BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Brasil terá dois ou três meses de queda de preços e a inflação encerrará 2022 em torno de 6,5% ou talvez um pouco abaixo disso, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta terça-feira (23).

"Quando olhamos para o Brasil, [vemos] um processo inflacionário alto. Neste ano, a inflação ficará por volta de 6,5%, talvez um pouco menor. Não estamos comemorando isso muito intensamente, nós pensamos que ainda há um grande trabalho a ser feito", afirmou Campos Neto em evento sobre investimentos em Santiago, no Chile.

A projeção de inflação do último Copom (Comitê de Política Monetária) para 2022 situava-se em 6,8%. A pesquisa Focus divulgada pelo BC na segunda-feira (22) mostrou que o mercado financeiro reduziu a expectativa para a alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano para 6,82%, ante 7,02% na semana anterior.

Segundo o presidente do BC, parte da redução da inflação se deve às medidas implementadas pelo governo. Em junho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei que definiu o teto de 17% ou 18% para a cobrança de ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, transporte e telecomunicações.

"Quando olhamos para o processo de inflação, esperamos dois ou três meses de deflação. Tivemos deflação no último mês, provavelmente teremos outra deflação neste mês. Novamente, muito impactado pelo preço da energia e das medidas", disse.

Com o impacto da redução das alíquotas de ICMS sobre os preços de combustíveis e energia elétrica, o Brasil teve deflação (queda de preços) de 0,68% em julho, de acordo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mesmo com a queda mensal, o IPCA continua em dois dígitos no acumulado de 12 meses. Até julho, a alta ficou em 10,07%. Ainda assim, o índice se mantém muito acima da meta de inflação perseguida pelo BC neste ano ?3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. A autoridade monetária já havia admitido o estouro da meta pelo segundo ano consecutivo.

Campos Neto ressaltou também que a maior parte do trabalho do BC ainda não impactou os preços, dados os efeitos defasados da política monetária sobre a economia. No início de agosto, o Copom elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, a 13,75% ao ano, e disse que avaliará a necessidade de uma nova alta de menor magnitude no próximo encontro.


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