SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O mercado de câmbio iniciava em alta nesta terça-feira (1º), devolvendo parte da forte valorização do real na véspera e refletindo as tensões provocadas por bloqueios ilegais de estradas promovidos por manifestantes bolsonaristas contra o resultado das eleições.
Investidores também trabalham à espera de um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), que está em silêncio desde o resultado da votação que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), primeiro brasileiro eleito três vezes para a Presidência da República.
Às 9h10, o dólar comercial à vista avançava 0,56%, cotado a R$ 5,1930. Além das tensões domésticas, o câmbio poderá refletir ao longo do dia pressões do exterior, onde investidores se preparam para mais uma forte elevação dos juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).
Nesta segunda-feira (31), o mercado financeiro apresentou volatilidade enquanto investidores ajustavam suas carteiras ao pouco que eles conseguiam enxergar sobre o futuro da economia brasileira.
Ao final do dia de negociações no mercado, o saldo foi positivo para os investimentos em ações. A Bolsa de Valores brasileira fechou em alta de 1,31%, com o Ibovespa escalando aos 116.037 pontos.
O dólar comercial à vista caiu 2,60%, cotado a R$ 5,1640, depois de ter saltado acima dos R$ 5,40 no início do pregão.
"A gente acha que algum perigo vem desses bloqueios dos caminhoneiros, mas o mercado parece não estar se importando muito com isso", disse Rodrigo Natali, estrategista-chefe da INV.
Apesar da valorização da maior parte das ações nesta sessão, principalmente as que pertencem a empresas potencialmente beneficiadas por políticas públicas esperadas para uma gestão petista, houve queda nos preços dos ativos de companhias controladas pelo governo.
Os papéis preferenciais da Petrobras, que são os mais negociados da companhia na Bolsa, derreteram 8,47%. As ações do Banco do Brasil despencaram 4,64%.
Os juros DI (Depósitos Interbancários), como são chamadas as taxas desses contratos negociados entre bancos e que servem de referência para todo o setor de crédito, também caíram no curto, médio e longo prazos.
Analistas do mercado financeiro pontuaram que o desempenho nos próximos dias dos indicadores financeiros mais importantes para medir a confiança de investidores na economia -Ibovespa, dólar e juros- dependerá das indicações do presidente eleito sobre a condução da economia e, além disso, da reação de Bolsonaro e de seus apoiadores à derrota.
Investidores repetiram nesta segunda um movimento de rotação de ações já observado na semana passada, dando preferência aos ativos que podem ser mais favorecidos com a troca de governo.
Cogna e Yduqs, empresas do setor de educação, tiveram seus papéis negociados com valorização de 3,46% e 5,42%, respectivamente. A expectativa sobre esses ativos cresce devido ao histórico petista na inclusão do setor privado nas políticas de expansão do ensino superior, como o ProUni (Programa Universidade para Todos).
Em situação oposta, as ações da Taurus terminaram o dia em queda de 4,67%. A fabricante de armas alcançou ampla valorização durante a gestão de Bolsonaro, que é defensor de políticas para armar a população, flexibilizando inclusive o acesso às armas.
Durante a gestão Bolsonarista, o número de pessoas com licenças registrou aumento de 473% e, de 2018 até o início deste mês, as ações da Taurus tiveram valorização de 670%.
A primeira sessão do mercado após a vitória de Lula também demonstrou que o mercado espera ventos favoráveis para diversos setores potencialmente beneficiados com o aumento da renda das famílias, como transporte aéreo, turismo e varejo.
As companhias aéreas Gol e Azul dispararam 8,83% e 8,91%. A operadora de viagens CVC avançou 9,63%.
A Alpargatas ganhou 9,04% diante da perspectiva de políticas voltadas para a melhora da renda no país.
Entre as promessas de campanha repetidas no discurso após a confirmação do resultado dar urnas, Lula disse que retomará uma política de reajuste do salário mínimo acima da inflação, uma das marcas do período em que governou o país.
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