NOVA DÉLI, ÍNDIA (FOLHAPRESS) - O chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar, disse nesta quarta (16) que o país encara com "mente aberta" o debate sobre a expansão do Brics, bloco com Brasil, Rússia, China, África do Sul e, claro, Índia.
O ministro de Relações Exteriores afirmou ainda ter uma "visão positiva" sobre o tema, mas destacou que qualquer processo de ampliação do grupo precisa seguir critérios para preservar a natureza do bloco.
"Temos a mente aberta sobre o tema, uma visão positiva. Mas obviamente alguns critérios precisam existir, no sentido de que precisamos de normas para fazermos a nossa avaliação", disse Jaishankar em entrevista em Nova Déli a um grupo de jornalistas estrangeiros, da qual a Folha de S.Paulo participou.
Brasil e Índia são vistos como os países que mais resistem a aceitar novos membros no Brics -a ampliação é um projeto liderado pela China e conta com o apoio de Rússia e África do Sul.
No início de agosto, porém, a agência de notícias Reuters reportou que Nova Déli poderia flexibilizar sua posição contra a expansão. O governo brasileiro, por sua vez, tem destacado em reuniões que o momento é de acertar os critérios que balizariam o movimento. A retórica brasileira é apontada por alguns diplomatas estrangeiros como uma forma de o país mascarar sua oposição à entrada de novos sócios.
Jaishankar disse ainda que é importante preservar a natureza do bloco, por meio de "mecanismos de avaliação, normas a partir das quais julgaremos potenciais candidatos". "Porque existe um número muito grande de países que expressou interesse em se juntar ao Brics, e teremos que decidir como priorizar."
Nações como Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes Unidos e Venezuela já manifestaram interesse em integrar o grupo, visto como um contraponto a outros blocos políticos e econômicos formados por potências do Ocidente, já que o Brics é constituído por países considerados em desenvolvimento.
"Existe outro fator importante: consensos. O Brics sempre funcionou a partir do consenso, e qualquer decisão que tomemos precisa de consenso", disse o chanceler. "Vamos trabalhar no nível de conforto de todos os demais. Teremos discussões entre as delegações, mas no final é preciso ter consenso."
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