SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Bradesco perde R$ 24,1 bi em um dia, novo capítulo da disputa entre Paper e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (8).
**O QUE DEU ERRADO NO BRADESCO**
O Bradesco perdeu R$ 24,1 bilhões em valor de mercado nesta quarta, dia em que o banco divulgou seu balanço e detalhou um plano de recuperação para os próximos anos ?as duas coisas desagradaram aos investidores.
A reação negativa do mercado, com tombo de 15,9% das ações preferenciais e de 13,02% das ordinárias, ilustra o tamanho do desafio que Marcelo Noronha, novo CEO do banco, terá pela frente.
Ele assumiu o cargo em novembro, no lugar de Octavio de Lazari Junior, que ficou no comando da instituição por seis anos.
O QUE EXPLICA A REAÇÃO DO MERCADO
? No balanço, o banco registrou lucro líquido de R$ 16,297 bilhões em 2023, um queda de 21,2% ante 2022 ?ano em que já havia recuado 21%.
O resultado veio abaixo das estimativas do mercado (R$ 18,09 bilhões) e teve como destaques negativos a queda na rentabilidade ?a pior desde, pelo menos, 2007? e a alta inadimplência ?que, apesar de ter caído, é maior que a dos rivais.
O banco tem maior exposição ao público de baixa renda, considerado de maior risco e cuja inadimplência tende a aumentar em ciclos de alta de juros.
No plano de reestruturação, a visão dos analistas é de que a recuperação das margens do banco vai demorar para acontecer. O próprio Noronha confirmou que 2024 será um ano de transição, e os primeiros resultados devem vir só no ano que vem.
COMO O BRADESCO PLANEJA SE RECUPERAR
- Corte de custos: eliminação de cargos executivos intermediários entre diretoria e presidência.
- Digitalização: contratação de 3 mil a 4 mil novos funcionários que serão voltados para a estrutura digital do banco, também com o objetivo de diminuir custos operacionais.
- Redução de riscos: o banco trabalha para calibrar melhor sua análise de crédito e, dessa forma, reduzir sua taxa de inadimplência sem cortar a oferta de empréstimos.
**NOVO CAPÍTULO DA DISPUTA ENTRE PAPER E J&F**
O MPF pediu à Justiça a anulação do acordo de 2017 que transfere o controle da Eldorado, empresa de celulose e papel da J&F, para a Paper Excellence.
A Procuradoria citou a lei de restrições à propriedade de terras por estrangeiros e mencionou preocupações com "soberania" e "segurança nacional", de acordo com a agência Reuters.
Em dezembro, o Incra emitiu uma nota técnica dizendo que o acordo daria à Paper o controle de 14.486 hectares de terras rurais pertencentes à Eldorado e que ela precisaria pedir ao Congresso Nacional aval para tal aquisição.
O que diz a Paper: que adquiriu um complexo industrial de celulose e que "não tem interesse em comprar ou explorar terras rurais no Brasil".
O que diz a J&F: que está pronta para cumprir a recomendação do Incra e devolver R$ 3,77 bilhões à Paper Excellence em troca de uma participação de 49,41% na Eldorado.
Os últimos acontecimentos são novos episódios de uma das maiores disputas judiciais corporativas em curso no Brasil. Ela envolveu acusações de extorsão, roubo de emails, espionagem e hackeamento de servidores.
De um lado está a Paper, de origem canadense e malaia, de propriedade do bilionário indonésio Jackson Wijaya. Do outro a J&F, holding dos irmãos Batista.
ENTENDA
O acordo para a Paper comprar da J&F a Eldorado por R$ 15 bilhões foi fechado em setembro de 2017.
Após resolver pendências da empresa com fundos de pensão, estatais e fazer parte do pagamento pela compra, a companhia estrangeira ficou com 49,41% das ações.
Ela tinha um ano para liberar as garantias dadas pelos Batista em dívidas da Eldorado e ficar com os 50,59% restantes.
A J&F alega que a rival não cumpriu o combinado e perdeu o prazo para liberar as garantias.
Para a Paper, a holding não colaborou com as negociações (quebrando regra do contrato) e deliberadamente trabalhou para atrapalhar a concretização do negócio.
**IPHONE DOBRÁVEL?**
A Apple retomou os planos de lançar um smartphone com tela que dobra, publicou o site Information nesta terça.
Mas não espere a novidade para um futuro próximo. A empresa ainda tenta encontrar um modelo que encaixe em seus padrões de qualidade e não deve fabricar o dispositivo para o público pelo menos nos próximos dois anos.
O QUE SE SABE
- A Apple procurou pelo menos um fabricante na Ásia atrás de componentes para iPhones dobráveis de tamanhos diferentes;
- Os engenheiros da companhia tiveram dificuldades com o design porque o dispositivo pode quebrar facilmente;
- A ideia é desenvolver um smartphone tão fino quanto os modelos atuais do iPhone, mas ela esbarra no tamanho de bateria e em alguns componentes de tela.
Não é a primeira vez que a maior fabricante de celulares do mundo pensa em fabricar modelos dobráveis. Os primeiros planos surgiram em 2018, mas eles foram suspensos em meio a dificuldades de design e dúvidas sobre sua durabilidade.
Desde então, porém, os lançamentos da Samsung ?versões Fold e Flip? ajudaram a aumentar a credibilidade sobre esses modelos e trouxeram outras fabricantes para o mercado. Entre elas, estão o Google a as chinesas Huawei e Oppo.
EM NÚMEROS
- 21 milhões de celulares dobráveis foram vendidos em 2023, segundo o grupo de pesquisa IDC.
- 48 milhões de unidades é a projeção do instituto para esses modelos em 2027.
**UNIÃO DE GIGANTES**
ESPN, Fox e Warner Discovery anunciaram que irão lançar uma plataforma conjunta de streaming esportivo para os consumidores dos EUA.
Juntas, elas detêm os direitos de transmissão das principais modalidades do país, como a maioria dos jogos da NFL (futebol americano), NBA (basquete), MLB (beisebol) e NHL (hóquei) e dos esportes universitários.
- Também estão no catálogo a Fórmula 1, a Copa do Mundo de 2026, três dos quatro principais torneios de tênis e o circuito de golfe.
Os impactos da nova plataforma?
? Para os consumidores: ficará mais fácil encontrar onde um jogo está sendo transmitido, além de pagar por apenas um serviço de streaming. O preço de assinatura, porém, não será barato.
? Para as ligas esportivas: o trio terá um poder maior para negociar a renovação dos direitos ?que hoje funcionam em uma espécie de leilão entre diferentes canais.
? Para a TV a cabo: é a maior ameaçada pelo negócio. O principal atrativo do modelo é justamente a integração de transmissões esportivas em um só lugar.
O que o Brasil tem a ver com isso? Por mais que a integração seja no primeiro momento apenas para os consumidores americanos, o modelo de negócio pode ser replicado por aqui.
A "divisão" de campeonatos que é comum por lá também já acontece aqui. São exemplos a Copa do Brasil (direitos divididos entre Globo e Amazon) e campeonatos estaduais (TV aberta, fechada e YouTube).
POR FALAR NISSO...
A Globo fechou nesta quarta a compra dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro dos clubes da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) de 2025 a 2029.
Falta um acordo com os clubes da LFF (Liga Forte Futebol), mas ainda não houve proposta formal. Explicamos aqui por que duas ligas disputam os direitos do Brasileirão no país.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER***
PIB
Dívida pública volta a subir no 1º ano de Lula, e analistas veem trajetória de alta em 2024. Indicador observado por investidores na hora de avaliar saúde das contas públicas atinge 74,3% do PIB.
BNDES
Lula diz que papel do Estado não é atender megaempresários que 'só servem para pedir bilhões'. Presidente traçou paralelo entre quem compra fiado e ricos que pedem empréstimo ao BNDES. Declaração vai de encontro à programa do governo para indústria.
CARREIRA
Maternidade ainda é grande dilema para mulheres que ambicionam cargos de liderança. Fora do campo das preocupações dos dirigentes homens, os filhos adicionam desafios para as executivas de empresas.
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!