O ritmo da vida moderna tem provocado reflexos no hábito de leitura dos brasileiros. A Pesquisa Retratos da Leitura, realizada em 2024 pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ministério da Cultura e divulgada neste ano, apontou redução de cerca de 6,7 milhões de leitores no país em quatro anos. Entre os motivos citados estão a falta de tempo, o desinteresse pelo hábito e a preferência por outras formas de entretenimento, como o consumo de conteúdos nas redes sociais.
A escritora e pedagoga Carollini Graciani afirma que é possível resgatar o interesse pela leitura, mesmo entre quem nunca concluiu um livro. “A leitura colabora para criatividade, enriquecimento pessoal, vocabulário, raciocínio e interpretação. A primeira dica é não escolher um clássico ou o livro do momento, mas algo que desperte interesse. Se você gosta de cozinhar, pode começar com culinária, ou optar por leituras simples, como quadrinhos e mangás”, orienta.
No próximo 29 de outubro, é celebrado o Dia Nacional do Livro. Para quem deseja iniciar o hábito, Carollini recomenda:
- Estabeleça metas realistas, como 15 minutos ou 10 páginas por dia.
- Não se sinta culpado ao abandonar um livro que não agradou.
- Utilize recursos tecnológicos, como audiobooks, leitores digitais e aplicativos.
- Crie uma rotina, definindo horários e um ambiente confortável.
- Evite distrações, deixando o celular longe durante a leitura.
- Lembre-se: todo hábito pode ser construído com constância.
Incentivo desde a infância
Segundo a pedagoga, também professora do curso de Pedagogia da Estácio, o contato com livros deve começar cedo. “A criança leitora surge pelo exemplo familiar. Presentear com livros e ler uma história antes de dormir ajuda. Mas, se os pais não têm esse hábito, ele se torna mais difícil de ser construído nos filhos”, observa.
Para bebês, livros com texturas, sons, imagens e materiais resistentes já estimulam o interesse. “Mesmo que a criança apenas manipule ou morda o objeto, o contato é fundamental”, completa.
Impacto econômico e público jovem em eventos literários
Além de fomentar a leitura, grandes eventos também movimentam a economia. Uma análise sobre o impacto econômico da Bienal do Livro Rio 2025 apontou circulação de R$ 1,18 bilhão na economia fluminense. Coordenado por Samuel Barros, reitor do Ibmec Rio de Janeiro, o estudo entrevistou 2.897 pessoas e identificou impactos em diferentes setores: R$ 553 milhões no comércio, R$ 200 milhões em hospedagem e R$ 163 milhões em alimentação.
O levantamento ainda revelou o chamado “turismo literário”: 76% dos visitantes de fora do município afirmaram ter viajado exclusivamente para a Bienal e 62% pretendem retornar à cidade nos próximos 12 meses.
“A Bienal atrai cada vez mais o público jovem: 81% têm até 34 anos. Eles buscam os livros que desejam e movimentam toda a cadeia, desde editoras até o mercado hoteleiro”, explica o pesquisador.
Carollini destaca que eventos literários também funcionam como espaços de conexão. “Eles permitem que leitores vejam de perto seus autores favoritos. Além disso, comunidades digitais migram para o mundo físico, criando momentos de socialização. Muitos escritores jovens e influenciadores literários impulsionam essa presença”, avalia.
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