SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Amazon mira telefonia móvel, startup de planos de saúde capta R$ 90 milhões e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (5).

**AMAZON DE OLHO EM MAIS UM SETOR**

As ações das maiores empresas de telefonia dos EUA caíram na última sexta (02) com a notícia publicada pela Bloomberg de que a Amazon negocia sua entrada no setor.

O QUE NOTICIOU A BLOOMBERG

A varejista está conversando com grandes operadoras, como Verizon e T-Mobile, com a ideia de oferecer planos de telefonia móvel por US$ 10 (R$ 50) por mês.

O serviço poderia ser inclusive gratuito para membros do plano de assinatura Prime.

Outra empresa citada foi a Dish Network, operadora de TV por satélite que vem há algum tempo investindo em infraestrutura para entrar no setor de telefonia móvel.

Os detalhes, segundo a reportagem, poderiam ser anunciados ainda em junho, apesar de existirem fatores que possam adiar ou inviabilizar o lançamento.

Em nota, a Amazon afirmou que segue explorando novos benefícios para membros Prime, mas que "não há planos de adicionar redes móveis neste momento". T-Mobile e Verizon também negaram haver conversas nesse sentido.

As ações da Dish fecharam em alta de 16%, enquanto as de Verizon e T-Mobile recuaram 3,2% e 5,6%, respectivamente.

O QUE EXPLICA A REAÇÃO DO MERCADO

A entrada da big tech certamente abalaria as concorrentes que já operam no setor, o que poderia levar a uma guerra de preços e queda de margens.

Já uma eventual parceria com a Dish daria escala às operações da companhia e a colocaria entre as gigantes da telecom. Conversas entre as duas já haviam sido noticiadas pelo Wall Street Journal no mês passado.

QUAL A IDEIA DA AMAZON?

A empresa fundada por Jeff Bezos tem investido em uma série de setores além do varejo. A inspiração pode estar na China, onde o modelo de empresas "tudo em um" já é consolidado.

Para citar apenas um exemplo, no ano passado ela gastou US$ 3,9 bilhões (R$ 19,3 bilhões) para comprar a One Medical, de serviços de saúde.

Em comum, as empresas recém-adquiridas pela Amazon lidam com uma quantidade massiva de dados de usuários ?assim como as telecoms.

**STARTUP DA SEMANA: SAMI**

Fundada em 2020, a healthtech (startup de saúde) é uma operadora de planos de saúde empresariais a partir de uma vida ?opção que inclui os MEIs (Microempreendedor Individuais).

Com 18 mil usuários ativos, a Sami quer chegar a 27 mil neste ano e dobrar o faturamento, para R$120 milhões.

O breakeven (equilíbrio entre receitas e custos) é esperado para até 2024.

EM NÚMEROS

A startup anunciou na última semana uma captação de US$ 18 milhões (cerca de R$ 90 milhões) em uma rodada série B (entenda aqui as etapas de investimento em startups).

QUEM INVESTIU

O aporte foi liderado por Redpoint eventures e Mundi Ventures ?fundo europeu com 500 milhões de euros sob gestão que agora passa a investir na América Latina, onde pretende alocar US$ 100 milhões.

QUE PROBLEMA RESOLVE

A Sami é uma das healthtechs fundadas durante a pandemia com a ideia de apostar no tratamento preventivo para reduzir internações ?e, consequentemente, despesas.

O primeiro atendimento costuma ser pelo app, por onde o usuário se consulta com uma equipe formada por médico de família, coordenador e enfermeiro.

A empresa diz que a frequência de internação nos últimos 12 meses foi 39% menor do que as grandes seguradoras e 9% abaixo das operadoras verticalizadas.

Por que é destaque: o aporte é raro para os dias atuais, em que o foco está em rodadas menores e em fases iniciais, mas também mostra o interesse dos investidores em um setor que passa por dificuldades no país.

Os planos de saúde fecharam com prejuízo operacional de R$ 11,5 bilhões em 2022, com uma taxa de sinistralidade (relação entre o custo dos procedimentos e o valor pago pelos usuários) de 89,21% no último trimestre.

A Sami, por outro lado, diz que seu patamar de sinistralidade está em cerca de 71%.

NÚMEROS DO MERCADO

Seguindo o cenário negativo recente, os investimentos em startups da América Latina divulgados em maio deste ano registraram o pior patamar desde julho de 2020.

Foram 70 rodadas com US$ 253 milhões (R$ 1,2 bi) investidos, queda de 81% em relação ao mesmo mês de 2022. Considerando apenas o Brasil, o tombo foi quase do mesmo tamanho (79%).

Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.

**GASTOS COM CARTÕES NO EXTERIOR AUMENTAM**

No primeiro ano livre das restrições promovidas durante a pandemia, os gastos de brasileiros com cartões no exterior alcançaram US$ 2,72 bilhões (R$ 13,47 bilhões) no primeiro trimestre.

Na comparação com o mesmo período do ano passado é uma alta de 53%. Em relação a 2019, ano pré-pandemia, o crescimento foi de 23,6%.

O QUE EXPLICA

Além da retomada das viagens, hoje os brasileiros têm muito mais opções, tanto em fintechs quanto em bancões, para adotar a modalidade de cartão internacional.

O principal benefício dessas contas globais é a cobrança de IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras), cuja alíquota é de 1,1%.

Quando o consumidor usa um cartão emitido no Brasil para fazer compras lá fora (presencialmente ou em sites do exterior), essa taxa vai para 5,38%.

As contas globais também passaram a ser mais procuradas recentemente por investidores que desejam diversificar suas carteiras, tanto com a compra direta de ações lá fora quanto com a aquisição de títulos da dívida americana.

QUEM ESTÁ NA JOGADA

Há bancos digitais brasileiras (Nomad, Inter, BS2, XP), fintechs internacionais que operam aqui (Revolut, Wise), empresas que são sócias de bancões (Avenue-Itaú, C6-JP Morgan), entre outros.

**VAREJO VÊ POUCO ESPAÇO PARA ALÍVIO**

Depois de um primeiro trimestre negativo para o varejo, demonstrado por prejuízo, aumento das perdas ou queda no lucro das dez grandes redes do país com ações em Bolsa, a luz no fim do túnel para o setor não parece tão próxima.

Mesmo que o início do ciclo de corte de juros se confirme no segundo semestre, como esperam os analistas, o setor ainda conviverá com uma taxa em patamares altos e uma população endividada que já consumiu boa parte da poupança construída durante a pandemia.

EM NÚMEROS

Os saques líquidos (retiradas menos depósitos) da poupança chegaram a R$ 57,5 bilhões em abril, segundo dados do BC.

O patamar representa mais da metade do ano passado inteiro (R$ 103,2 bilhões), quando atingiu patamar recorde.

Por que os juros penalizam mais o setor? Porque ele atinge em cheio as duas pontas:

As varejistas são muito dependentes de crédito para operar. Com a Selic nas alturas, não só novos empréstimos se tornam mais caros, mas também a gestão da dívida assumida em anos anteriores.

Sem poupança e endividados, os consumidores perdem o apetite. As compras parceladas sem juros, que poderiam ajudar, são cada vez mais raras diante do menor acesso das empresas à crédito.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

MERCADO

Fila do Bolsa Família volta sob Lula e deixa 438 mil famílias à espera. Governo não detalha razões para adiar inclusão de famílias; orçamento do programa foi reduzido em R$7 bi em março.

ITAÚ

Empresas demitem funcionários por fraude no plano de saúde. Grandes companhias como Itaú e CCR já fizeram cortes; setor diz que investigação de golpes cresceu.

MERCADO

Relatório sobre reforma tributária será apresentado na terça com três novos impostos. Exceções para alimentos, saúde e educação também estão previstas.

MERCADO

Brasil é o 2º maior mercado de perfumes do mundo, com vendas de R$ 34 bi ao ano, que não diminuíram nem na pandemia.

MERCADO DE TRABALHO

Ex-funcionário do Magalu distribui cupom em email de despedida e ganha bônus. Analista de marketing diz ter 'monetizado demissão' após distribuir voucher de 25% e bater meta de receita.


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