SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar operava em queda no início das negociações desta sexta-feira (22), devolvendo ganhos num dia de ajuste após forte alta da sessão anterior.

No acumulado da semana, porém, a moeda americana deve registrar valorização, impulsionada pelo tom duro adotado pelo Federal Reserve, banco central americano, sobre as próximas decisões de juros nos Estados Unidos.

Às 9h39, o dólar caía 0,30%, cotado a R$ 4,919.

Na quinta (21), a Bolsa brasileira registrou forte queda, puxada pelo exterior após sinalizações de novos aumentos de juros nos EUA e com frustração do mercado sobre os próximos passos da política monetária no Brasil. O Ibovespa encerrou o dia em baixa de 2,14%, aos 116.145 pontos.

A perspectiva de aperto nas taxas americanas também deu força ao dólar, que teve alta de 1,12% e fechou a sessão cotado a R$ 4,934.

Na quarta (20), o Copom (Comitê de Política Monetária) realizou um corte de 0,50 ponto percentual na Selic (taxa básica de juros), numa decisão sem surpresas. Em seu comunicado, no entanto, o comitê adotou um tom mais duro e sinalizou que os próximos cortes devem ser da mesma magnitude, frustrando expectativas do mercado sobre uma possível aceleração do ritmo.

No mesmo dia, o Fed manteve os juros na faixa entre 5,25% e 5,50%, mas divulgou um compilado de projeções que mostra que a maioria das autoridades do Fomc (comitê de política monetária americana) prevê uma nova alta de 0,25 ponto percentual ainda este ano.

Após a divulgação da decisão do Fed, as Bolsas americanas, que registravam alta pouco antes do anúncio, reverteram os ganhos e terminaram o dia caindo.

Após a divulgação do Copom, os juros futuros, que embutem as perspectivas da Selic, registravam alta significativa, especialmente nos prazos mais longos. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 iam de 10,48% para 10,56%, enquanto os para 2027 saíam de 10,39% para 10,52%.

"A redução de juros aqui já era esperada pelo mercado. Com isso, o discurso hawkish do Fed de ontem acabou ganhando protagonismo nas cotações dos juros futuros no Brasil", diz Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.

Nesse cenário, a Bolsa brasileira operou o dia inteiro em forte queda puxada principalmente pela Vale, que caiu 2,53%, também pressionada pelo recuo do minério de ferro no exterior.

O movimento de aversão ao risco do pregão desta quinta também afetava Petrobras e PetroRio, que recuaram 1,60% e 4,35%, respectivamente, mesmo em dia de alta do petróleo. Ambas ficaram entre as mais negociadas do pregão.

As maiores quedas da sessão, no entanto, foram das "small caps", empresas menores e ligadas à economia doméstica --e, portanto, mais sensíveis ao movimento de juros. Magazine Luiza, Grupo Soma e Arezzo tombaram 6,74%, 6,70% e 5,71%, respectivamente, e o índice que reúne essas companhias na B3 caiu 2,59%.

Entre as poucas altas do dia, a Suzano subiu 2,04% e foi a líder de ganhos da sessão após anunciar um reajuste de celulose de eucalipto. A Klabim, outra empresa do setor, também teve um dia positivo e subiu 0,50%.

"A valorização do dólar beneficiou as ações do setor de papel e celulose, visto que a alta da moeda norte-americana costuma beneficiar as companhias exportadoras", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Além disso, a Sabesp teve alta de 2,03% com avanços de seu processo de privatização, e a Natura subiu 1,95% após a entrada de duas novas empresas nas negociações de venda da The Body Shop.

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