RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Petrobras teve lucro de R$ 46,1 bilhões no terceiro trimestre de 2022. É o quarto maior já registrado por uma companhia brasileira, segundo dados compilados por Einar Rivero, da TradeMap, em valores corrigidos pela inflação.

O lucro foi menor que o do segundo trimestre, refletindo a queda das cotações do petróleo no período, mas 48% superior ao registrado no mesmo trimestre do ano anterior. Em 2022, o lucro acumulado da estatal soma R$ 145 bilhões.

Com o resultado, o conselho de administração da companhia aprovou a distribuição de R$ 43,7 bilhões em dividendos referentes ao desempenho do trimestre, totalizando R$ 180 bilhões em recursos aos acionistas em 2022.

A elevada remuneração aos acionistas vem ajudando o governo a bancar benefícios sociais aprovados no período pré-eleitoral, mas são alvo de críticas da oposição. Nesta quinta-feira (3), associações sindicais anunciaram que vão questionar os valores na Justiça.

No texto que acompanha o balanço, o diretor Financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo, defende a estratégia da estatal e a prática de preços alinhados ao mercado internacional, embora a empresa esteja segurando reajustes da gasolina há mais de um mês.

"Os números deixam claro o valor que uma companhia pode gerar para a sociedade e seus acionistas, ao fazer as escolhas certas", escreveu Araújo. "Sem preços de mercado corre-se o risco de escassez de produtos, com óbvias consequências negativas para a sociedade como um todo."

Foi o primeiro trimestre sob a gestão de Caio Paes de Andrade, que tomou posse no fim de junho com a missão de "dar nova dinâmica" nos preços dos combustíveis, segundo o presidente Jair Bolsonaro (PL). A missão foi facilitada pela queda nas cotações internacionais em relação ao trimestre anterior.

Segundo estimativa da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), porém, a alta recente do petróleo levou a elevadas defasagens. Na abertura do mercado desta quinta, o preço médio da gasolina nas refinarias da Petrobras estava 13%, ou R$ 0,47 por litro, abaixo das cotações internacionais.

No terceiro trimestre, apesar de queda de 11,4% na cotação do petróleo Brent em relação ao trimestre anterior, a Petrobras vendeu seus combustíveis pelo preço médio recorde de R$ 692,97 por barril, 4,1% acima do segundo trimestre e 64,2% acima do terceiro trimestre de 2021.

Com melhores preços, a receita da estatal cresceu 39,9% na comparação anual, para R$ 170,7 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, subiu 50,5% na mesma base de comparação, para R$ 91,4 bilhões.

O crescimento das vendas também ajudou a impulsionar a receita e a geração de caixa. No terceiro trimestre, a receita com venda de combustíveis cresceu 10,1% em relação ao trimestre anterior e 47,6% na comparação anual.

A dívida bruta da estatal, indicador que ajuda a definir a distribuição de dividendos, ficou em US$ 54,2 bilhões (R$ 282 bilhões, pelo câmbio médio do trimestre). A política de remuneração aos acionistas diz que a empresa pode distribuir até 60% da diferença entre fluxo de caixa quando a dívida estiver abaixo de US$ 65 bilhões.

Nesta quinta, associações ligadas a sindicatos de petroleiros prometeram ir à Justiça tentar reverter a aprovação dos dividendos às vésperas da mudança de governo. O valor também foi criticado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

"Importante destacar que a sociedade brasileira recebe cerca de 37% desse total [de dividendos], a maior parcela individual, além de ser beneficiada pelo pagamento de impostos, no montante de R$ 73 bilhões no terceiro trimestre", defendeu o diretor Financeiro da Petrobras.


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