SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Enquanto a oferta de serviço se expande, o custo dos terminais terrestres ainda é uma barreira para a popularização da internet por satélite.

Ainda assim, a alternativa costuma ser uma solução indicada para regiões com menos infraestrutura e sem boas opções de serviços de alta velocidade.

Para tentar contornar o problema, a Starlink, do bilionário Elon Musk, tem subsidiado esses equipamentos. Chegou a ofertar o kit no Brasil em uma promoção recente por R$ 1.000 (50% de desconto) e cobrar R$ 184 pela mensalidade (20% de desconto).

Na semana passada, o equipamento saía por R$ 2.000, e a mensalidade continuava em R$ 184. Também era cobrada uma taxa de serviço e mais R$ 1.196,01 em impostos.

Nos bastidores, um concorrente do setor chegou a especular se a Starlink estaria praticando dumping ao fazer as promoções --já que os componentes importados custariam mais que o valor cobrado pelo equipamento.

À reportagem, no entanto, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) disse não ter recebido comunicação ou notificação sobre dumping da Starlink do Brasil até o momento.

Conforme o número de usuários no Brasil aumenta, o desempenho da Starlink vai piorando, segundo aponta um levantamento da Ookla, baseado em dados do medidor de velocidade Speedtest, que a comparou com outros serviços por satélite na região.

No segundo trimestre de 2022, a Starlink no Brasil tinha tido velocidade de download média de 128,38 Mbps --melhor desempenho da empresa em todos os mercados avaliados--, velocidade de upload de 26,06 Mbps e latência de 38 milissegundos, ainda segundo a Ookla.

Já no primeiro trimestre de 2023, a Starlink do Brasil apresentou velocidade média de downloads de 70,92 Mbps, ante 91,64 Mbps no trimestre anterior e ficando abaixo da média das demais conexões (91,80 Mbps). Também houve piora no desempenho de uploads (de 16,58 Mbps para 13,95 Mbps) e na latência média (de 64 ms para 75 ms --nesse caso, quanto mais baixa, melhor).

Procurada, a Starlink não havia se pronunciado até a publicação deste texto.

Além do serviço de Musk, o Brasil conta com outras opções de internet por satélite, como a ViaSat, que usa órbita geoestacionária --acima dos equipamentos de baixa órbita. O último satélite lançado por ela, o ViaSat-3 Americas, fica a 36 mil quilômetros da Terra.

A empresa tem planos que variam de R$ 179 a R$ 649. "Quanto ao equipamento, o modelo da Viasat considera que o custo é diluído dentro do valor mensal pago pelo cliente", diz.

Também segundo o relatório da Ookla, a Viasat Brasil teve velocidade média de downloads de 14,41 Mbps, velocidade média de uploads de 1,42 Mbps e latência de 685 ms no primeiro trimestre de 2023. No quarto trimestre de 2022, os números eram 47,24 Mbps, 1,07 Mbps e 645 ms, respectivamente.

Segundo a Viasat, nos dados referentes ao quarto trimestre, apenas o desempenho relacionado aos clientes de mobilidade (tráfego das aeronaves), que possuem planos com velocidades muito maiores do que dos clientes residenciais, estava sendo reportado.

"Já no início do ano, após realizarmos ajustes na rede, o relatório da Ookla também começou a reportar o desempenho dos acessos residenciais, o que reduziu a média geral em razão das velocidades menores desses clientes."

Já a HughesNet se define como uma internet rural que funciona via satélite. "Com essa tecnologia, podemos chegar a lugares mais distantes dos centros urbanos, como sítios, chácaras, fazendas, casas de campo, palafitas, regiões litorâneas e muito mais."

As conexões por fibra óptica ou cabo no campo estão em menos de 40% dos domicílios, ante 64% nas cidades, segundo dados do Cetic.br divulgados em 2022.

No site da Hughesnet, os planos de internet eram ofertados na semana passada por valores a partir de R$ 189 mensais (20 giga de dados + bônus de 120) até R$ 299 mensais (100 giga + bônus de 200), sendo que a oferta de pacotes varia de acordo com a região.

Os planos residenciais têm permanência de 12 meses e taxa de adesão. Caso haja desistência antecipada, haverá cobrança proporcional equivalente à taxa de adesão, de R$ 1.359.

No primeiro trimestre, a Hughesnet teve velocidade média de downloads de 9,41 Mbps, velocidade de uploads de 2,12 Mbps e latência de 869 ms, de acordo com a Ookla. No quarto trimestre de 2022, os números eram 9,70 Mbps, 1,99 Mbps e 855 ms, respectivamente.


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