SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O lançamento do robô inteligente ChatGPT tem feito a comunidade tecnológica especular sobre a chance da plataforma tomar o lugar do Google. O CEO da OpenAI, Sam Altman, diz não acreditar nisso, em entrevista ao veículo digital StrictlyVC, comandado por Connie Loizos, editora do Tech Crunch.

"As pessoas se esquecem que uma empresa gigante pode tomar contramedidas e é muito competente e esperta. Eu, de fato, considero que os modelos de busca passarão por mudanças em algum ponto, mas não serão tão drásticas quanto as pessoas esperam", afirmou ao site.

Nesta sexta-feira (20), o Google anunciou que vai lançar o próprio chatbot com inteligência artificial para concorrer com o ChatGPT. Segundo o New York Times, o comunicado vem após a primeira ameaça ao negócio de US$ 149 bilhões (R$ 774,5 bilhões) que envolve o buscador.

Outra big tech, a Microsoft, vai investir US$ 10 bilhões na OpenAI. A empresa vai incluir o ChatGPT no Azure OpenAI, serviço na nuvem que oferece recursos de inteligência artificial (IA) para empresas. A tecnologia também deve ser usada para implementos no Bing, motor de busca da dona do Windows.

Hoje, a startup de Altman não tem condições de operar na escala do Google. A versão beta do ChatGPT não consegue atender a atual demanda e coloca os usuários em espera com certa frequência.

Em diálogo com Elon Musk, no mês de dezembro, o executivo da OpenAI disse que cada pergunta custa menos de dez centavos. Isso representaria centenas de milhões de dólares por dia, caso o ChatGPT processasse 8,5 bilhões de buscas como o Google.

Segundo o professor de computação da USP André Carlos Ponce de Leon, a tendência é que essa operação se torne mais barata. O ChatGPT já demanda menos tempo de processamento que seu predecessor GPT-3.

Com o avanço tecnológico, máquinas com maior poder computacional também ficam mais baratas. O CEO da Microsoft, Satya Nadella, afirmou em Davos a inteligência artificial avançará de mãos dadas com a computação quântica, ramo que promete revolucionar a capacidade de processamento de hardwares.

Os cortes no custo operacional renderam à OpenAI seu maior escândalo até o momento. A revista Time revelou que a dona do ChatGPT terceirizava trabalho no Quênia para etiquetar textos sobre violência extrema e assuntos sexuais.

Um dos trabalhadores relatou à revista sofrer com sintomas de estresse pós-traumático. Os salários por hora variavam entre US$ 1,34 e US$ 2 -em torno de R$ 1.482 a R$ 2.245 por mês.

O uso de serviço barato no sul global é fundamental no treinamento de inteligências artificiais, segundo o pesquisador do Oxford Internet Institute Jonas Valente. "Tem trabalhos que demorariam anos para serem feitos por equipes de pesquisa enxuta, que são feitos em meses por exércitos de pessoas dedicadas ao microtrabalho".


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