BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira (20) a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,5 ponto percentual, de 11,25% para 10,75% ao ano.
O colegiado do BC também alterou a comunicação sobre os seus próximos passos e sinalizou um corte da mesma intensidade apenas na próxima reunião.
Isso significa que o comitê prevê uma nova redução de 0,5 ponto somente ao encontro agendado para maio, deixando de se comprometer com a magnitude dos movimentos depois disso.
A orientação dada pelo Copom sobre o ritmo de redução da Selic foi alterada com a retirada do plural no trecho do comunicado que era aguardado com grande expectativa pelo mercado financeiro.
" Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião", escreveu o comitê.
O comitê manteve nesta quarta o ritmo de cortes aplicado desde o início da flexibilização de juros iniciada em agosto do ano passado. Até agora, já foram seis reduções consecutivas na mesma intensidade.
Com isso, a Selic chegou ao menor patamar desde fevereiro de 2022, quando a taxa básica estava fixada em 9,25% ao ano.
A decisão do Copom veio em linha com a expectativa unânime dos economistas. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica era a projeção consensual do mercado financeiro.
O comitê conta, desde janeiro, com quatro diretores indicados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -Paulo Picchetti, Rodrigo Teixeira, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino-, de um total de nove membros da diretoria, incluindo o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Depois de um momento de trégua, Lula voltou a fazer pressão sobre Campos Neto na semana passada. Na ocasião, afirmou que o chefe da autoridade monetária mantém a taxa de juros alta "por teimosia" e que ele contribui para o "atraso do crescimento econômico" do país.
Nas últimas semanas, os dados mostraram um cenário de atividade econômica mais forte. Também persistem dúvidas quanto à trajetória da inflação de serviços subjacentes -que refletem a dimensão de alta de preços relacionada ao mercado de trabalho e a reajustes salariais.
Além disso, houve aumento de incerteza quanto ao início do ciclo de redução de juros nos Estados Unidos -o que poderia recomendar maior cautela do BC na condução da política monetária doméstica.
No acumulado em 12 meses até fevereiro, a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), atingiu 4,5% -teto da meta perseguida pelo BC.
A partir deste ano, a meta de inflação definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
Com os efeitos defasados da política monetária sobre a economia, o BC passa a mirar com cada vez mais ênfase o alvo fixado para 2025, quando terá início o modelo de meta contínua após mudança no sistema de metas de inflação.
O Copom volta a se reunir nos dias 7 e 8 de maio para recalibrar o patamar da taxa básica de juros.
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