RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Americanas confirmou em comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que as negociações com bancos credores incluem uma cláusula que impede que seus acionistas de referência vendam suas ações por um determinado período.
A medida foi antecipada nesta segunda-feira (12) pela Bloomberg e confirmada pela Folha de S.Paulo. Segundo fontes, o período do impedimento para venda de ações seria de três anos. A empresa, porém, não confirma o prazo.
Os acionistas de referência são o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
No comunicado à CVM, a Americanas diz que a implantação de uma cláusula de "lock-up", como é conhecido o impedimento para venda de ações, é parte "de uma negociação mais ampla" com credores. "A
abrangência desse 'lock-up' ainda está em discussão no âmbito do acordo mais amplo", afirma.
O lock-up já teria sido aceito pelo trio, mas ainda não foi batido o martelo sobre o período, segundo fontes próximas aos credores.
"Em que pese ainda não haver consenso com seus credores financeiros em relação à última proposta apresentada, a companhia segue empenhada em manter negociações construtivas com seus credores em busca de uma solução que permita a continuidade de suas atividades", continua o texto.
Quando o acordo estiver concluído, diz a Americanas, todo o seu conteúdo será divulgado ao mercado. O trio de bilionários se comprometeu a aportar R$ 12 bilhões como parte das negociações com credores.
Os grandes bancos têm cerca de R$ 24 bilhões a receber da Americanas e parte das dívidas será convertida em ações da varejista. Dessa forma, o lock-up garante que o trio de bilionários não deixará uma empresa em dificuldades nas mãos dos novos sócios.
Nesta terça (13), quase cinco meses após a divulgação do escândalo contábil que deu início à crise da varejista, a Americanas assumiu que suas demonstrações financeiras vinham sendo fraudadas pela gestão anterior.
O relatório foi baseado em documentos do comitê de investigação independente, criado no final de janeiro. A Americanas afirma que a fraude ocorria na suposta contratação de bônus junto à indústria -uma prática comum no varejo, quando fabricantes dão descontos para grandes encomendas.
Mas estes descontos não ocorreram de fato. Com as supostas negociações vantajosas, a companhia melhorava o seu balanço. Por outro lado, para cumprir o pagamento aos fornecedores, contratava empréstimos e aumentava o seu passivo.
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