SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Todas as informações indicam que o responsável pela manobra que derrubou Sam Altman do cargo de chefe-executivo da OpenAI --startup desenvolvedora do ChatGPT, OpenAI-- foi Ilya Sutskever, 37, o cientista-chefe da empresa. Sutskever liderou os avanços em inteligência artificial necessários para dar forma ao chatbot mais acessado da internet.
Sutskever era o talento necessário para tirar a OpenAI do papel, de acordo com Elon Musk, que participou da fundação da então entidade sem fins lucrativos, junto do cientista-chefe, de Sam Altman e do ex-presidente do conselho Greg Brockman, que afastou-se do cargo após a demissão do ex-chefe-executivo.
Para isso, Musk teve de convencer Sutskever a deixar o braço de inteligência artificial do Google. À época, o Google reunia cerca de dois terços dos pesquisadores de inteligência artificial do mundo e tinha dinheiro quase ilimitado para desenvolver a tecnologia.
O dono do X, ex-Twitter, avaliou que foi um dos recrutamentos mais difíceis de toda a sua carreira, em entrevista à revista Fortune. Um dos argumentos usados por Musk foi uma suposta falta de perspectiva de segurança e responsabilidade no desenvolvimento de IA no Google, à época.
Como relata Ronaldo Lemos, colunista da Folha, ao que tudo indica, a pressa para desenvolver produtos baseados em inteligência artificial sem a cautela considerada adequada por parte da equipe foi o principal motivo para a demissão de Altman.
Há rumores de que os novos produtos lançados no último dia 6 tinham falhas de segurança, inclusive a possibilidade de vazar dados dos usuários. Isso teria levado a própria Microsoft, principal investidora da OpenAI, a suspender o uso interno de produtos da empresa.
Foi Sutskever, em pessoa, que telefonou para Altman para avisá-lo da videoconferência de desligamento. Estavam todos os membros do conselho, menos o então presidente da OpenAI, Greg Brockman. Investidores, incluindo a principal patrocinadora da startup, a Microsoft, não foram avisados até o comunicado público.
Assumiu o comando da OpenAI de forma interina a então diretora de tecnologia Mira Murati.
O movimento que derrubou o então chefe-executivo iniciou uma queda de braços. Pessoas próximas a Altman e Brockman dizem que os dois têm planos para fundar uma nova empresa de inteligência artificial e teriam capacidade de levar talentos da própria OpenAI ao novo negócio.
Além disso, os investidores da OpenAI se mobilizaram para devolver Altman ao comando da empresa. Segundo o site especializado Verge, Altman pede mudanças drásticas na governança da empresa para evitar passar pelo mesmo revés.
A OpenAI é regida por uma entidade sem fins lucrativos, que por sua vez, controla uma subsidiária com fins de lucro. É esta que tem investidores e gera dinheiro. Se isso mudasse, Sutskever e os pesquisadores que priorizam segurança e responsabilidade perderiam com o racha.
Por que Sutskever é fundamental para a OpenAI?
Canadense-israelense, nascido na Rússia, Sutskever começou a estudar inteligência artificial e modelos de aprendizado de máquina aos 17 anos sob orientação de Geoffrey Hinton, homem conhecido como padrinho da IA por ter conceituado a forma atual de inteligência artificial.
Com isso, Sutskever está há muito tempo na fronteira do conhecimento do chamado aprendizado profundo, categoria de inteligência artificial em que os dados são processados com inspiração no cérebro humano. A estrutura do algoritmo bebe no funcionamento de um neurônio, daí vem a nomenclatura "rede neural."
Sutskever foi quem cunhou a hipótese de que uma rede neural de grande escala com uma base dados de tamanho bastante poderia realizar qualquer tarefa possível a um ser humano.
Em parceria com Hinton e o também teórico de inteligência artificial Alex Krizhevsky, Sutskever desenvolveu a AlexNet, inteligência artificial capaz de reconhecer imagens e classificar tarefas que surpreendeu o mundo em 2012. O avanço, à época, foi tamanho que o Google gastou US$ 44 milhões (cerca de R$ 200 milhões) para adquirir uma empresa fundada por Hinton e seus dois alunos.
Depois de deixar o Google a convite de Musk, já na OpenAI, Sutskever percebeu que, se um modelo de inteligência artificial aprendesse a prever a próxima palavra em um determinado texto, poderia passar a se treinar por conta própria.
Esse foi o avanço essencial para criação de inteligências artificiais generativas, como o próprio ChatGPT, que gera texto.
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