SÃO PAULO, SP, E MILÃO, ITÁLIA (UOL/FOLHAPRESS) - O Brasil negou a extradição do ex-atacante Robinho à Itália, onde ele foi condenado a nove anos de prisão por estupro de uma mulher albanesa em 2013. A informação foi publicada primeiro pela agência italiana "Ansa" e confirmada pela reportagem junto ao Ministério da Justiça italiano.
A recusa se deu com base no artigo 5º da Constituição brasileira, que proíbe a extradição de cidadãos brasileiros. Em contato com a reportagem, uma fonte do Ministério da Justiça da Itália afirmou que a pasta exigirá que Robinho cumpra sua pena no Brasil. "A Itália pedirá que o Brasil reconheça a sentença italiana, que já foi traduzida e enviada ao país", disse o representante do governo italiano. A Itália acredita que não será necessário abrir um novo processo penal contra Robinho na Justiça brasileira, o que poderia atrasar a punição ao ex-jogador.
O pedido de extradição feito pelo governo italiano havia sido divulgado no início de outubro, quase nove meses depois da confirmação da sentença de Robinho pela Suprema Corte do país europeu.
A reportagem entrou em contato com o advogado Alexander Guttieres, que defende o ex-jogador na Itália, mas ele afirmou que foi orientado a não comentar o caso. Jacopo Gnocchi, advogado da vítima de Robinho, criticou a decisão do governo brasileiro de não extraditar Robinho: "Essa era uma resposta previsível. Conhecíamos a Constituição brasileira, mas o que nos sensibiliza é que nesse caso específico um instrumento que deveria defender o cidadão foi usado como escudo para fugir da condenação e para obter impunidade. Agora esperamos que a pena seja executada no Brasil, mas sem que haja a necessidade de se fazer um outro processo para isso".
Procurado pela reportagem, o Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil afirmou que não comenta casos específicos, "mas a Constituição Federal veda extradição de brasileiros natos", informou a pasta.
O ex-atacante e seu amigo Ricardo Falco foram condenados pelo estupro de uma jovem albanesa em 22 de janeiro de 2013, quando a vítima tinha 22 anos de idade. O caso já transitou em julgado e não há possibilidade de recurso.
A mulher estava na mesma boate que Robinho e cinco amigos dele, em Milão, mas só se juntou ao grupo após a esposa do então jogador do Milan voltar para casa.
Segundo a acusação, Robinho e seus amigos ofereceram bebida à vítima até "deixá-la inconsciente e incapaz de se opor". De acordo com a reconstrução feita pelo Ministério Público, o grupo levou a jovem para um camarote da boate e, se aproveitando de seu estado, praticou "múltiplas e consecutivas relações sexuais com ela".
Os outros quatro envolvidos no caso não foram encontrados pela Justiça da Itália e não puderam ser processados. Eles voltaram ao Brasil antes que os investigadores os encontrassem.
Em uma conversa telefônica grampeada, Robinho disse ao amigo Jairo Chagas, que o alertara sobre a investigação: "Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu".
"Olha, os caras estão na m****. Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei naquela garota. Vi os outros f***** ela, eles vão ter problemas, não eu. Eram cinco em cima dela", afirmou.
No entanto, após Chagas dizer que havia visto Robinho "colocar o pênis dentro da boca" da vítima, ele respondeu: "Isso não significa transar". Os advogados do ex-jogador alegam que ele é inocente e que a relação foi consensual.
Recentemente, o ex-atacante usou suas redes sociais para declarar apoio à reeleição de Jair Bolsonaro na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou vencendo a corrida pela Presidência.
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