RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Quarta maior hidrelétrica do país, a usina Santo Antônio, em Rondônia, anunciou nesta segunda-feira (2) que interrompeu temporariamente a geração de energia devido aos baixos níveis de vazão no rio Madeira. É a primeira vez que a usina é desligada por falta de chuvas.

A decisão foi tomada em conjunto com autoridades do setor elétrico e atende a limites de operação segura da usina, que tem potência instalada de 3,3 mil MW (megawatts). "O desligamento visa preservar a integridade das unidades geradoras da hidrelétrica", disse, em nota, a Saesa (Santo Antônio Energia).

O desligamento reforça alertas de especialistas sobre os impactos da seca na região Norte para o setor elétrico brasileiro. No rio Madeira, as vazões registradas atualmente equivalem a cerca de 50% da média histórica, segundo a Saesa.

Ocorre também num momento em que a usina nuclear Angra 2, com elevada capacidade de geração, está fora do ar para reabastecimento de combustível. A usina Santo Antônio, porém, costuma contribuir menos para o sistema nesta época do ano, devido à seca na região.

Na quinta-feira (28), por exemplo, gerou 703 MW (megawatts) médios, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O valor corresponde a 0,01% da geração total de energia no SIN (Sistema Interligado Nacional) naquele dia.

O desligamento de Angra 2 em meio à onda de calor das últimas semanas fez o preço da energia no mercado livre disparar no fim da semana passada. Na quinta, o PLD (Preço de Liquidação de Diferenças) bateu R$ 259,11 por MWh (megawhatt-hora), após meses no piso de R$ 69,04.

Os impactos de curto prazo ainda são vistos como limitados e concentrados na indústria, mas o setor avalia que a alta é um sinal importante num cenário em que o fenômeno El Niño pode provocar seca nos rios da Amazônia e que, eventualmente, vai bater nos contratos de negociação de energia por indústrias.

A Saesa diz que a suspensão das operações de Santo Antônio foi alinhada com o ONS, a ANA (Agência Nacional de Águas) e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e que não impacta o fluxo natural do rio.

"Mesmo nesta condição, o rio Madeira permanecerá seguindo seu curso natural, com passagem da vazão concentrada no vertedouro principal da usina, sem qualquer impacto em seu fluxo natural", afirmou.

A hidrelétrica já havia suspendido as operações em 2014 por causa da cheia no rio Madeira. Outra grande usina no mesmo rio, Jirau, segue em operação.


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