SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - Uma dividida despretensiosa no lado direito do ataque. Um croata ileso. Um argentino agachado logo na continuação do lance com a mão na coxa esquerda. Angustia. Preocupação. Não era qualquer um. Era Lionel Messi.

Pregou um grande susto ainda nos primeiros minutos da primeira semifinal da Copa do Mundo de 2022 nesta terça-feira (13). Segundos de aflição que, felizmente, rapidamente desapareceram. Levantou e saiu andando quase que normalmente.

Continuou andando. Devagar. Calmo. Observando atentamente cada momento da decisão. Buscando antever a sequência de todas as jogadas ofensivas. Uma lei do menor esforço que muitos tentam, mas poucos dominam. É raro. É sábio.

Inteligentemente, deixou Julián Álvarez correr por ele. E como correu. Correu tanto que, aos trancos e barrancos, sofreu o pênalti que serviu para o camisa 10 não só fazer o que sabe de melhor, como também para colocar em prova a coxa outrora duvidosa.

Não esperou o goleiro escolher um canto. Não foi nada sutil na finalização. Encheu mesmo o pé esquerdo para abrir o placar no Lusail Stadium. Desta vez, não optou por meramente andar. Preferiu correr. Para o abraço. Para ser aplaudido.

Uma ovação com um motivo especial por trás. Atingiu onze gols em Mundiais, sendo cinco somente na edição do Qatar, e ultrapassou Gabriel Batistuta como o maior artilheiro argentino da competição - já havia deixado para trás o ídolo Diego Maradona.

Sem pressa ou afobação, seguiu jogando mais com a cabeça do que com os pés. Sereno. A vantagem no placar, especialmente depois do segundo gol, anotado por Álvarez, era o cenário ideal para tirar o pé (ou a coxa) e controlar o resultado.

Depois de ameaçar uma corrida aqui e outra ali, de calcular lá e cá, resolveu, então, acelerar. Acelerou a partida e, especialmente, os corações daqueles que acompanham tamanha generalidade individual pela quinta Copa consecutiva.

Prendeu a bola no pé, carregou com uma facilidade ímpar, entrou na área croata como quis, driblou o marcador e entregou de bandeja para Julián Álvarez, novamente ele, fechar a conta: 3 a 0. Uma assistência digna de um craque histórico. De um finalista.

Pela segunda vez, Messi coloca a Argentina numa decisão de Copa do Mundo. Uma nova tentativa de alcançar um tricampeonato que passou ao lado no Brasil, em 2014, diante da Alemanha. O tempo passou voando. O camisa 10 passou andando e, quando preciso, correndo. Acima de tudo, decidindo.


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