SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu nesta quinta-feira (21), aos 74 anos, a ex-diretora do Banco Central Tereza Cristina Grossi, que comandou a divisão de fiscalização do órgão entre os anos 2000 e 2003.
Grossi morreu de infarto em casa por volta das 15h. O velório está previsto para começar às 21h desta sexta (22), em São Paulo. O enterro será em Itajubá (MG), sua cidade natal.
A ex-diretora foi a primeira mulher a assumir um cargo na cúpula do BC. Em nota publicada nesta sexta, o órgão lamentou a morte de Grossi, destacando sua "contribuição valiosa" no processo de modernização e profissionalização dos trabalhos da área de supervisão.
"A diretoria do Banco Central expressa seus sinceros sentimentos de pesar aos familiares, amigos e colegas de trabalho de Tereza", disse o BC.
Nascida em Itajubá, Grossi entrou no BC na década de 1980, por meio de concurso público para o cargo de auditora.
Após 15 anos como servidora, ela foi nomeada para a diretora de Fiscalização em março de 2000, durante a gestão de Armínio Fraga, que se empenhou pessoalmente para que seu nome fosse aprovado em sabatina no Senado.
Isso porque Grossi era apontada como uma das envolvidas na operação de salvamento dos bancos Marka e FonteCindam, que ocorreu em 1999.
Na época, o Banco Central vendeu dólar mais barato às instituições com o objetivo de zerar perdas e evitar a liquidação dos dois bancos. O argumento era de que havia risco de a crise contaminar outras instituições financeiras e desencadear quebras em sequência.
A ajuda, porém, não evitou a quebra dos bancos e ainda causou prejuízo bilionário aos cofres públicos -o que se transformou num dos maiores escândalos da história do BC.
Durante a operação de salvamento, Grossi era chefe interina do departamento de fiscalização, e mediou as negociações. Na época, o presidente do BC era Francisco Lopes.
Mesmo com as resistências, Grossi acabou sendo aprovada no Senado, tornando-se então a primeira mulher na diretoria do Banco Central.
Durante sua gestão, o BC aumentou a transparência ao spread bancário e aperfeiçoou de forma expressiva a fiscalização. Foi Grossi a responsável pela criação do REF (Relatório de Estabilidade Financeira), divulgado até hoje.
Mas, três meses após assumir o cargo, Grossi foi denunciada pelo MPF (Ministério Público Federal) por envolvimento no escândalo do Marka e FonteCindam.
As investigações fizeram com que a diretora fosse afastada da diretoria por ordem judicial em dois períodos: em agosto de 2000 e, depois, em outubro de 2001.
Em 2008, Grossi foi absolvida das acusações. A Justiça entendeu que ela apenas seguiu ordem de seus superiores, cabendo a ela tão somente a implementação técnica.
Sua saída do Banco Central ocorreu em 2003, quando seguiu direto para a iniciativa privada. Grossi atuou no Conselho de Administração do Itaú, em seguida no comitê de auditoria da B3, na Itautec, Itaúsa e Duratex.
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