SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar caiu 0,46% e fechou cotado a R$ 4,882 nesta quinta-feira (10), após a divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos, que vieram em linha com o esperado e reforçaram as expectativas de que a alta de juros no país já chegou ao fim.
Falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, aprofundaram as perdas da moeda americana no início da tarde, e o dólar chegou a bater os R$ 4,841 na mínima do dia. O dólar, porém, passou a subir também no exterior, o que reduziu a performance do real sobre a divisa nesta quinta.
Já a Bolsa Brasileira ensaiou uma recuperação pela manhã e chegou a superar os 119 mil pontos, em linha com o otimismo no exterior. No entanto, o Ibovespa não conseguiu sustentar os ganhos e fechou em queda pelo oitavo pregão consecutivo, registrando baixa de 0,04%, praticamente estável aos 118.349 pontos.
Nesta quinta, o Departamento do Trabalho dos EUA mostrou que a inflação do país teve alta moderada em julho. O índice de preços ao consumidor subiu 0,2% no mês, no mesmo ritmo de junho, e avançou 3,2% em 12 meses.
Os dados vieram em linha com o esperado pelo mercado. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice de preços ao consumidor subiria 0,2% no mês passado e 3,3% na comparação anual.
"No geral, a tendência da inflação é mais descendente do que no início do ano", disse Sam Bullard, economista sênior do Wells Fargo.
O relatório de inflação desta quinta-feira foi um dos dois antes da reunião de política do banco central dos EUA, de 19 a 20 de setembro. Analistas esperam que o Fed deixe sua taxa de juros inalterada nessa reunião, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, e os dados desta quinta reforçaram essas apostas.
Com isso, o dólar teve forte queda em todo o mundo no início da manhã, mas mostrou recuperação ao longo dia e retomou um pouco de força no exterior, passando a ter alta ante uma cesta de moedas fortes. O movimento também segurou a queda da moeda norte-americana no Brasil, reduzindo as perdas para menos de 1%.
Apesar do recuo desta quinta-feira, a moeda à vista acumula alta de 3,28% ante o real em agosto, em parte pela visão de que, com o BC reduzindo a taxa básica Selic e o Fed praticando juros em níveis ainda elevados, a renda fixa brasileira torna-se menos atrativa.
No Brasil, as perdas do dólar foram aprofundadas por discurso de Roberto Campos Neto, que afirmou que o BC está conseguindo realizar um "pouso suave" contra a alta de preços. Ao mesmo tempo, pontuou que a inflação de serviços no Brasil "preocupa um pouco mais", citando que o núcleo -que exclui itens mais voláteis- ainda está alto.
Com isso, as curvas de juros futuros mais curtas registraram queda. Os contratos para 2024 saíam de 12,45% para 12,43%, enquanto os para 2025 caíam de 10,44% para 10,38%. As mais longas (a partir de 2030), porém, registraram leves altas.
"A curva de juros mostrou queda na ponta curta e intermediária, mas se elevou nos vencimentos mais longos, que acompanharam os rendimentos dos títulos americanos. A fala do presidente do BC, Roberto Campos Neto, ajudou na redução das taxas dos vencimentos mais curtos, com uma leitura benigna da confiança da autoridade monetária para a melhora da inflação e encaminhamento para a meta em 2025", afirma o economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos.
Na sexta (11), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) deve divulgar dados de inflação do Brasil. O mercado espera que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho registre alta de 0,08%, no que seria uma leve aceleração com relação ao mês anterior, quando o índice registrou alta de mesmo valor.
Com apoio do exterior, a Bolsa brasileira operou em alta ao longo do dia, mas perdeu o fôlego e fechou praticamente estável. A principal virada foi da Petrobras, que iniciou o pregão subindo, mas reverteu os ganhos em meio à queda dos preços do petróleo no exterior.
Já as ações da Vale registraram queda de 1,19% e pressionaram o Ibovespa durante todo o pregão, também impactadas pelo declínio das commodities.
Na ponta positiva, o setor financeiro foi um dos destaques. O Banco do Brasil, que divulgou na quarta (9) seu balanço do segundo trimestre, subiu 0,66% e estava entre os papéis mais negociados da sessão após ter registrado alta de 11,7% no lucro do período. As ações do Bradesco tiveram alta de 0,52%.
As maiores altas do dia, no entanto, foram das empresas aéreas, e a líder de ganhos foi a Azul, que subiu 10,30% após reportar diminuição no prejuízo do segundo trimestre.
"O aumento do tráfego de passageiros e redução de despesas operacionais também contribuíram para a performance positiva da empresa. A ação foi amplamente desvalorizada anteriormente devido aos efeitos da pandemia, valorização do dólar, aumento dos preços dos combustíveis e taxa de juros. Qualquer dado positivo impacta significativamente sobre o preço da ação", diz Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.
Na esteira do otimismo no setor, as ações da Gol também ficaram entre as maiores do pregão, com alta de 5,94%.
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários operavam em alta em meio ao otimismo com a inflação do país. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq subiam 0,03%, 0,15% e 0,12%, respectivamente.
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!