SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Avançar até as quartas de final de uma Copa do Mundo pode parecer um objetivo relativamente modesto. Mas não para a seleção japonesa.

Desde sua estreia em Mundiais, em 1998, na França, o Japão iniciou uma série de sete participações consecutivas, alternando entre eliminações na fase de grupos e nas oitavas de final nas seis anteriores.

Nesse caminho, algumas quedas foram mais sofridas. Talvez a maior delas tenha sido em 2002, quando o país organizou a Copa junto com a Coreia do Sul.

Em casa, os japoneses sonharam alto. Alguns atletas chegaram a citar o título. Mas a "aventura", como definiu à época o francês Philippe Troussier, então treinador da equipe, "acabou bem antes."

No estádio localizado em Miyagi, no Japão, os donos da casa tiveram sua pior exibição naquela edição do Mundial e foram derrotados pela Turquia, por 1 a 0.

Para um país que estava apenas em sua segunda Copa, não dá para dizer que foi um fiasco. Em 1998, em sua primeira participação, foram três derrotas (Argentina, Croácia e Jamaica).

Em 2002, como prova de evolução, o país passou pela primeira fase invicto, com vitórias sobre a Rússia e a Tunísia e um empate com a Bélgica.

Apenas 20 anos depois de ter criado sua liga na nacional, a J. League, fundada em 1992 e com sua edição de estreia em 1993, o Japão já fazia frente a países com mais tradição no futebol.

As classificações para as Copas seguintes -Alemanha (2006), África do Sul (2010), Brasil (2014) e Rússia (2018)- também foram provas da força que o país alcançou entre as seleções asiáticas.

Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo deste ano, no Qatar, o Japão teve a melhor campanha da segunda fase -na qual estreou-, com oito vitórias em oito jogos. Na terceira e decisiva fase, ficou em segundo no Grupo B, apenas um ponto atrás da Arábia Saudita.

Em 13 jogos disputados neste ano, entre Eliminatórias, o torneio de seleções organizado pela Federação de Futebol da Ásia Oriental e amistosos, os japoneses acumulam oito vitórias em 13 jogos. Foram, ainda, três empates e duas derrotas.

Com alguns resultados expressivos, como triunfos sobre Austrália, Paraguai, Gana, Coreia do Sul e EUA, o Japão embarca para o Qatar com a esperança de fazer sua melhor Copa do Mundo e chegar às quartas.

O técnico Hajime Moriyasu, contudo, reconhece que não será uma tarefa fácil. A formação japonesa está no Grupo E, ao lado de Alemanha, Costa Rica e Espanha.

"Precisamos ser capazes de funcionar e competir independentemente de quem está em campo", afirmou o treinador. "Não podemos vencer fazendo as mesmas coisas que fizemos nos últimos seis torneios."

Moriyasu é justamente um dos mais pressionados pela imprensa japonesa a fazer algo diferente no time. O treinador tem sido criticado por não armar um time mais ofensivo, mesmo com jogadores de destaque, como Takumi Minamino, dono da camisa 10 e a maior estrela do elenco.

Jogador do Monaco, ele fez dez gols nas Eliminatórias e tem sido peça chave na formação do comandante japonês. O atacante Mitoma Kaoru, 25, que joga pelo Union Saint-Gilloise (BEL), emprestado pelo Brighton & Hove Albion (ING), é outro que vem se destacando na seleção japonesa.

Os dois reforçam uma importante característica do elenco japonês que será levado ao Qatar, com a maioria dos jogadores convocados para a seleção atuando fora do país. Entre os atletas que tiveram mais espaço com Moriyasu na seleção neste ano, 16 deles atuam no futebol europeu.

A experiência deles poderá ser decisiva para o país alcançar seu objetivo de superar o trauma das oitavas e fazer a melhor campanha de sua história em uma Copa do Mundo.


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