SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após o plano de incentivo à venda de veículos novos, que resultou em picos de emplacamentos registrados entre julho e agosto, a Fenabrave (associação dos distribuidores de veículos) refez suas previsões para o ano de 2023.

A entidade projeta o emplacamento de 2,222 milhões de automóveis em 2023, um crescimento de 5,6% em relação ao ano passado. O número inclui veículos leves e pesados.

Em janeiro, a Fenabrave fez uma projeção moderada: venda de 2,105 milhões de unidades neste ano, com alta de apenas 0,1% em comparação a 2022.

"A nova previsão foi feita com análise da macroeconomia e com o umbigo no balcão", diz José Maurício Andreta Júnior, presidente da federação.

No setor de motos, a entidade acredita em um resultado ainda melhor: crescimento de 20% em relação ao ano passado, com 1,635 milhão de unidades licenciadas ao longo de 2023. A previsão anterior era de alta de 9%.

"São vários fatores que impactam nas vendas de motos, e um deles é o poder aquisitivo", afirma Andreta. "E muitos têm um carro na garagem e uma motocicleta que é usada para trabalhar."

Entre os automóveis, setembro terminou com 197,7 mil unidades vendidas, segundo a Fenabrave. O número é a soma dos emplacamentos de carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões. Em relação a setembro de 2022, houve alta de 1,9%.

No acumulado do ano (janeiro a setembro), foram vendidos 1,53 milhão de carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões. O número representa crescimento de 8,5% em relação a 2022.

A associação esteve à frente das negociações que resultaram no plano de incentivo à venda de carros novos, mas Andreta afirma que o resultado final foi bem diferente da proposta original. O executivo diz que foi entregue um outro plano para o governo, já inserido no Mobilidade Verde, que substitui o Rota 2030.

Um dos pontos abordados é a reciclagem de veículos. Representantes da entidade têm elaborado propostas sobre esse tema que são baseadas na experiência norte-americana de desmobilização de frotas.

Mas qualquer programa de aceleração esbarra na taxa de juros que incide sobre os financiamentos ?essa ainda é a principal preocupação da Fenabrave.

Embora a concessão de crédito tenha melhorado no fim do primeiro semestre, as vendas à vista seguem altas. Esses números serão atualizados pela Anfavea (associação das montadoras) na sexta (6).

A taxa de inadimplência no setor automotivo chegou a 5,4% em junho. Já foi pior, mas ainda leva os bancos a restringirem os parcelamentos.

A economista e consultora Tereza Fernandez, que faz análises de mercado para a associação dos distribuidores de veículos, acredita que a taxa básica de juros deve terminar 2023 em 11,75%.

A especialista prevê que o ritmo de cortes não será acelerado, levando a Selic a permanecer em dois dígitos ao longo de 2024, apesar da manutenção das reduções ao longo do ano.

FIAT STRADA SEGUE LÍDER; ENTRE OS ELÉTRICOS, BYD DOLPHIN QUEBRA RECORDE

A picape compacta Fiat Strada fechou mais um mês na liderança, com 12.835 unidades licenciadas. A segunda colocação ficou com o hatch Volkswagen Polo (9.515), seguido por Chevrolet Onix (8.033) e Hyundai HB20 (7.622).

Outro Onix aparece na quinta colocação: a versão sedã somou 6.788 emplacamentos. E como a sexta posição é ocupada pelo Chevrolet Tracker, a General Motors tem a linha de modelos compactos mais vendida do país.

Em relação a agosto, as vendas totais registraram queda de 4,8%. O resultado não foi considerado ruim: o último mês teve três dias úteis a menos que o anterior.

Os emplacamentos foram mais uma vez influenciados pelas locadoras, que seguem repondo os estoques. No varejo, um dos destaques foi o hatch elétrico BYD Dolphin.

Segundo o site Use Elétrico, o modelo chinês teve 1.036 unidades licenciadas em setembro sem que isso tenha significado queda nas vendas de outros modelos que não queimam combustível. Ou seja: o modelo está atraindo clientes que antes compravam carros com motores a combustão.

Trata-se de um recorde: é a primeira vez que um carro 100% elétrico ultrapassa as mil unidades emplacadas em um único mês. O fenômeno pode se repetir com a chegada do GWM Ora 3, concorrente direto do Dolphin e anunciado pelo mesmo preço (aproximadamente R$ 150 mil).


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