SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Argentina lançou uma nova cotação de dólar nessa terça-feira (26) para beneficiar o setor petrolífero do país. Chamado de dólar "Vaca Muerta", em referência à região onde fica uma importante área de exploração de petróleo, a cotação será adotada pelos próximos dois meses.

O dólar "Vaca Muerta" usará a cotação CCL, que está em 763 pesos para um dólar americano. A Argentina tem dezenas de cotações de dólar, sendo que a oficial gira em torno de 350 pesos por dólar. A cotação paralela mais usada é o dólar "blue", que estava em 758 pesos por dólar nessa terça.

O "Vaca Muerta" será destinado apenas ao setor petrolífero neste momento, mas pode ser estendido a outras áreas. As empresas poderão trocar 25% do valor de suas exportações de petróleo e gás usando a cotação CCL. A intenção é atrair investimentos para o país e também ajudar a encerrar o cenário de incerteza do setor, o que pode beneficiar a campanha de Sergio Massa, ministro da Economia e candidato à Presidência.

"Tomamos a decisão de reconhecer 25% do que (empresas de energia) exportam e trazem para a Argentina para investir usando o valor do CCL, para que aumentem os níveis de investimento nos próximos 60 dias no setor de petróleo e gás", afirmou Massa, em um evento ao lado de executivos da petrolífera estatal YPF na província de Neuquén, no oeste do país.

O dólar "Vaca Muerta" deve ficar em vigor até 25 de outubro, três dias após a realização das eleições presidenciais, e pode ser estendido até 25 de novembro, dependendo dos resultados.

Massa acredita que a medida pode atrair até US$ 1,2 bilhão em receitas, o que ajudaria a aumentar as reservas do Banco Central e auxiliar na luta para controlar a inflação e o mercado paralelo do dólar.

A Argentina controla rigorosamente a taxa de câmbio oficial, uma vez que a taxa de inflação do país está acima de 124%, mas permite que uma variedade de setores acessem taxas preferenciais em uma série confusa de controles cambiais que críticos alegam distorcer as decisões econômicas, ao mesmo tempo em que levam milhões a fugir da moeda local, cujo valor no mercado negro caiu mais da metade somente neste ano.

Em meio a este cenário, Massa tenta reverter a liderança de Javier Milei, que foi o candidato mais votado nas eleições primárias. O ministro da Economia é o candidato do presidente Alberto Fernández. Milei defende a dolarização da economia argentina e o fim do Banco Central.


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