Sobre o exercício da prática docente
Na década de 1980, altamente efervescente nos questionamentos sobre a competência profissional do professor, educadores brasileiros renomados criticavam a formação recebida para o exercício da prática docente.
Pode ser citado Warde (1986) que expressa: “Hoje não se forma nem para aquilo que seria minimamente necessário ao professor da escola elementar: a capacidade de ensinar as técnicas de escrita, leitura e cálculo”.
Esses educadores enfatizavam a necessidade de um suficiente preparo em pedagogia, em didática a fim de que o professor pudesse oferecer um ensino mais adequado e eficiente. A competência faz com que o professor saiba resolver problemas existentes nas diversas situações de sala de aula. E, se as situações de ensino variam, a expressão da competência varia. Daí dizer que competência não é algo que se possa mensurar.
A competência do professor baseia-se naquilo que pode fazer mais do que simplesmente no que ele sabe ou diz que poderá fazer em determinada situação de ensino (RAMALHO, 1977). No entender de Medley (1982), essa competência se refere ao repertório de conhecimentos, habilidades e crenças que um professor possui e traz para as situações de ensino. A competência do professor é concebida como uma matéria de repertório. Uma competência definida em termos daquilo que o professor sabe, acredita ou pode fazer e não em termos daquilo que o professor pode levar a fazer.
Alves (1986), por exemplo, acentua que atualmente “o professor não sabe o que ensinar e nem tem o que ensinar” ( o que parece ir ao encontro de muitas realidades atuais). O professor que sabe ensinar, certamente, terá como resultado aprendizagem e/ ou desenvolvimento do aluno.
É impossível fazer bem alguma coisa sem saber fazer. Professor competente é aquele que possui a capacidade, os conhecimentos, as atitudes e as habilidades necessárias para desenvolver, de maneira adequada, o processo educativo.
Em suma, a competência do professor deve abranger o que Candau (1982) denomina de multidimensionalidade do “fazer pedagógico”, isto é, os aspectos humano, técnico e político-social. Para essa autora (1985), a dimensão humana faz com que a prática pedagógica seja voltada para o desenvolvimento do aluno de maneira integral e harmoniosa: visa sua realização pessoal. O aspecto técnico confere maior objetividade, orientando o professor no “como fazer” do trabalho pedagógico. E o enfoque sócio-político torna a prática do professor contextualizada, historicizada, propiciando-lhe a conscientização sobre o “por que” fazer de sua prática.
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