SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez nesta terça-feira (23) um balanço das medidas econômicas de seus três anos e meio de governo diante de uma plateia formada por representantes do setor siderúrgico, para quem voltou a pedir mais atenção aos metais nióbio e grafeno ?ele sempre foi um entusiasta da utilização industrial desses elementos.

Durante quase 40 minutos, Bolsonaro listou realizações de sua gestão, como a criação do teto de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) para combustíveis e energia, que ajudou a derrubar o preços nos postos, a Lei da Liberdade Econômica, a revisão de normas regulamentadoras (as NRs) e a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) produzidos fora da Zona Franca de Manaus (AM).

Fez elogios ao ministro Paulo Guedes, da Economia, e disse que o Brasil será um dos poucos países a encerrar 2022 com variação positiva do PIB, que indica o crescimento da economia. O presidente também destacou a queda nos indicadores de desemprego e a deflação registrada em julho, e que deve ser registrada novamente em agosto.

"Desde o início do nosso mandato temos reduzido impostos no Brasil", afirmou. "Reduzimos em um terço o IPI, que atinge 4.000 produtos, mas está judicializado [o STF suspendeu a medida]. Ninguém quer prejudicar a Zona Franca de Manaus. Se tem algum prejuízo, discute medidas compensatórias, mas não podemos condenar a nossa indústria a correr com uma bola de ferro em uma perna e com um chinês de tanga, livre, do outro lado. A gente vai perder essa corrida."

Bolsonaro participou da abertura do congresso da Aço Brasil, entidade que reúne os 12 grupos do setor de aço do país, em São Paulo, e trouxe a tiracolo seu candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-ministro da Infraestrutura não discursou, mas compôs a mesa de autoridades na cerimônia. A presença do candidato pegou até a organização do evento de surpresa.

Bolsonaro não citou o período eleitoral ou a campanha, iniciada oficialmente na semana passada, mas em mais de um momento pediu que os presentes imaginassem como estaria o Brasil hoje se o segundo colocado ?o hoje candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT)? tivesse sido o vencedor.

Sugeriu aos industriais que eles fizessem comparações e imaginassem para onde o Brasil estava indo.

Fez críticas à esquerda, a quem chamou de mentirosa, citou a Venezuela, e disse que parlamentares da oposição foram contrários à aprovação do Auxílio Emergencial. O aumento provisório do Auxílio Brasil, a que o presidente atribuiu como necessário para enfrentar a alta dos alimentos, só foi aprovado com voto favorável também de partidos à esquerda porque, segundo ele, pegaria mal para o período eleitoral.

Bolsonaro não citou nominalmente seu principal adversário na campanha ao Planalto. Na única menção clara ao ex-presidente Lula, o chamou de "nove dedos" ?o candidato à Presidência pelo PT perdeu um dedo em um acidente de trabalho quando era metalúrgico.

Ao iniciar seu discurso, Bolsonaro defendeu que "o grande legado nosso é escolher ministro com critério". Repetiu também alguns termos usados na entrevista concedida na noite anterior ao Jornal Nacional, da Rede Globo (que depois chamou de "inquisição da Globo"), de que antes de seu governo havia "dutos jorrando dinheiro."

"A liberdade que eu tive de escolher ministros. Vocês não conheceriam o Tarcísio Freitas, tenho certeza disso, com outro presidente, que teria que negociar o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] com todo mundo. Baita de um negócio o Dnit", disse.

Repetindo o que tem feito em eventos públicos, Bolsonaro encaixou em seu discurso menções a seus ex-ministros que são candidatos.

O atual titular do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, conhecido como Juca, foi apresentado como "suplente do [Ricardo] Salles", que é candidato a deputado federal.

Marcos Pontes, ex-ministro da Ciência e Tecnologia, candidato ao Senado, também foi lembrado. "Ninguém tem nada para falar dele. Foi para o espaço e voltou. Formado pelo ITA [Instituto Tecnológico da Aeronáutica] e realmente tem ajudado muito o Brasil na questão da ciência e tecnologia e todos sabem que sem ciência e tecnologia estamos condenados a ser escravos de outros países."

Ao encerrar o discurso, Bolsonaro citou a posse do novo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, alinhado à esquerda, e disse o que país passa por um grande problema.

"Quero agradecer esse momento, a oportunidade e a confiança. Apesar de eu não ter falado nada aqui, vocês sabem o que está acontecendo, sabem fazer comparações de outros governos, sabem do que está acontecendo na América do Sul. Estão pintando a América do Sul de vermelho. Estão sobrando aí o Brasil, o Paraguai, Uruguai, Equador."


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