SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em um espaço separado no aeroporto de Congonhas, rodeado pelos hangares das principais companhias aéreas que operam no país, dezenas de jatinhos e helicópteros atraíram nesta semana a atenção de empresários, jornalistas e profissionais da aviação.
Impulsionadas pela pandemia, fabricantes e outras empresas do mercado de aviação de negócios expunham seus modelos mais luxuosos e avançados com a finalidade de chamar atenção dos compradores que passavam pelo pátio da Labace, feira anual do segmento organizada pela Abag (Associação Brasileira da Aviação Geral).
Destaque do evento, a fabricante francesa Dassault Aviation apresentou duas aeronaves, entre elas o imenso Falcon 8x, que custa US$ 67 milhões (cerca de R$ 327,8 milhões).
O jato executivo, que tem aproximadamente 24,5 metros de comprimento e 7,9 metros de altura, é o mais avançado da marca e tem alcance de 11,9 mil km. A distância é suficiente para ligar São Paulo a Moscou sem fazer escalas.
Entre as empresas brasileiras, a Embraer apresentou duas aeronaves, o Phenom 300E e o Praetor 600 -essa última é o lançamento mais recente da empresa no segmento de aviação executiva e custa US$ 25,5 milhões (em torno R$ 124,8 milhões).
A TAM, por sua vez, exibia helicópteros, jatos e turboélices. O mais caro deles era o Citation Latitude, jato que tem alcance de 5.000 km e vale US$ 20,3 milhões (cerca de R$ 99 milhões), sem impostos.
De acordo com o presidente da empresa, Leonardo Fiuza, cinco unidades das aeronaves expostas já foram comercializadas durante a feira nos dois primeiros dias. Ele não revela quais modelos haviam sido vendidos por questões estratégicas.
O portfólio da TAM reúne 23 produtos de companhias estrangeiras como as fabricantes americanas Bell e Cessna. A faixa de preço varia de US$ 700 mil a US$ 30 milhões.
"O mercado está bom neste momento e a tendência é que continue assim. Houve um boom na pandemia. Não vejo uma queda [nas vendas] em um horizonte próximo nem um outro pico", diz Fiuza.
Segundo levantamento divulgado pela Abag, a frota da aviação executiva no país chegou a 9.696 aeronaves em maio, crescimento de 2,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os jatinhos representam 8% do montante, enquanto os aviões com motor a pistão, muito utilizados pelo agronegócio, são uma fatia de 60%.
"Com a pandemia, houve um efeito no mundo todo -e não estou falando somente do Brasil- de as pessoas começarem a comprar aeronaves. Aqui, o agronegócio não parou. Os aviões foram para esses caras. Eles compraram para danar", afirma Flávio Pires, CEO da Abag.
A italiana Tecnam apresentou seus modelos de aviões pela primeira vez na Labace. Há um ano operando no Brasil, o agronegócio vem alavancando a receita da empresa no país.
Segundo o gerente comercial Felipe Silveira, a marca fechou quatro vendas durante a feira e um contrato com uma escola de pilotos para mais dois pedidos. Os modelos da Tecnam são aviões a pistão e operam em qualquer tipo de pista, inclusive a de terra. De acordo com Silveira, as aeronaves têm como principal diferencial a economia no consumo do combustível
Anderson Markiewicz, diretor de vendas da Líder Aviação, que é representante exclusiva no país do HondaJet Elite II -modelo apresentado pela empresa no evento-, também chama atenção para a demanda do mercado imobiliário durante a pandemia.
Com a baixa histórica na Selic, a 2% em 2020, construtoras atraíram rentistas, que passaram a comprar imóveis. Na esteira do fortalecimento do setor à época, empresários passaram a procurar jatinhos, explica Markiewicz.
Para o futuro próximo, ele aponta para uma acomodação do mercado. "Talvez caia um pouquinho porque tudo que dá um tiro alto cai e depois se mantém no patamar."
Também surfam na onda da aviação executiva empresas chamadas de traders, que prestam uma espécie de consultoria para companhias e empresários interessados em importar aeronaves de fora do país.
É o caso da Timbro, que, dentre seus serviços prestados, gere e executa a importação de jatos para grandes empresas. A companhia, que está atendendo clientes durante a feira, registrou faturamento bruto de R$ 11 bilhões no ano passado.
"O pessoal entrou na aviação executiva, experimentou, viu o que o setor tem a oferecer para eles e agora estão buscando aeronaves maiores", diz Pedro Ferreira, head de aviação da Timbro.
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