Gedair Reis faz mágica e ajuda o próximo no Grupo ArteO funcionário público, que também é maratonista, quer se dedicar cada vez mais ao trabalho filantrópico e treinar atletas cegos após aposentadoria 

Clecius Campos
Repórter
14/4/2010

Conhecido pelas conquistas no atletismo, o maratonista Gedair Reis tem uma faceta inusitada para mostrar. O funcionário público prende a atenção da criançada, fazendo mágicas em visitas a instituições da cidade, acompanhando o Grupo Arte. "Gosto de trabalhar com as crianças e consigo fazer alguns truques com movimentos rápidos. É encantador ver o sorriso dos meninos e ouvi-los me pedindo para voltar outras vezes."

Reis, que é um dos fundadores do Grupo Arte, tenta melhorar sua técnica e se dedica cada vez mais ao trabalho filantrópico. "Estou sempre me aperfeiçoando na mágica, comprando livros, introduzindo novos truques. No final das contas, o trabalho que faço para os carentes, volta para mim em forma de conhecimento."

O sentimento é de gratificação em todas as visitas feitas pelo grupo desde 2002, quando foi fundado. Segundo Reis, colegas de trabalho reuniram-se naquele ano para visitar uma instituição de Juiz de Fora e após a primeira experiência, decidiram torná-las mais frequentes. "Convidamos pessoas do nosso convívio, amigos, familiares e vizinhos para integrarem o grupo."

Hoje são mais de 30 pessoas que se revezam nas idas às instituições. "Termino o trabalho de alma lavada. Quanto mais eu me doo, mais coisas boas recebo. Aliás, ganho muito mais do que ofereço. Aprendi a conviver com meus problemas, a lidar com minhas derrotas, a não reclamar das minhas doenças. Em uma tarde de domingo, ganhamos energia para o mês inteiro."

Foto de Gedair Reis Foto de Gedair Reis Foto de Gedair Reis

Nem só de mágica é feito o trabalho de Reis e do grupo. Os voluntários do projeto sondam as necessidades de cada instituição e sempre levam presentes especiais para os necessitados. "Em um domingo levamos creme hidratante e loção para alguns idosos. No outro, a instituição não precisava de nada específico e distribuímos guloseimas para as crianças." Muitas vezes, a ajuda está nas pequenas ações. "Em uma visita ao Abrigo Santa Helena, passei as duas horas do tempo disponível ouvindo as histórias e o desabafo de um senhor. Às vezes, as pessoas só querem conversar."

Ajudar cada vez mais

As visitas a diversas instituições da cidade têm dado sérios rumos à vida de Reis. Segundo o maratonista, logo após a aposentadoria como maratonista, irá se dedicar ao treinamento de atletas com deficiência visual. "Fiquei muito sensibilizado com a última visita à Associação dos Cegos e tomei a decisão. Minha última maratona será realizada em julho, na cidade do Rio de Janeiro. Após essa prova, serei guia de atletas com deficiência visual."

Juntando os cacos

Foto de Gedair ReisEm junho, Reis lança seu livro de poesias Juntando os cacos, no qual faz uma viagem ao seu passado, conta sua vida em Juiz de Fora e em Manhumirim — cidade onde nasceu — e fala de seu trabalho no grupo. "Fiz um poema em tributo ao Grupo Arte. É minha forma de homenagear essa iniciativa." O livro tem cerca de 70 poesias, distribuídas em 84 páginas.

O lançamento será dividido com as amigas e também integrantes do Grupo Arte, Marize Freesz e Patrícia Turolla. Juntas elas apresentarão o livro Farmácia Culinária 2, com receitas de prato à base de soja e com melhor aproveitamento de frutas e hortaliças. Marize lança ainda Contadores de histórias, que narra a história do Grupo Arte em suas visitas a instituições da cidade e as experiências reais de nove dos seus integrantes.

Reis é um dos personagens da obra de Marize. "Somos os fundadores e dirigimos juntos o grupo há anos. Creio que tenho uma boa história a ser contada. Vocês poderão conferir no livro." A renda arrecadada com a comercialização das três obras será revertida para o Grupo Arte. O projeto vive de doações e da venda de bonecas artesanais, confeccionadas por voluntários.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes