NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ainda não é possível estimar quando o Brasil será capaz de começar a reduzir a dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), ainda que o novo arcabouço fiscal assegure a geração de superávits primários.
"A dúvida que hoje ocupa a mente dos economistas é quando vai ser possível oferecer uma trajetória sustentável, de qual o limite da dívida pública que teremos nos próximos anos", disse ele em um evento na Universidade Columbia, em Nova York, nesta segunda-feira (18).
"Existe uma controvérsia se o governo será capaz de entregar os resultados pretendidos --em relação a quando, e não se vai acontecer. Todo mundo sabe que vai acontecer."
Para o ministro, o marco fiscal aprovado neste ano pelo Congresso assegura que as despesas públicas vão crescer menos que as receitas nos próximos anos. Contudo, o desafio de zerar o déficit nas contas públicas não depende apenas do Governo Federal.
Para Haddad, decisões do Judiciário, do Legislativo e do Banco Central, em relação à taxa de juros, terão um impacto relevante sobre o tempo que o país vai levar para equilibrar as contas.
O desafio, enfatiza Haddad, é acelerar o processo. "Quanto mais cedo obtivermos resultado, mais cedo a economia vai decolar de forma sustentável", disse.
Segundo o ministro, o Brasil tem condições de crescer acima da média mundial e com qualidade superior do ponto de vista ambiental. "Podemos efetivamente crescer de forma sustentável."
BRASIL PODE SER O DATACENTER DO MUNDO, DIZ MINISTRO
"Não gostaria que o Brasil fosse o país que tem como tarefa apenas guardar a floresta", disse Haddad, Ministro da Fazenda, no evento organizado pela The Nature Conservancy, em Nova York.
Segundo ele, nesses oito meses de governo, o desmatamento da Amazonia caiu 48%. "Mas o Brasil é mais do que essa tarefa."
Nos três eventos em que participou desta segunda-feira, Haddad repetiu que o país tem capacidade de dobrar sua produção de energia limpa, com o propósito não só de descarbonizar sua economia, mas também ajudar outros países.
Essa ajuda viria em duas formas: com a exportação de energia limpa e com a produção de produtos "verdes".
Citando o exemplo do México, que exporta produtos manufaturados para os Estados Unidos, Haddad disse que o Brasil poderia se tornar um fornecedor sustentável de produtos para a economia américa.
"Há coisas que podem ser produzidas no Brasil, até porque o México não tem uma matriz verde, matriz energética verde como nós. Então, o aspecto crucial é que nós possamos explorar mais possibilidades sem as amarras típicas dos acordos bilaterais e multilaterais", disse Haddad no encontro.
As indústrias de aço, têxtil e até de tecnologia poderiam se beneficiar nessa produção sustentável, disse.
"Você sabe que um grande consumo de energia vai acontecer para manter os dados que são utilizados no planeta inteiro. Os datacenters podem se localizar no Brasil, por exemplo. Vão ter energia limpa para suprir esses datacenters que consomem uma enormidade", disse Haddad à Folha de S.Paulo.
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