SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nos meses que antecedem uma Copa do Mundo, tudo o que as seleções querem é calmaria. Evitar lesões dos jogadores e afastar polêmicas em torno do time é parte fundamental da preparação.
O Marrocos, porém, não conseguiu desviar de uma turbulência às vésperas do Mundial no Qatar.
No começo de agosto, cerca de três meses antes do início do torneio no Oriente Médio, a Federação Real Marroquina de Futebol anunciou a demissão do técnico Vahid Halilhodzic. A entidade justificou a decisão sob o argumento de "diferenças de opiniões".
A saída dele, contudo, não causou surpresa. Já havia um grande desgaste com alguns jogadores do time, sobretudo com uma das estrelas do elenco, o atacante Hakim Ziyech, 29, do Chelsea (ING), acusado pelo treinador de não se dedicar nos treinos e nos jogos.
"Os jogadores que selecionei são os melhores do país. Eu não escolho um jogador que possa desequilibrar o grupo. Nem mesmo se o nome dele for Messi. O comportamento de Ziyech não se encaixa", disparou.
O jogador não recebeu bem as críticas do comandante e anunciou que abandonaria a seleção de seu país. "Sinto pena pelos torcedores, mas essa é a situação", disse o atleta em fevereiro deste ano.
O conflito com os marroquinos, porém, não é um fato isolado na trajetória do técnico bósnio. O histórico também pesava contra ele.
Halilhodzic foi demitido da seleção da Costa do Marfim meses antes do início do Mundial na África do Sul. O comportamento dele foi, ainda, o motivo pelo qual a seleção japonesa o dispensou após a classificação para a Copa da Rússia.
Ao menos ele conseguiu ter um trabalho memorável em uma Copa do Mundo. O grande feito dele ocorreu à frente da Argélia, que deu trabalho para a Alemanha nas oitavas de final de 2014. O jogo se estendeu até a prorrogação, mas os alemães venceram por 2 a 1.
O bósnio comandava o Marrocos desde agosto de 2019. Em 30 partidas à frente da equipe, ele obteve um bom desempenho, com 20 vitórias e apenas três derrotas.
Nas Eliminatórias para a Copa, não teve dificuldades na classificação. O país liderou com folga o Grupo I. Depois superou a República Democrática do Congo por 5 a 2 no placar agregado de dois jogos, garantindo a vaga para competição.
Ele também classificou o país para a Copa Africana das Nações deste ano. O choque com os atletas teve início justamente nesta competição, quando o Marrocos caiu nas quartas de final, superado pelo Egito.
Para o lugar de Vahid Halilhodzic, a federação trouxe o marroquino Walid Regragui, anunciado no cargo em setembro. De cara, a primeira missão dele foi aparar as arestas no elenco e criar uma unidade antes da Copa do Mundo.
Em sua primeira convocação, ele trouxe Ziyech de volta, além de chamar outros nomes importantes que também estavam brigados com o antigo treinador, como Mazraoui, do Bayern de Munique, e Hakimi, do Paris Saint-Germain. O trio fez parte do grupo que atuou nos amistosos contra Chile e Paraguai -a equipe africana venceu os chilenos por 2 a 0 e empatou sem gols com os paraguaios.
No Qatar, o Marrocos terá pela frente Bélgica, Croácia e Canadá. Segundo o treinador marroquino, o grande objetivo é passar da primeira fase. "Temos que ter um discurso ambicioso. Faremos de tudo para passar", disse.
O Marrocos estreou na Copa do Mundo em 1970, quando perdeu dois jogos, empatou um e acabou fora ainda na primeira fase. Esta será sua sexta participação no torneio.
As eliminações foram na fase de grupos em 1970, 1994, 1998 e 2018. Eles só passaram ao mata-mata uma vez, chegando às oitavas de final em 1986, quando perderam por 1 a 0 para a Alemanha Ocidental.
"Uma Copa do Mundo de sucesso para nós é passar da primeira fase. Não vamos mentir um para outro", resumiu o treinador marroquino.
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