SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Até 19 de novembro do ano passado, a escolha do melhor do mundo pela Fifa parecia uma formalidade. Karim Benzema, astro do Real Madrid (ESP) campeão da Champions League e vencedor da Bola de Ouro, estava prestes a liderar o ataque francês na Copa do Mundo do Qatar.

Antes da estreia no torneio, ele se lesionou e foi cortado. O Mundial foi dominado por Lionel Messi, 35, que teve um desempenho para a história e comandou a Argentina para a taça, realizando o maior sonho da sua carreira. O resultado pode ter virado a mesa para a eleição do maior jogador do planeta na temporada.

O ganhador será anunciado nesta segunda-feira (27), às 17 de horas (de Brasília), com transmissão da ESPN, Star + e do canal da Fifa no YouTube.

O outro finalista é o também francês Kylian Mbappé, 24, artilheiro da Copa, com oito gols, e o segundo a anotar três vezes na final. O primeiro havia sido o inglês Geoff Hurst, em 1966.

Há componente de roteiro cinematográfico caso Messi vença. Um dos maiores jogadores da história do futebol (para Pep Guardiola, o melhor de todos) atinge seu máximo objetivo na carreira na última partida que disputou na competição mais importante do esporte.

Ele pode aumentar sua hegemonia no prêmio da Fifa. Seria seu sétimo troféu, depois de ficar em primeiro em 2009, 2010, 2011, 2012, 2015 e 2019. O segundo com mais conquistas é o português Cristiano Ronaldo (cinco).

Profissional desde 2003, Messi foi finalista do prêmio pela primeira vez em 2007. Desde então, apenas em 2018 não esteve entre os três melhores. Foi o ano em que Luka Modric, o melhor da Copa da Rússia, ganhou, em uma tendência que pode ser mantida pelo argentino, o único sul-americano eleito desde a vitória de Kaká, em 2007.

A escolha de Messi seria o restabelecimento da tendência de um vencedor da Copa do Mundo ser escolhido melhor do mundo, algo que não ocorre desde o zagueiro italiano Fabio Cannavaro, em 2006. O hiato chama a atenção por se tratar de uma eleição em que a votação, feita por capitães e técnicos de seleções e jornalistas, costuma premiar atletas de equipes que conquistaram títulos na temporada.

Em 2010 e 2014, quando foram disputados os Mundiais na África do Sul e Brasil, Messi venceu.

A história do argentino era a que Benzema poderia protagonizar. Exilado da seleção francesa entre 2015 e 2021, ele perdeu a chance de ser campeão mundial de 2018 por ser acusado de participar de extorsão contra Mathieu Valbuena, seu colega de elenco. Ele voltou de forma surpreendente para a Eurocopa de 2021 e prometia uma dupla de ataque mortal no Qatar ao lado de Mbappé.

Isso durou até a lesão. Um dia após a consagração de Messi em Lusail, Benzema anunciou que não atuaria mais pela seleção.

Não ganhar seria mais uma experiência de "quase" para Mbappé desde que conquistou a Copa de 2018 e foi escolhido o melhor jogador jovem na Rússia.

Ele falhou em sucessivas tentativas de fazer o Paris Saint-Germain levantar a Champions League. Ele é o astro principal de um time de valor bilionário, que tem Messi e Neymar no ataque. Errou o pênalti decisivo que eliminou a França na Eurocopa de 2021. Brilhou no Qatar e resgatou sua seleção do que parecia ser uma derrota certa na final, para se decepcionar na disputa de pênaltis.

O mais jovem entre os finalistas, Mbappé sabe ter o tempo a seu favor, mas não ganhar será decepção para o artilheiro que, cada vez que vai entrar em campo, diz para si mesmo: "eu sou o melhor."

Seria diferente para Messi. Ser eleito pela Fifa seria a cereja do bolo, a coroação final de um ano dos sonhos no que talvez seja seu último com chances reais de ser escolhido. Para Benzema, seria um prêmio de consolação depois da tristeza no Qatar.

A entidade alterou o critério da eleição para este ano. Não será levada em consideração apenas a temporada anterior à eleição, mas também os seis meses da que está em andamento. Assim, os votantes devem avaliar o desempenho de jogadores e jogadoras na temporada 2021-2022 e no início da 2022-2023.

Putellas busca segunda eleição seguida no feminino Na categoria feminina, a espanhola Alexia Putellas tenta ser eleita pelo segundo ano consecutivo. Ela vai concorrer com a inglesa Beth Mead e a americana Alex Morgan.

O Brasil não tem uma finalista no prêmio desde 2018, quando Marta ficou com o troféu.

Mead foi eleita a melhor jogadora da Eurocopa do ano passado, conquistada pela pela Inglaterra. Ela também foi uma das artilheiras, ao lado da alemã Alexandra Popp, ambas com seis gols. Isso pode torná-la favorita a vencer, embora Putellas tenha anotado 34 gols pelo Barcelona na última temporada europeia. Com 11, foi a máxima goleadora da Champions League.

Alex Morgan chega à final credenciada por ter sido a principal goleadora da última liga dos Estados Unidos.


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