SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu esta terça (4) alternando estabilidade e leve queda frente ao real, acompanhando a fraqueza externa da divisa norte-americana, enquanto investidores aguardam novas falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Às 9h46, a moeda americana era vendida à vista por R$ 5,0671, um recuo de 0,07%.
O Ibovespa abriu com viés positivo nesta terça-feira, em meio a um ambiente favorável a ativos de risco no exterior, enquanto o noticiário corporativo no Brasil destacava acordo da Natura&Co para vender a unidade Aesop à francesa L'Oréal por 2,5 bilhões de dólares.
Às 10:03, o Ibovespa subia 0,04%, a 101.543,76 pontos.
Nesta terça-feira, serão divulgados os dados semanais de pedidos de seguro-desemprego, além do relatório de oferta de vagas de trabalho no país. Todos estes índices servem como parâmetro de projeções para o Payroll, dado mais amplo sobre emprego nos EUA, que sai na próxima sexta-feira (7).
Investidores também devem ficar atentos à participação de Haddad, em evento que também terá falas do secretário de Reforma Tributária da pasta, Bernard Appy, e de um diretor do Banco Central.
Haddad faz participação virtual a partir das 17h no evento Brazil Investment Forum do Bradesco BBI, e investidores devem buscar mais sinalizações do ministro sobre os detalhes da recém-apresentada proposta de arcabouço fiscal.
Na B3, às 9h46, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,04%, a R$ 5,0870.
Essa queda estava em linha com a leve desvalorização do índice do dólar contra uma cesta de pares fortes nesta manhã, com pares emergentes do real alternando estabilidade e perdas marginais.
Segundo Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, investidores estão "deixando um pouco de lado as preocupações sobre os efeitos inflacionários de um corte inesperado na produção de petróleo da Opep", o que sustentava o apetite global por risco.
A forte alta do petróleo faz com que a Bolsa fechasse em queda nesta segunda-feira (3). Porém, no final, a alta das ações da Petrobras fez com que o desempenho geral tivesse uma melhora no final do pregão, compensando os efeitos da forte alta do petróleo em bancos e varejistas, impactados pela perspectiva de alta da inflação.
O Ibovespa fechou em baixa de 0,37%, a 101.506 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou a atingir os 100.650 pontos. O dólar comercial à vista fechou praticamente estável, com leve alta de 0,01%, a R$ 5,070.
No mercado de futuros, os juros também ficaram próximos da estabilidade. Nos contratos para janeiro de 2024, a taxa passou dos 13,19% da última sexta-feira (31) para 13,20% nesta segunda-feira. Para janeiro de 2025, a taxa apresentou leve queda, de 12,01% para 11,97%. No vencimento em janeiro de 2027, os juros passaram de 12,07% para 12,04%.
A cotação do petróleo tipo Brent subia 6,33% às 17h00 (horário de Brasília), com o valor do barril saindo de menos de US$ 80 na última sexta-feira (31) para perto de US$ 84,82 nesta segunda-feira.
A Arábia Saudita e outros membros do grupo Opep+ anunciaram de surpresa neste domingo (2) cortes na produção de petróleo, num total de mais de 1 milhão de barris por dia.
Riad implementará um "corte voluntário" de 500 mil barris diários, ou pouco menos de 5% de sua produção, em "coordenação com alguns outros países da Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] e não Opep", disse o país neste domingo.
A Rússia, membro da Opep+, afirmou que estenderá seu atual corte de produção de 500 mil barris/dia até o fim do ano. A redução de Moscou foi anunciada pela primeira vez em março, em retaliação contra as medidas dos países ocidentais de impor um teto de preço às exportações marítimas de petróleo russo, em razão da Guerra da Ucrânia.
A Rystad Energy disse acreditar que os cortes aumentarão o aperto no mercado de petróleo e elevarão os preços acima de US$ 100 o barril pelo resto do ano, possivelmente levando o Brent tão alto quanto US$ 110 (R$ 559).
O UBS também espera que o Brent chegue a US$ 100 até junho, enquanto o Goldman Sachs elevou sua previsão de dezembro em US$ 5, para US$ 95 (482).
Entre as ações, houve uma divisão clara nos impactos desta medida. As petroleiras lideram as altas do Ibovespa nesta segunda, enquanto varejistas, bancos e aéreas estão em baixa.
As ações ordinária e preferenciais da Petrobras subiram 4,75% e 4,43%, respectivamente. As ordinárias de 3R Petroleum fecharam com alta de 1,56%, e as da PRIO avançaram 3,87%.
No varejo, destaque para as ações ordinárias de Lojas Renner e Grupo Soma, com quedas de 7% e 5,79%, respectivamente. A ordinária do Assaí caiu 4,95%. Entre os grandes bancos, a maior baixa estava com a preferencial do Itaú, caindo 2,79%. As preferenciais das aéreas Azul e Gol caíam cerca de 4,15% e 3,89%.
Ainda no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta segunda-feira (3), discordar de avaliações negativas sobre o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano. Segundo ele, o crescimento da economia vai ser maior do que preveem os "pessimistas".
A declaração ocorreu na abertura de reunião com ministros no Palácio do Planalto, no mesmo dia em que o Boletim Focus divulgou média da projeção do PIB estacionada em 0,9%.
Em Nova York, o dia foi de muitas oscilações, mas o fechamento foi predominantemente positivo. "O entendimento inicial era de que o corte da produção de petróleo poderia gerar mais inflação. Mas essa percepção se dissipou após a divulgação do PMI dos Estados Unidos, que fez os juros americanos recuarem", afirma Nishimura.
O índice Dow Jones encerrou a segunda-feira em alta de 0,98%. O S&P 500 fechou com avanço de 0,37%. O Nasdaq, composto por empresas de tecnologia, mais sensíveis à qualquer percepção de alta de inflação e juros, caiu 0,27%.
Um dos membro do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), James Bullard disse nesta segunda-feira à Bloomberg que a tarefa de controlar a inflação pode ficar mais difícil com os cortes na produção de petróleo.
Para o governador do Texas, Greg Abbott, o movimento da Opep+ é uma oportunidade para que a Lone Star impulsione a produção de gás de xisto, visto pelos Estados Unidos como alternativa energética ao petróleo.
Segundo informa a Bloomberg, o governador aponta um potencial para aumentar em 1 milhão de barris por dia a produção da empresa, levando a um total de 6 milhões de barris diários no estado americano.
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