Corredores juiz-foranos levam doações a pessoas atingidas pelas chuvas em TeresópolisTrês atletas de Juiz de Fora estiveram em locais de difícil acesso na região Serrana do Rio de Janeiro. Eles buscam por doações para voltar a Teresópolis no próximo sábado

Clecius Campos
Repórter
17/1/2011
Foto do comboio

Três corredores juiz-foranos aceitaram o desafio de levar doações às pessoas mais atingidas pelas chuvas que destruíram cidades da região Serrana do Rio de Janeiro, especialmente o município de Teresópolis. Rubens Gabriel Ruela, Marlene Alves dos Santos e Carlos Eduardo Brugger estiveram em Areal, São José do Vale do Rio Preto, Águas Claras e em dois bairros de Teresópolis, no último final de semana, onde distribuíram alimentos, remédios, água, materiais de limpeza e higiene pessoal.

"Encontramos um grupo de voluntários lá e fizemos um comboio com os carros. Enquanto passávamos por uma comunidade atingida, as pessoas batiam nos carros, pedindo água, comida e roupas, mas não podíamos parar, pois o objetivo era chegar a um local em que o acesso é ainda mais difícil", conta Ruela. Parte do caminho foi feito de carro. O restante, a pé, já que estradas e pontes que dão acesso aos locais foram destruídas. Em Areal, os juiz-foranos encontraram pessoas que estavam sem comida e água potável há três dias. O mesmo foi visto em São José do Vale do Rio Preto e Águas Claras. Nos locais, foram percebidas necessidades diferentes das que imaginavam. "Os desabrigados foram remanejados para escolas e igrejas, mas muitas pessoas não querem abandonar as casas condenadas pela Defesa Civil, pois está havendo saques de portas e janelas. Então, eles se revezam, fazendo rondas. Para isso, precisam de capas de chuva, maços de velas, fósforos, lanternas, pilhas, luvas e botas de sete léguas."

Após passar pelas cidades, os juiz-foranos prosseguiram até Teresópolis, parando no bairro Caleme. "Dormimos em um colégio, onde as pessoas estão abrigadas. Quando chegamos, eles haviam acabado de encontrar o corpo de uma criança de dois meses de idade. Está tudo destruído. Os próprios moradores estão lidando com a remoção dos corpos e a tentativa de erguer alguma coisa." Como a precipitação não para, os trabalhos são realizados mesmo embaixo de chuva. "Por isso são necessárias mais capas de chuva e máscaras, por causa do mau cheiro." No Caleme, os voluntários foram convidados a visitar o bairro de Campo Grande.

"Pode-se dizer que 80% daquela população morreu. A destruição está muito além do que aparece na televisão. Mas também há muita solidariedade", afirma a corredora de rua Marlene Alves dos Santos. Ela conta que, apesar das doações serem extremamente necessárias, é preciso voluntários para organizar os materiais que chegam. "Eles precisam de gente para separar os alimentos, separar as roupas." Ela diz que os atingidos necessitam de toalhas de banho, copos, pratos e fraldas descartáveis, água, alimentos e materiais de higiene pessoal e limpeza. "As pessoas estão doando muitas roupas, mas se esquecem das roupas íntimas. Os desabrigados estão sem nada, então todo tipo de doação é bem-vinda."

Os corredores planejam uma nova viagem às cidades atingidas no próximo sábado, 22, com retorno a Juiz de Fora no domingo, 23. A intenção é levar mais doações e prestar apoio também nos locais. "Precisamos do máximo de doações possível, a fim de aproveitar bem a viagem. Além dos materiais que já dissemos, estamos buscando a ajuda com o combustível para os carros. Até o sábado, vamos passar pelas casas, buscando as doações", afirma Ruela. Para doar, basta entrar em contato com o maratonista, pelo telefone (32) 8854-3121.

Veja imagens da destruição na região Serrana

Fotos: Rubens Gabriel Ruela

Os textos são revisados por Thaísa Hosken