BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - As ações de empresas de energia registram forte queda na Bolsa brasileira nesta sexta-feira (17). A perda de valor é uma reação do mercado financeiro à prevista indicação de Efrain Cruz para ocupar o cargo de secretário-executivo no MME (Ministério de Minas e Energia).

Entre o fechamento de quinta-feira (16) e o meio-dia desta sexta, as empresas do setor de energia perderam R$ 10 bilhões em valor de mercado. Às 12h, os papeis da Energisa caíam -8.3%, Equatorial, -4.6%; CPFL, -4.5%; Eletrobras, -4.5%; Neoenergia, -3.1%.

São quedas bem mais acentuadas que a do Ibovespa, principal índice da Bolsa, que iniciou a tarde em queda de 1,18%, ainda refletindo o temor em relação a uma eventual crise bancária nos Estados Unidos e União Europeia.

A expectativa é que a escolha seja publicada ainda nesta sexta no DOU (Diário Oficial da União).

Segundo gestores ouvidos pela reportagem, que preferem não ter o nome citado, a indicação de Efrain elevou a percepção de risco político no setor de energia. Efrain, repetiram profissionais de diferentes casas financeiras e bancos, é associado a grupos políticos ligados ao Centrão e visto como representante de lobbies, especialmente no setor de gás.

Procurados pela reportagem, Efrain e a assessoria do MME não haviam respondido a pedido de comentário até a publicação deste texto.

As quedas são mais acentuadas nas ações de empresas de distribuição, por serem mais suscetíveis a decisões do ministério, como a que definirá o processo de renovação das concessões.

A queda da Eletrobras, que concentra geradores de energia, indica que ganhou força a leitura de que intervenções políticas podem prevalecer nas decisões do governo, elevando o risco de reestatização.

Quando diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Efrain represou a análise de temas considerados vitais para o setor, como a devolução de ICMS, e criou um histórico de contrariar pareceres das áreas técnicas e da procuradoria da agência.

Passados quase três da posse do novo governo, o MME segue sem secretário-executivo, o principal gestor da pasta, por divergências entre o novo ministro, Alexandre Silveira, e a Casa Civil. Segunda Folha apurou, Silveira, inicialmente cogitou o nome de Efrain, mas foi dissuadido por executivos do setor, que alertaram sobre a percepção negativa de empresas e investidores em relação ao nome. .

Silveira passou, então, a defender o nome de Bruno Eustáquio, que havia sido secretário-adjunto da pasta e secretário-executivo do Ministério de Infraestrutura no governo anterior. Como o executivo ocupou cargo de confiança na gestão bolsonarista, foi vetado pela Casa Civil.

Com a recusa, Efrain se cacifou com apoio de senadores como David Alcolumbre (União Brasil-AP) e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.


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