SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Obramax, atacarejo de material de construção controlado pelo grupo francês Adeo, tem planos ambiciosos para o Brasil: abrir 26 lojas dentro de três anos, para chegar ao final de 2026 com 30 pontos de venda no país. O investimento deve ficar entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. Parte dos terrenos será comprada e, outra parte, alugada.
"Estamos com 24 projetos em andamento: alguns com o contrato fechado, outros em fase de aprovação, outros em negociação", disse à reportagem o francês Michael Reins, presidente da Obramax, que inaugura nesta quarta-feira (8) a quarta loja da rede no país, em Piracicaba (SP). As demais estão na Mooca (na zona leste da capital paulista), Praia Grande (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
O Adeo é controlado pela Associação da Família Mulliez (AFM) ?um império com cerca de 130 marcas (como Leroy Merlin, Decathlon, Kiabi e Auchan), que emprega mais de 700 mil pessoas no mundo e fatura aproximadamente 100 bilhões de euros por ano (R$ 523 bilhões), segundo o jornal francês Le Monde.
O anúncio de expansão da Obramax não é novo: em fevereiro de 2021, a empresa já havia divulgado investimentos de R$ 1,5 bilhão para abrir 18 lojas até o final de 2025. "A pandemia atrapalhou um pouco a negociação por terrenos, durou mais tempo que o previsto", diz Reins.
O espaço de uma loja Obramax não é trivial: são cerca de 12 mil metros quadrados, sendo 5.000 para a loja, 3.500 metros quadrados para o drive-thru e 3.000 para o estoque de produtos.
"A ideia de acelerar o crescimento em 2024 é a mesma, mas o grupo Adeo está animado com as perspectivas do mercado brasileiro de construção civil, que ainda é muito fragmentado", diz Reins. O maior competidor, segundo o executivo, é a própria Leroy Merlin, com cerca de 4% de participação.
Dados da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), em parceria com o FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), indicam que o faturamento do setor foi de R$ 207,4 bilhões em 2022, com alta 2,5% em relação ao ano anterior.
Diferentemente da Leroy Merlin, um home center voltado às classes A e B com a oferta de serviços de instalação e bricolagem (montagens e reparos feitos pelo próprio público), a Obramax é focada no profissional da construção civil, que atende obras de pequeno e médio porte, e às classes C, D e E, que realizam a própria obra ou reforma.
"Nossa proposta é democratizar o acesso aos materiais de construção, oferecendo produtos entre 30% e 40% mais baratos que a média de mercado", diz Reins.
A empresa opera com a venda no atacado e no varejo, e conta ainda com uma operação de comércio eletrônico, onde é possível dividir a compra em até 12 vezes com juros de 1% ao mês. A Obramax não tem uma financeira, nem parceria com bancos para oferta de um cartão da loja.
"Percebemos que o nosso público prefere pagar à vista, especialmente se é um profissional que trabalha em mais de uma obra, para não se perder nas contas", afirma o executivo. "Fazemos de tudo para que o cliente entre, encontre rapidamente o que procura e saia da forma mais desburocratizada possível."
Na loja da Mooca, onde a reportagem esteve, o ritmo é intenso: empilhadeiras movimentando pallets dentro do ponto de venda, com grande fluxo de clientes, enquanto no drive-thru, para a retirada de mercadorias, um veículo é atendido a cada cinco minutos.
CONTROLADORES TAMBÉM SÃO DONOS DA DECATHLON
A expansão da Obramax nos próximos três anos vai ocorrer nos estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. "Ainda estamos analisando as regiões Norte e Nordeste", diz o executivo, que fala um português afiado, graças aos mais de 20 anos de Brasil. Antes da Obramax, ele trabalhou na Castorama e na Leroy Merlin.
"Sou apaixonado pelo Brasil, casado com uma brasileira, com três filhos franco-brasileiros", diz ele, que só se dedicou à bricolagem quando criança, com o avô, na França. "?Casa de ferreiro, espeto de pau?, como vocês dizem", brinca.
Este ano, a Obramax deve ultrapassar R$ 1 bilhão de faturamento, um crescimento de 22% em relação ao ano passado, segundo Reins.
Já o grupo Adeo, da família Mulliez -uma das mais ricas do mundo, que detém participação em outras redes varejistas, como a Decathlon, de materiais esportivos- informa que, em 2022, registrou vendas brutas de 31,5 bilhões de euros (R$ 165 bilhões) com negócios envolvendo a construção civil.
Com presença em 23 países, especialmente na Europa, o Adeo tem, além da Leroy Merlin e da Obramax, os atacarejos de construção Bricoman, Obramat e Tecnomat. É dono ainda da Kbane (especialista em eficiência energética doméstica), Weldom (bricolagem), Bricocenter (faça você mesmo) e Saint Maclou (pisos e revestimentos).
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