A liberação da segunda parcela do 13º salário coincide com um período de aumento significativo das despesas das famílias brasileiras. Gastos típicos de fim de ano, como presentes, viagens, confraternizações e ceia, se somam a compromissos financeiros que chegam logo em janeiro, entre eles IPVA, IPTU, matrículas escolares, mensalidades e reajustes de serviços. A combinação pode pressionar o orçamento e levar ao endividamento já no início de 2026.

Segundo o administrador e professor da Estácio, Fábio Carvalho, a principal causa desse desequilíbrio é a falta de planejamento. De acordo com ele, muitos consumidores tratam dezembro como um mês atípico e deixam de considerar os impactos financeiros imediatos do início do ano seguinte. Esse comportamento, afirma, compromete o orçamento dos meses seguintes e dificulta o controle das finanças.

O especialista destaca que o primeiro passo para evitar excessos é listar previamente todos os gastos sazonais. Entre eles estão despesas com presentes, amigo secreto, viagens, roupas, festas e ceia. A visualização do total permite decisões mais conscientes e reduz o risco de consumo impulsivo.

Outro ponto de atenção é o uso do 13º salário. Para o professor, o recurso não deve ser tratado como dinheiro extra para consumo. A recomendação é destinar parte do valor ao pagamento de dívidas com juros mais elevados e outra parte à organização das despesas fixas que vencem no início do ano. A falta dessa reserva, alerta, costuma levar ao uso de crédito com custos mais altos.

Carvalho também chama atenção para a concentração de despesas em janeiro, como tributos, material escolar, seguros e mensalidades. Segundo ele, reservar antecipadamente, ainda que parcialmente, valores para esses compromissos reduz a necessidade de parcelamentos longos ou empréstimos.

Ferramentas simples de organização financeira, como planilhas, aplicativos e recursos oferecidos por bancos digitais, também podem auxiliar no controle do orçamento. Entre as opções citadas estão as chamadas “caixinhas”, que permitem separar valores por objetivo específico, como impostos, educação ou emergências.

No consumo de fim de ano, o especialista recomenda comparar preços, priorizar pagamentos à vista quando houver desconto real, estabelecer limites para presentes e evitar parcelamentos prolongados. Para ele, o controle financeiro está diretamente relacionado à definição de prioridades e ao consumo planejado.

Para 2026, a orientação é iniciar o ano com metas financeiras básicas, como formar uma reserva, revisar contratos e acompanhar regularmente as despesas mensais. Segundo Carvalho, a educação financeira é um processo contínuo e contribui para maior autonomia e estabilidade ao longo do ano.

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