SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O aplicativo Minetoo, que oferece assentos em voos em jatinhos privados, tem passagens de São Paulo ao Rio de Janeiro a partir de R$ 1.900.
Os voos geralmente partem do Campo de Marte, na zona norte paulistana, e chegam em Jacarepaguá, na zona oeste carioca.
O valor não está tão distante do cobrado na aviação comercial. Um voo de Congonhas ao Santos Dumont, para meados de maio, custa em torno de R$ 1.400 na Latam ou na Azul, se comprado cerca de 15 dias antes.
O preço da Minetoo varia de acordo com diversos fatores, como o tamanho e conforto da aeronave e se o passageiro está disposto a dividir espaço com desconhecidos para baratear o voo. Uma viagem individual e exclusiva em um avião mais luxuoso, de São Paulo ao Rio, pode superar os R$ 20 mil na plataforma.
A Minetoo oferece voos em jatinhos privados por meio de um aplicativo. Após baixar e fazer o cadastro, o cliente pode pesquisar se há voos disponíveis na rota e data desejadas. Por enquanto, não há taxa de cadastro ou mensalidade.
De modo geral, os preços são fixos: não ficam mais caros conforme a data da viagem se aproxima ou em dias de grande movimento, como feriados, segundo a empresa.
A Minetoo começou a operar em agosto de 2022 e lançou um app em dezembro. Atualmente, tem 23 aeronaves cadastradas e mais 12 em processo de inclusão.
"No primeiro trimestre deste ano, o app recebeu 6.900 buscas de voos, sendo que 5% delas resultaram em viagens. Essas demandas foram feitas por cerca de 700 associados", diz Boni Junior, CEO da empresa.
A empresa está em expansão. Nos primeiros meses, a área de voo era limitada a 500 km de distância da cidade de São Paulo. Agora, estão sendo negociadas novas bases em Brasília, Rio de Janeiro e na região Norte do país.
"Para este ano, a gente espera ter 12 postos avançados, em todas as regiões do Brasil, e chegar a 65 aeronaves", projeta Junior.
Os postos avançados servem para facilitar a operação, mas os passageiros podem voar para praticamente qualquer aeroporto do país que tenha capacidade para receber as aeronaves disponíveis, mesmo os que ficam dentro de condomínios fechados.
Em um modelo que lembra o da Uber, a empresa não tem jatinhos próprios, mas faz acordo com proprietários deles. Com isso, os donos avisam o tempo em que suas aeronaves estarão ociosas e disponíveis para viagens de terceiros.
A lei brasileira impede que aviões particulares façam viagens remuneradas. Assim, os recursos obtidos com as viagens feitas pelo aplicativo são usadas para ajudar a custear os gastos de manutenção da aeronave, como trocas programadas de peças e o uso de hangares.
Outra vantagem oferecida aos donos de aeronaves é poder comprar combustível de aviação a preços melhores. O gasto para abastecer costuma representar quase 50% do custo de voar.
A empresa também oferece pilotos para fazer as viagens, escolhidos entre profissionais contratados ou de uma lista de freelancers, que passaram por avaliações da empresa.
Junior explica que o mercado de aviação exige que os pilotos tenham um número mínimo de horas de voo para obter certificações e poderem conduzir aviões maiores, mas que obter horas de voo é complicado: uma hora de voo de treino pode custar R$ 1.500.
A Minetoo quer atrair pilotos em formação, para que eles possam acumular mais horas nas aeronaves para quais já são certificados e, assim, avançar na carreira. Eles também podem atuar como co-pilotos, ao lado de comandantes mais experientes.
A empresa também adotou um software para conectar e encontrar mais rapidamente condutores aptos a conduzir as aeronaves da frota, ampliando as oportunidades de trabalho para eles.
Júnior vê um grande mercado de aeronaves ociosas que poderiam entrar na plataforma. "Hoje temos de 15 mil a 16 mil aeronaves registradas no Brasil. De 8.000 a 12 mil delas são privadas. E as aeronaves particulares geralmente ficam de 70% a 80% do tempo paradas", aponta.
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