SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de São Paulo realiza nesta sexta-feira (12) uma ação de busca e apreensão em endereços de lideranças do SindMotoristas (sindicato dos motoristas e cobradores de SP).

Conforme a polícia, a operação visa reprimir célula de organização criminosa que, supostamente, atua dentro da representação sindical. Um dos investigados é o deputado federal cassado José Valdevan de Jesus Santos, o Valdevan Noventa (PL-SE).

Segundo a Polícia Civil, a investigação apontou que dentro do sindicato há várias práticas criminosas, entre elas ameaça, extorsão, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e ocultação de bens e capitais.

Tal delitos não só prejudicariam o sindicato como acarretariam em prejuízos aos cofres públicos, uma vez que o transporte da capital é subsidiado pela prefeitura, segundo a polícia.

A reportagem procurou o SindMotoristas, mas até a publicação do texto a instituição não havia se pronunciado.

Os dez mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça estão sendo cumpridos em endereços na capital e Taboão da Serra, na Grande São Paulo, e num haras em Arauá, em Sergipe, berço político de Vandevan.

A operação denominada Chapelier é coordenada pela 1ª Delegacia Seccional Centro, com empenho de 52 policiais civis e 20 carros policiais caracterizados e descaracterizados.

Líder dos motoristas e cobradores, Valdevan Noventa foi cassado por abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral de 2018.

Segundo o processo que provocou a cassação do mandato, integrantes da equipe de Valdevan aliciaram dezenas de moradores de Estância e Arauá, em Sergipe, para simular doações ao então candidato.

"O perfil dos doadores era incompatível com o valor doado, uma vez que vários eram beneficiários do programa Bolsa Família e alguns deles confirmaram ter apenas emprestado o número do CPF para operação financeira", disse o TSE ao divulgar a cassação.

Foram feitas mais de 80 doações de R$ 1.050 na mesma agência bancária, o que despertou o alerta sobre a possibilidade de fraude. O Ministério Público Eleitoral ajuizou uma ação de investigação judicial eleitoral, que confirmou a irregularidade.

Valdevan afirma ter sido o único deputado federal eleito por Sergipe a não receber recursos dos fundos partidários ou eleitoral. "Com isso, as doações realizadas após as eleições foram para cobrir as dívidas da campanha, sem qualquer intenção de ferir as regras eleitorais", disse.

Empresas de ônibus Em junho, duas operações realizadas pela Polícia Civil de São Paulo no intervalo de uma semana revelaram a suposta ligação de duas empresas de transporte público da capital com criminosos da facção PCC. Elas não são, porém, as únicas companhias contra as quais pesam suspeitas.

De acordo com integrantes da Polícia Civil, do Ministério Público e do setor de transporte público ouvidos pela Folha na ocasião, ao menos outras duas empresas, com contratos com o município, são suspeitas de terem elos com a quadrilha. Somadas, elas são responsáveis pelo transporte de cerca de 840 mil passageiros ao dia na capital, segundo dados da SPTrans de 2022.

Esse contingente representa cerca de 12% de todos os passageiros do sistema público na capital diariamente, de um total de cerca de 7,2 milhões ao dia, em média, e uma frota de 11.925 ônibus.


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