SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar caiu 0,32% e fechou cotado a R$ 4,855 nesta segunda-feira (18), com investidores aguardando decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil, ambas marcadas para quarta (20).
Já a Bolsa brasileira começou o dia em alta, mas reverteu os ganhos e passou a operar em queda durante a tarde pressionada pelas ações da Vale. O Ibovespa terminou a sessão em baixa de 0,39%, aos 118.288 pontos.
Sobre a política de juros, o mercado local já dá como certa a manutenção do ritmo de queda da Selic (taxa básica de juros do Brasil), de 0,50 ponto percentual por reunião.
Nos EUA, porém, ainda há dúvidas. Nesta semana, as taxas americanas devem ser mantidas em 5,50% ao ano, mas novas pressões sobre a inflação e dados econômicos fortes no país aumentaram as apostas de que novas altas de juros neste ano podem ser necessárias.
"O Fomc [comitê de política monetária dos EUA] deve manter os juros inalterados, mas parte do mercado parece estar acreditando que essa manutenção será temporária. Para a reunião seguinte, o mercado vê 30% de possibilidade de um aumento, um valor minoritário, mas relevante", diz a equipe da Guide Investimentos.
Nesta segunda, o boletim Focus, do Banco Central (BC), apontou queda nas expectativas de inflação para o fim de 2023. Agora, os economistas consultados pela autoridade monetária projetam o IPCA em 4,86%, contra 4,93% no relatório anterior.
A mudança ocorre após a divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto, que veio abaixo do esperado e mostrou boas sinalizações sobre o processo de queda de inflação no Brasil, como o arrefecimento da alta de preços no setor de serviços, que vinha mostrando resiliência.
Na ata de sua última reunião de política monetária, em agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que deve manter o ritmo de cortes da Selic em 0,50 ponto percentual, afirmando que os próximos passos devem ser dados com cautela e que o ciclo de desinflação do Brasil ainda não está completo.
Após a divulgação do IPCA de agosto, porém, cresceram as apostas de que cortes de juros mais agressivos podem ocorrer neste ano.
"Acreditamos que a dinâmica mais benigna da inflação de serviços, assim como a esperada desaceleração da economia (que deve ficar mais evidente ao longo da segunda metade do ano), devem permitir cortes maiores a partir de dezembro, bem como um ciclo [de redução] mais profundo", afirmam analistas do Itaú.
Para a reunião desta semana, no entanto, a expectativa do mercado ainda é de uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic, que deve cair a 12,75% ao ano.
Já nos EUA, temores sobre uma nova alta de juros ainda persistem, em especial após a elevação dos preços do petróleo observada nas últimas semanas com um corte de produção promovido por Rússia e Arábia Saudita.
O mercado americano é praticamente unânime ao afirmar que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve manter os juros dos EUA inalterados nesta semana. Para as próximas reuniões, porém, ainda há dúvidas, e parcela significativa dos analistas já prevê um novo aumento nas taxas americanas até o fim de 2023.
"A chave para a reação dos mercados será se o banco central irá combater as expectativas do mercado de que o ciclo de cortes começará no início do próximo ano", disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
Como ponto positivo, a inflação americana também mostrou sinais de arrefecimento. Apesar de ter acelerado, o CPI (índice de preços ao consumidor americano) de agosto veio em linha com o esperado e apontou queda em seu núcleo, que exclui do cálculo preços mais voláteis, como de alimentos e energia.
Com a manutenção das expectativas de que, pelo menos por ora, os juros americanos não devem subir, o dólar registrou queda na última semana e segue com essa tendência nesta segunda.
Sinalizações de alta de juros nos EUA costumam apoiar o dólar, pois aumentam os rendimentos dos títulos americanos e, consequentemente, atraem recursos para o país. Na lógica contrária, se há expectativa de redução -ou manutenção- das taxas americanas, a tendência é que o dólar perca força.
"Caso os membros do Fed mantenham as portas abertas para um possível novo aumento de juros em 2023, o dólar pode encontrar suporte, embora os níveis elevados da moeda americana no exterior sugiram que o terreno para uma recuperação é limitado", afirma Moutinho, da Ebury.
Em compasso de espera sobre as decisões de juros, a Bolsa brasileira operava em leve queda puxada pelas ações da Vale, que caíam 1,17% em dia fraco para o minério de ferro no exterior. A Energisa, que também estava entre as mais negociadas da sessão, tinha baixa de 1,94% e também pressionava o Ibovespa.
Na ponta positiva, a Bolsa era apoiada principalmente pela Petrobras, que registrava ganhos de 0,38% em suas ações preferenciais e de 1,05% nas ordinárias em dia de alta do petróleo no exterior.
A maior alta da sessão era da Yduqs, que subia 6,07%, em recuperação após quedas significativas nos últimos pregões.
Logo em seguida, aparecia a Braskem, com alta 5,33% após a Petrobras ter divulgado que está avaliando os ativos da petroquímica em meio a negociações sobre uma possível compra de controle da companhia.
Como mostrou a coluna Painel S.A, da Folha de S.Paulo, as negociações entre a Petrobras e a estatal árabe Adnoc envolvendo a compra do controle da Braskem, hoje nas mãos da Novonor (ex-Odebrecht), têm avançado.
"O Ibovespa operou em um intervalo mais estreito e rondando a estabilidade na maior parte da sessão, por um lado com a alta de ativos ligados ao ciclo econômico doméstico, enquanto houve a queda de ações do setor de commodities e de grande peso no índice", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Já nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street permaneceram estáveis nesta segunda-feira, com algumas ações de megacapitalização e de chips em queda na preparação para a decisão do Fed sobre juros.
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