se usar 3 setores do teatro vai prejudicar muito o planejamento dos eventos, principalmente dos que já estão com vendas iniciadas. Pois se diminui a receita, mas não o custo do evento. “Os produtores vão ter que se reorganizar e renegociar suas produções a fim de se adequar ao novo cenário de apenas 1232 lugares (cada evento deverá ter uma carga de 1.000 a 1.100 ingressos apenas para vendas). Mas, o Cine-Theatro Central já está negociando com os produtores formas de diminuir esse impacto na receita dos eventos”, afirma.
Ele complementa que os produtores que estão com espetáculo vigente e venda aberta que o público estão trabalhando para que os espectadores não saiam prejudicados. “No meu caso, organizo espetáculo com Fernanda Souza. Quem comprou Camarote, Balcão e Galeria serão remanejados para Plateia B sem qualquer necessidade de complemento de valor. As trocas de ingressos acontecerão a partir do dia 24/10 na bilheteria do Teatro”, detalha.
Já o ator e produtor Gueminho Bernardes afirma que essa é uma situação cheia de incongruências. "A última grande reforma do Central foi feita há cerca de vinte anos. É de se supor que o projeto tenha sido submetido às autoridades competentes para gerar um Alvará de funcionamento. Desde então o teatro opera e os produtores cumprem uma longa lista de obrigações para trabalhar nele. Nunca antes a SAU observou essa deficiência? Por que o Corpo de Bombeiros levou tanto tempo para tomar medidas? E, segundo me consta, foi o comando de BH quem determinou a inspeção. O que levou o comando central do Estado a agir? E, finalmente, se as exigências legais já haviam sido determinadas, por que não foram realizadas?".
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!