SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Julia Gama, 29, teve uma experiência transformadora gravando "Amores que Enganam", série que o canal pago Lifetime estreou no último sábado (6). O curto período que ela passou no México, onde as filmagens aconteceram, significaram o começo de um novo ciclo.

A Miss Brasil 2020 tinha uma semana de trabalho no país, mas acabou se encantando. Emendou uma participação no reality La Casa de los Famosos (espécie de Big Brother só com celebridades), onde conheceu o ator Rafael Nieves, com quem engatou um namoro, e não voltou mais.

"Realmente, nos últimos meses, a minha vida teve uma grande reviravolta", comentou em bate-papo com jornalistas para promover a série, do qual a Folha de S.Paulo participou. "O México roubou meu coração, quero trabalhar aqui, meu namorado é daqui, então tudo corroborou para que eu ficasse no país."

Segundo lugar no Miss Universo (a melhor colocação de uma brasileira no concurso desde 2007), ela deixa de lado a polêmica de ter sido desconvidada para passar a coroa a sua sucessora no ano passado -ela diz que por ser anitbolsonarista, a organização do Miss Brasil afirma que ela descumpriu cláusulas do contrato- e afirma que a mudança foi propiciada pela forma como foi tratada nos bastidores da série, que marca sua estreia como atriz.

"Olha, eu acho que tem muito a ver com a maneira como os mexicanos me receberam", avalia. "Eu me apaixonei à primeira vista, porque o México tem um calor latino parecido com o do Brasil, então eles fizeram eu me sentir em casa."

De cara, ela diz que ficou surpresa com o profissionalismo das gravações. "A gente consome muito conteúdo produzido aqui, mas eu nunca tinha visto o pessoal em ação, trabalhando", conta. "Para mim, foi uma experiência incrível e fez com que eu visse que quero continuar aqui, quero explorar mais esse mercado, que é tão rico e tão potente."

Gama diz que o fato de ser um projeto internacional, com atores de diversos países, também foi algo que chamou sua atenção. "Eu acredito muito nessa força que os latinos têm quando estão unidos", diz. "O brasileiro, muitas vezes, é excluído das produções latinas porque a gente não fala espanhol, então, quando é possível a gente trabalhar junto, isso me enche de orgulho."

Na série, ela vive a melhor amiga de Amanda (Sophia Abrahão), que acaba se envolvendo em um relacionamento tóxico. A cada episódio, a trama e o elenco são trocados. O episódio com a participação das brasileiras será reprisada no sábado (13) às 15h10 e também está disponível no streaming do canal.

"É muito bonito ver essa união feminina, né?", diz sobre as personagens. "Isso de uma amiga poder olhar para a outra e enxergar ela, para além da situação que está acontecendo naquele momento. Eu definitivamente não acredito que o que nos acontece nos define, se não o que nós fazemos com isso."

Ela lamenta que, muitas vezes, as mulheres sejam criadas para competir entre si. "É uma coisa relativamente recente isso de a gente conseguir promover essa empatia, essa união feminina", comenta. "Acho isso essencial, porque só assim podemos falar dos temas que nos afligem para poder passar por eles e sair fortalecidas."

No de uma relação abusiva como a mostrada na série, ela diz que só outra mulher vai conseguir entender plenamente o que está se passando na mente da pessoa assediada. "É uma vivência muito única das mulheres, os homens têm outras vivências", afirma.

A brasileira diz acreditar que expor essas situações não colocam a mulher em uma situação de fragilidade --muito pelo contrário-- e aproveita para falar de sua experiência com o assunto. "Como mulher, também não passei imune disso, de sofrer assédio, de estar em relacionamentos tóxicos", lamenta.

"Acredito que a chave para conseguir passar por tudo isso, sem deixar que essas situações nos bloqueiem de viver as coisas bonitas do amor, é o autoconhecimento", avalia. "Quando você sabe quem é, quando você sabe dos seus valores, é mais difícil que uma pessoa possa abalar a sua autoestima dessa maneira."

"Eu vejo que os relacionamentos tóxicos acontecem quando nós estamos fragilizadas", continua. "E aí o outro tem um poder muito grande de manipulação, de controlar a maneira como a gente se sente. Então, a minha mensagem para todas as mulheres é que se fortaleçam em quem são, no valor que elas têm como profissionais, como mulheres, como amigas, como pessoas..."

"Eu acredito que, quanto mais fortalecidas e mais unidas como mulheres, mais força nós temos para lidar com essa situações", finaliza. "É isso que eu desejo para todas as mulheres: que se conheçam bem para não aceitarem menos do que elas merecem e que, se precisarem, não tenham vergonha de buscar ajuda."


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